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Filosofia Árabo-Islâmica

de Adel Sidarus

em 06 Nov 2006

  (...anterior) Averróis

As primeiras traduções
Até então, princípios do século IX (III da Hégira), nos territórios do império árabo-muçulmano, a filosofia, à semelhança das ciências naturais e exactas, era apanágio dos não-muçulmanos, sejam eles de língua grega, siríaca, persa ou mesmo árabe. Em Bagdade e no resto da Mesopotâmia, eram cultivadas especialmente por cristãos nestorianos ou jacobitas, às vezes de pura estirpe árabe. Serão eles os grandes tradutores da época, tradutores do grego ou do siríaco, tradutores e comentadores, verdadeiros filósofos, médicos ou cientistas. Foi-lhes confiada a direcção do Bayt al-Hikma, a já mencionada Academia da Sabedoria de Bagdade. Foram eles os verdadeiros mestres dos muçulmanos na ciência lógica, e na medicina, até ao século XI. O primeiro e o maior de todos foi sem dúvida Hunayn ibn Ishaq (lat. “Johannitius”, 808-873). No mesmo século, temos Yûhannâ Ibn Mâsawayh (“Mesue”, m. 857). No século X, destaca-se Yahyâ Ibn ‛Adî (893-974) – que foi o maior teólogo cristão de língua árabe – e, no século seguinte, Abû l-Faraj Ibn al-Tayyib (“Benattibus”, m. 1043).

O que se traduzia? Qual é o tipo de filosofia grega que se transmitia e que serviu de ponto de partida para a reflexão filosófica no Islão?
Com a excepção dos pré-socráticos, a quase totalidade do pensamento grego: platonismo, aristotelismo, estoicismo, neopitagorismo, neoplatonismo. Só que estas doutrinas chegaram em geral através da síntese aristotélica ou reformuladas pelo peripatetismo alexandrino. Já o notámos no relato do sonho do califa, Aristóteles era considerado o corifeu dos pensadores da Antiguidade, e a sua filosofia, o ponto de chegada perfeito do movimento intelectual grego. O próprio neoplatonismo, tão perto da perspectiva e sensibilidade religiosa, não foi apreendido na sua originalidade primeira, mas antes sob o ponto de vista aristotélico. Em sinal contrário, foi atribuída ao Estagirita uma série de textos neoplatónicos que mascararam a real oposição entre o idealismo platónico e o positivismo e naturalismo aristotélicos: caberá a Averróis (§) de Córdova, já no declínio da sociedade islâmica, dissipar o mal-entendido.

Em tudo isto se nota bem a mão dos compiladores e grandes comentadores da Baixa Antiguidade, como Alexandre de Afrodísias, Proclo ou Temístio. Lembremos também a figura de Galeno, o expoente máximo do eclectismo e da fusão entre filosofia e ciências naturais, conduzindo a um profundo humanismo (o corpus árabe das suas obras integra textos perdidos no original grego!). Também a tradição gnóstica, carregada das ideias herméticas nascidas no Egipto (§) e das concepções místicas do Irão e da Índia, era conhecida e apreciada pelos muçulmanos dos séculos VIII-X.
A referência às grandes civilizações da Antiguidade leva-nos a lembrar uma verdade histórica. Na senda das conquistas de Alexandre Magno (mais de três séculos antes da nossa era) criara-se uma cultura comum a toda essa zona e na qual se fundiram os vários legados existentes. A cultura científico-filosófica grega, ou melhor “helenística”, que foi transmitida ao Mundo islâmico, era já fruto desta simbiose...

Correntes do pensamento filosófico
Agora, como é que os pensadores muçulmanos assimilaram, adaptaram e desenvolveram tudo isso? Quais eram as suas escolas e doutrinas? O que trouxeram de novo ou de original para a filosofia universal?
Podemos distinguir, esquematicamente, três grandes escolas ou, antes, correntes filosóficas no Islão.
A primeira, e sem dúvida a mais bem elaborada e a que teve maior impacto nas gerações futuras – tanto islâmicas, como cristãs ou judias... – foi o neoplatonismo. Segue-se à época das grandes traduções em Bagdade e tem o seu expoente máximo na figura multifacetada de Avicena (Ibn Sînâ). Desenvolveu-se, em especial, no Oriente islâmico (Irão, Mesopotâmia, Síria), sem nunca deixar de estar subjacente a todo o pensamento filosófico árabe. Não esqueçamos também o seu impacto na primeira escolástica europeia cristã (séc. XII).
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