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Realização

de Maria Ferreira da Silva

em 05 Mar 2023

  Na verdade, diz-se, “o caminho faz-se caminhando”, mas eu direi “o caminho faz-se realizando”. Sem a realização consciente do caminhar, não se pode ir a direito: tropeça-se constantemente. Esse tropeçar é em si próprio; nos orgulhos, na vaidade, na negligência, no convencimento de que sendo já muito evoluído não precisa de fazer mais nada, ou que tudo se pode conciliar, tal como o mundo mundano, submerso em vícios e hábitos perniciosos sem atender à transformação e ao mundo espiritual. A agudeza mental e a inteligência observadora que resultam da prática da meditação e pela qual se obtém a realização espiritual, sem dúvida, dá um profundo entendimento sobre a vida, bem diferente do pensamento enraizado no viver vulgar. Podendo ver um pouco mais adiante e sem pretensões, pois o que escrevo resultou de exigências de um caminho espiritual muito próprio, onde não me poupei a esforços nem a contemplações inúteis, proponho-me desvendar certos conceitos desvirtuados sobre a vida espiritual e principalmente sobre a iluminação.

Hoje em dia tudo se quer rápido, e no que toca à caminhada espiritual há uma ânsia generalizada para obter experiências que deem de imediato a iluminação, tão desejada pelos seus poderes especiais (que se imagina), mas principalmente, para que se obtenha o rápido reconhecimento dos outros da sua suposta iluminação. Pura ignorância! Há de facto, conceitos e ideias absolutamente exagerados, bem longe da verdade quanto à iluminação ou mesmo quanto ao caminho que a ela leva.

A iluminação, tal como a entende a maioria das pessoas, como sendo um estado mágico super-humano, onde se sabe tudo e todos se curvam à sua eminente sabedoria é algo absolutamente fora da realidade espiritual. A iluminação realiza-se gradualmente, numa prática de vida espiritual consciente, onde antes de mais é necessário o autoconhecimento. Portanto, as iluminações vão acontecendo, produzindo o alargamento de Consciência, que por sua vez, se vai obtendo com as realizações espirituais no interior de si próprio, sendo necessário também o conhecimento (estudo, leitura, esta principalmente pois é o legado de sábios já realizados espiritualmente), para compreender de uma forma consciente e segura o que lhe acontece, para que essas realizações não passem desapercebidas, podendo perder-se uma grande parte do seu valor e objectivo.

Mas afinal o que é a iluminação? A iluminação é um estado de Consciência assente na Compreensão da Verdade. E o que é a Verdade? O Conhecimento inteligente de Deus, Ser Supremo ou Divino. Muitos fogem de entender isto, renegando Deus (demasiado frustrados pelo Deus tão malbaratado das religiões) mas na realidade, a Graça, o Nirvāṇa ou o Samādhi é o estado de conhecimento dessa Verdade. Contudo, a Verdade, não é saber tudo, como algo adquirido intelectualmente, como uma enciclopédia do saber, mas aquilo que na realidade se obtém interiormente pelo desbravar do caminho espiritual para se obter a iluminação que é o real conhecimento de Deus. E chamem-lhe Unidade, Nirvāṇa; Samādhi ou outras designações, mas quem o obtém sabe e, sabe também quantas dificuldades teve de ultrapassar para chegar a esse entendimento e estado.

A iluminação que consta de sucessivos graus iluminativos, não é o final do caminho, mas sim, o começo então da Libertação. Até porque, em determinado estado, onde já se “vê” que a Verdade é Deus, subsistem ainda dúvidas pela simplicidade dessa realidade; afinal tão presente sempre intuitivamente na humanidade como uma meta a atingir, mas poucos a conseguem realizar, habituados que estão não só a negá-Lo, como a imaginá-Lo e, esta imaginação reforça a ilusão quanto à evidência e simplicidade dessa Realidade.

O esforço no caminho da iluminação é exigido apenas pela purificação que tem de acontecer ao nível da mente, para a limpar de conceitos e obstáculos de personalidade que se formaram com atitudes e ideias erradas, quer nesta vida, quer nas anteriores e que subsistem, senão as erradicarmos com a pureza e a honestidade que essa Realidade ou Verdade requer para ser obtida ou simplesmente readquirida. Por isso, o caminho se faz realizando, ou seja, sublimando as nossas próprias emoções e desejos, desbravando defeitos que são parte de uma vivência negligente a que a maioria das pessoas se habituou na senda da lei do menor esforço. Olhar para dentro, ver como se é na realidade e assumir a transformação, dá trabalho, e se não houver um apelo interno quanto ao objectivo a atingir, debilita-se a determinação e os passos tornam-se indecisos, podendo mesmo a pessoa desviar-se.

A iluminação ou os graus iluminativos que se vão realizando, também nos vão dizendo o quanto ainda precisamos de andar para atingir a plenitude total, como sinais (aviso) da meta a atingir quanto à Libertação.
  (... continua) 
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