Homepage
Spiritus Site
Início A Fundação Contactos Mapa do Site
Introdução
Sagrados
Sugestões de Leitura
Especiais
Agenda
Notícias
Loja
Directório
Pesquisa
Marco Histórico §
Guia de Sânscrito
NEW: English Texts
Religião e Filosofia
Saúde
Literatura Espiritual
Meditação
Arte
Vários temas
Mosteiro Budista
pág. 4 de 11
Filhas e Filhos

de Ajahn Jayasaro

em 19 Abr 2021

  (...anterior) Enquanto sociedade zelosa, claro que devemos fazer tudo o que pudermos para proteger as crianças dos abusos, deixar claro o quão inaceitável o consideramos e lidar com pais culposos segundo a jurisprudência. Mas ao mesmo tempo podemos proteger as nossas mentes da raiva e do desespero recordando-nos de que estamos a ver um pequeno segmento de uma saga complexa, amplamente escondida dos nossos olhos. Levando em consideração esta verdade, talvez as vítimas de abusos sejam capazes de encontrar o seu caminho para o perdão para todos os envolvidos.

Por sorte, existem muito poucos pais que sejam completamente maus para os seus filhos. Como dizem os textos, para eles a maioria é como Deuses à imagem de Brahma, movidos por amor, compaixão e alegria rejubilante sem vacilar. Em vários discursos, o Buda ensina-nos como retribuir o imenso benefício dos nossos pais. Um dos mais conhecidos é o ensinamento chamado As Seis Direcções, que o Buda dispensou a um jovem chamado Sigalaka. Parte desse ensinamento diz:

De cinco modos, chefes de família, deve um filho atender aos seus pais como o Este (dizendo para si mesmo):
I. Tendo sido sustentado por eles, sustentá-los-ei por meu turno.
II. Ajudá-los-ei no seu trabalho.
III. Manterei a honra e as tradições da minha família.
IV. Far-me-ei merecedor da minha herança.
V. Farei oferendas, dedicando-lhes o mérito depois de eles morrerem.
(DIII.189-192)

Os ensinamentos neste discurso reflectem a estrutura ideal de uma sociedade budista. A ênfase está nas responsabilidades das pessoas umas com as outras, nas obrigações em vez de nos direitos. Hoje em dia, é animador pensar na quantidade de gente na Tailândia que tenta praticar segundo os princípios citados acima. Mas há outro discurso de que eu gostava de falar aqui, um que é bastante menos conhecido e menos praticado. Nesse discurso, o Buda diz que mesmo que um filho colocasse a mãe (§) num ombro e o pai no outro, os carregasse durante centenas de anos, lhes desse comida bem confeccionada de que eles gostassem, lhes desse banho e os massajasse, os deixasse evacuar e urinar nos seus ombros, ou lhes desse avultadas somas de dinheiro, lhes oferecesse uma posição elevada e de poder – mesmo que fizesse tudo isto pelos pais, o filho continuaria a ser incapaz de lhes retribuir apropriadamente por tudo o que eles fizeram por ele.

Contudo, se os pais têm pouca ou nenhuma fé no Dhamma e se um filho conseguir ajudar a despertar a fé dos pais, ou se os pais não praticam os cinco preceitos ou os praticam inconsistentemente e um filho poder ajudar a melhorar a conduta moral dos pais, os se um filho conseguir levar pais forretas a deleitarem-se com dar e ajudar os outros, ou ajudar os pais a desenvolver a sabedoria para ultrapassar impurezas mentais e pôr fim ao sofrimento, o filho que for bem-sucedido nestas tarefas, pode dizer-se que retribuiu verdadeiramente a dívida de gratidão que tinha para com os seus pais. São muitos os pontos a considerar neste discurso. Eu acredito que quando o Buda ensinou isto estava a brincar. Acham que não? Então imaginem-se a alimentar os vossos pais com eles sentados aos ombros. Nem precisam de pensar em cem anos, provavelmente não conseguiriam aguentar o peso deles nem cinco minutos. Algumas mães (aqui estou a pensar na minha) começavam por nem querer subir lá para cima porque podiam cair e partir um braço ou uma perna. Eu acho que o Buda usou esta enorme hipérbole porque queria que fizéssemos a seguinte reflexão: tchiii!… mesmo que eu fizesse coisas inacreditáveis como esta, não seria suficiente, quanto mais o que eu faço por eles agora. Ele queria que víssemos que é uma dívida enorme, e que por muito que nos esforcemos a cuidar dos nossos pais das formas normais, é apenas como se estivéssemos a pagar os juros da dívida. Quando estamos em dívida, o dono da dívida não está interessado em quanto pagámos no passado mas sim em quanto falta pagar no futuro. Do mesmo modo, ao considerar a nossa dívida para com os nossos pais, em vez de recordar todas as coisas que já fizemos, devemos pensar no que falta, no que ainda não fizemos.
  (... continua) 
topo
questões ao autor sugerir imprimir pesquisa
 
 
Flor de Lótus
Copyright © 2004-2024, Fundação Maitreya ® Todos os direitos reservados.
Consulte os Termos de Utilização do Spiritus Site ®