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Os Evangelhos 2005 Comentados

de Firmamento Editora

em 27 Jul 2006

  (...anterior) É apenas um desequilíbrio entre aquele que semeia e aquele que vai ao lugar e colhe... Terei colhido? Terás colhido as vezes sem conta que olhei para as sementes e as deixei pelo caminho e as pisei?... Nos celeiros pedregosos, procurarás talvez a minha voz. Quererás saber porquê armazenar o que não sei... Só então te poderei dizer que escutei, por isso, armazenei. Também relevarás o pó das sementes. O pó que as tornava luzidias e suficientemente fortes para as estações da morte. Mas pó nenhum apagará a vida da semente, e tu dirás mais vezes: ‘Avança na vida, não inclines a morte na árvore...’. E eu saberei argumentar falando das quatro estações sem saber praticamente nenhum movimento de nenhuma das quatro. Mais uma vez, falaremos prodigiosamente a fala das parábolas como uma mãe (§) que limpa os olhos ao filho e tem o mesmo frio que o agasalho que lhe deu no Inverno em que ficou despida. E, mais uma vez, terás de me explicar o milagre das estrelas (§), o segredo das noites, a respiração assustada dos braços certos e meigos. E explicarás, outra vez. Outra vez. E todas serão inúteis na surdez das noites confusas. Insistirás nas histórias em que se molham os pés e se vai em direcção ao mar, não obstante, todas as mudanças das marés...

Preciso que me acredites. Preciso de acreditar.
Lançarás, então, a semente da solidão para eu desistir primeiro, para ser incompreensível demais o que quero. E eu chorarei. Sentada à beira-mar como tu fizeste ao pescador ou no tecido negro desses cereais que se assemelham a montanhas azuis ou a tempos difíceis nas serras de neves paradas e verdadeiras.
Chorarei porque sei que em nenhum dia me vou parecer contigo. Nunca trarei as tuas rugas no meu corpo e tudo o que me derem, em vez de ti, será pó: um ligeiro descanso entre dois intervalos de tudo recomeçar quando acaba.

Nesse momento, vou apanhar as sementes antigas, e tu reafirmas: ‘Há quanto tempo foi a última vez que nos vimos?’. E eu terei vergonha das marcas, das sebes crescidas. E eu ali estática na raiz. Pedirás notícias das sementes que rapidamente se tornaram velhas e inúteis. Pedirás uma justificação para o que depressa se desfez na nossa casa. E eu chorarei. Ainda assim, saberás que te amo da mesma maneira que as coisas redondas e perfeitas. Incendiarei as tuas sementes de afecto e compreenderei que nada se compara contigo. E que aconteceu, uma vez, amar-te, por acaso. E ser verdade... Ficarão perdidos os dias em que não juntámos as nossas sementes brancas e de leite. Ficarão intransponíveis no quintal, sobre vigas de ferro, no tijolo, na mina onde nasceu um bebé sem braços que abraçava a mãe nas pedras como a alegria que escorregou das nossas mãos. Irei, então, avidamente recuperar a alegria, depois a figueira, depois o berço magoado da mãe mineira que adoeceu a olhar o bebé, sem braços, na mina de muitas pedras trazidas por homens com braços. Laranjas tombadas no chão, na mina, biberões serenos e ternos no musgo, nos vales, e eu saberei... Saberei que era só um instante, o instante em que guardavas os meus brinquedos no teu baú e na mina onde vivia o menino sem braços... Estranhamente, virão até mim mais homens esquecidos, completamente esquecidos da última vindima e da abundância das macieiras onde as maçãs eram todas para eles. Cheios de maçãs, nas tábuas do chão, dirás ao homem dos braços fortes o trabalho que não fez na página do seu livro e no castanheiro, na cerejeira que mede mil cuidados quando as cerejas inquirem a dose de amor... Calcorreando até me encontrares, atraiçoou-te. Atraiçoam-te mais uns tantos e até a menina da mercearia que não sabe fazer bem contas... Subitamente, aprenderás a rezar do mesmo modo que eu, a fazer contas do mesmo modo que a menina da mercearia que não conta contigo para as suas contas e erra no troco. Aprenderás a fazer promessas com as sementes que lanças. Sem amargor. Sem ressentimento. Só com o amieiro junto ao rio. “Acompanharei os teus sucessivos erros...”, dirás. “Sobre a terra, ver-te-ei descontente”, pensarás.
  (... continua) 
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