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Epicteto e a Sabedoria Estoica

de Lubélia Travassos

em 12 Nov 2021

  (...anterior) Porém, este facto não exclui a liberdade, nem a vontade do homem, mas sugere que este deve elevar-se, em razão e virtude, de modo a poder realizar a sua plena natureza humana.
Epicteto, como professor consciente da sua função, e como filósofo, sabia da importante tarefa que exercia, e que o fez continuar a exercer a sua função, principalmente depois do exílio a que se viu obrigado, e mediante a proibição do ensino de filosofia, em Roma, decretado pelo Imperador Domiciano, no ano 93 da nossa Era. Nota-se, também, em Séneca a profunda consciência que revela as crenças daquele que se dedica à Filosofia. Ser filósofo no mundo antigo é, saber da responsabilidade que cada um carrega sobre si e sobre os outros. É ter consciência clara do dever, e o filósofo estoico não se esquiva ao julgamento da sua própria consciência.

No nosso tempo, ocupar-se consigo mesmo, pode apresentar-se como apenas mais uma característica de egoísmo ético e social da nossa época. Porém, existem alternativas, pois, há e sempre houve, outros caminhos a percorrer e, mais uma vez, na voz que ecoa clamando novos rumos, a História é proclamada na Filosofia. Não obstante, os filósofos que a manifestam, são aqueles que não aceitam o esvaziamento do cepticismo e do niilismo, mas, ao contrário, creem no significado profundo da vida humana. Isso significa a incorporação no conceito de homem, que está para além do próprio homem.

Séneca, quando escreve a Lucílio (SENECA, Livro II, Carta 16, 3-5), encontramos uma oportunidade enérgica para se compreender o que era a Filosofia, no período imperial romano, e mais, o que ela ainda deveria significar, mais uma vez: «Verifica, acima de tudo, se progrediste no estudo da Filosofia ou no teu próprio modo de vida. A Filosofia não é uma habilidade para exibir em público, pois, não se destina a servir de espectáculo; a Filosofia não consiste “em palavras, mas em acções”. A sua finalidade não consiste em fazer-nos passar o tempo com alguma distração, nem em libertar o ócio do tédio. O objectivo da Filosofia consiste em dar forma e estrutura à nossa alma, “em ensinar-nos o rumo na vida, em orientar os nossos actos, em apontar-nos o que devemos fazer ou pôr de lado” […] Sem ela ninguém pode viver sem temor, nem ninguém pode viver em segurança. Vemo-nos, a toda a hora, em inúmeras situações, em que carecemos de um conselho: pois, é a Filosofia que no-lo pode dar […] Quer seja algum deus moderador do universo, que ordene os acontecimentos, quer seja o acaso que, desordenadamente, empurre aos baldões o curso da vida humana, a Filosofia deverá proteger-nos.»

Esta passagem, escrita por Séneca, no século I da nossa Era, contribui, sobremaneira, para a compreensão, do que era esta relação íntima entre a Filosofia e a construção de um procedimento existencial “de cuidado de si”, baseada, no princípio antropológico de racionalidade do logos (expresso na natureza humana) e direccionado para a felicidade (eudaimonia). É preciso salientar que o estoicismo rompe com o dualismo platónico e, também, não partilha com a visão cristã de um mundo além da Terra. O cosmos estoico é o todo (hólon). “Os estoicos costumavam distinguir o ‘todo’ (hólon) da ‘totalidade’ (pán), sendo a totalidade a soma do todo (isto é, o Kósmos) com o vazio infinito, que o envolve. Dada a crença na unidade, a continuidade e a coesão do Kósmos, eles negavam a existência de qualquer vazio dentro dele. Porém, eles propunham um vazio extra cósmico, que abrigasse as expansões e contracções cíclicas”.

A Filosofia é o saber necessário e primordial e, tanto a vida prática, como a teórica orientam, portanto, o juízo e a acção. Constituindo-se, como prescrita para o agir, e para o pensamento, a Filosofia é o saber necessário à alma (psikhé). Sem ela, não estaríamos preparados psicologicamente para os reveses da vida e, nem, suficientemente, fortalecidos na nossa personalidade moral. Por conseguinte, ela actua como uma ferramenta construtora de subjectividade e crenças, mas também, propõe a vida correcta aos indivíduos.
  (... continua) 
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