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Filosofia Árabo-Islâmica

de Adel Sidarus

em 06 Nov 2006

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Tendo em conta o que se disse acerca das origens imediatas do movimento filosófico na sociedade islâmica, pode-se adivinhar os contornos desse neoplatonismo islâmico: uma síntese harmoniosa e integrada (ou seja, não se trata de mero sincretismo), uma síntese de metafísica neoplatónica greco-alexandrina, de ciência da natureza, de raiz também grega, e de misticismo oriental – o todo fecundado por uma lógica aristotélica de par com uma revelação religiosa caracterizada por um monoteísmo absoluto e transcendental.

Os seus grandes mentores – como já referimos – foram Abû Yûsuf al- Kindî (ca. 796-873), Abû Nasr al-Farâbî (870?-950) e Abû ‛Alî Ibn Sînâ (980-1037). Se o primeiro pertenceu à aristocracia árabe de Bagdade – e é dum certo modo o único filósofo muçulmano plenamente árabe! – os dois outros foram persas ou, pelo menos, de língua e cultura persa. Al-Farâbî nasceu no Turquestão, mas veio estudar e ensinar em Bagdade e transferiu-se, nos últimos anos da sua longa vida, para Alepo, no Norte da Síria. Ibn Sînâ nasceu na Transoxiana e nunca deixou os confins do Irão Oriental.
Al-Kindî (lat. “Alchindius”) era muito ligado aos meios “mu‛tazilitas” – a já mencionada primeira escola teológica muçulmana, cuja doutrina foi imposta pela força a toda a comunidade islâmica por um breve, mas decisivo, lapso de tempo. Ele e al-Farâbî foram os verdadeiros fundadores da filosofia islâmica, tendo sido apodados, o primeiro de Faylasûf al-‛Arab (“Filósofo dos Árabes”) e o segundo de Faylasûf al-Islâm (“Filósofo do Islão”). Ambos abordaram todo o espectro das ciências filosóficas então transmitidas, mas não exerceram qualquer profissão, enquanto que Ibn Sînâ foi médico exímio, a nível da teoria e da prática, e exerceu, por várias ocasiões, cargos políticos cimeiros. Al-Kindî representava o intelectual puro, al-Farâbî, o verdadeiro “sábio” (hakîm; vivia como um asceta) e o genial e prolífero Ibn Sînâ, que morreu com apenas 57 anos, era um misto de homem pragmático, de trabalhador, de intelectual brilhante e de filósofo místico.

A filosofia deste trio “sagrado” baseia-se, em traços largos, numa ontologia que distingue a essência da existência em todos os seres, com a excepção de Deus, princípio primeiro e único de ambas as ordens do Ser. Nele, e apenas nele, há perfeita identidade entre essência e existência. Mercê deste pressuposto fundamental, o qual acautela claramente o princípio da transcendência divina, conseguiu-se recuperar a teoria da emanação do neoplatonismo alexandrino, nomeadamente a ideia base da continuidade cosmológica entre o Universo e a sua causa primeira. Os seres são “possíveis”, quer dizer, têm uma existência possível, se considerados “em si”, mas são “necessários” na perspectiva do seu Princípio último, o qual é “necessário per se”.
Um outro tema capital do neoplatonismo islâmico diz respeito à teoria do conhecimento: conhecimento de Deus em relação aos seres particulares, conhecimento do homem em relação ao Universo e ao Deus transcendental. Esta questão está intimamente ligada a uma outra cuja solução lhe fornecerá elementos de resposta. A filosofia árabe rejeita, de um modo geral, o postulado lógico-filosófico da criação a partir do nada (ex nihilo). Mas então, como conciliar a sagrada transcendência divina e o princípio filosófico segundo o qual do uno, da simplicidade absoluta, pode apenas provir uma entidade igualmente una? A solução foi mais ou menos encontrada através de teorias complicadas de processões sucessivas de uma série de “intelectos” (‛aql-s), cada um com a sua esfera própria, a partir do Intelecto primeiro. Estas processões ou emanações forneceram as bases da cosmologia, mas também da teoria do conhecimento, da revelação profética e da experiência mística. Desenvolveu-se também a importante doutrina do “intelecto agente” (al-‛aql al-fa‛‛âl) e o seu papel na intelecção humana, bem como na explicação racional da imortalidade da alma.
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