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A Índia e o Afeganistão na Antiguidade

de Krishna Mohan Shrimali

em 29 Mar 2007

  (...anterior) No verso encontramos o nome do rei Agatócles na escrita grega enquanto no reverso encontra-se o nome do rei na escrita brahmi como Agathuklayesa. Algumas outras moedas de Agatócles também empregaram a escrita Kharosthi cuja utilização era bastante comum na região da Índia do noroeste, como é óbvio da sua utilização nas versões dos éditos sobre rochedos de Aśoka (§) em Shahbazgarhi e Mansehra.

A singularidade destas três drachmas de Agatócles deriva-se do facto que provavelmente são as mais antigas representações antropomórficas de duas divindades populares do panteão vishnuita, isto é, Vasudeva Krishna e o seu irmão mais velho Samkarshan Balarama.
Foi possível identificá-los graças à especificidade dos símbolos nas mãos das duas figuras. O deus no verso, que tem um hala (arado) em miniatura na sua mão esquerda e um musala (pilão) na sai mão direita é Samkarshan Balarama. O deus representado no reverso tem um grande chakra (roda/disco) de seis raios, que é o símbolo mais característico de Vasudeva Krishna. O objecto na sua mão direita é talvez um shankha (concha), que, juntamente com o chakra, normalmente caracteriza Vasudeva-Vishnu.

Ambas as divindades são adornadas por um xaile e uma tanga e os seus pés são separados. No flanco esquerdo vê-se uma grande bainha numa posição oblíqua e o xaile esconde o copo da espada contida dentro. Um chapéu (ou talvez um capacete guarnecido de tufo) coroa as cabeças de ambas as divindades. O ar bélico que o capacete e a bainha conferem aos irmãos é pouco vulgar e talvez seja devido à prolongada influência grega nesta região. Os vestidos e os compridos sapatos em bico são parecidos com os das descrições de Nearchus, cerca de 150 anos antes de Agatócles. Ao descrever indianos no Punjab vestidos da mesma maneira, ele fala de “um chiton de linho comprido até à barriga da perna, com os ombros envoltos num pano”. Nearchus também ficou impressionado pelo gosto de indianos ricos por sapatos. Conta-nos que “calçam sapatos brancos ricamente adornados, com as solas tingidas em cores diferentes e muito grossas para parecerem mais altos”.

Agatócles foi o primeiro rei indo-grego a emitir moedas bilingues e com as duas escritas. Foi sem dúvida uma decisão corajosa. Aparentemente, ao fazê-lo, fez uma decisão ciente de não apenas se proclamar rei dos povos da região na própria língua deles e nos dois dialectos que utilizavam, mas também encontrou espaço nas suas moedas para imagens dos seus deuses (a escolha de Vasudeva Krishna e Balarama sendo uma manifestação da sua sensibilidade para as tradições locais), e não hesitou em encarregar uma casa da moeda local com a cunhagem destas moedas. Mesmo que fossem motivos políticos que influenciariam esta decisão, o facto que Agatócles publicamente demonstrou a sua predilecção para a civilização indiana pela introdução de divindades estrangeiras no panteão oficial do estado reflecte as transacções culturais entre os povos do vale do Oshus e os que habitavam na região ao este do rio Indo.

Dada a importância estratégica de Ai Khanoum em termos de sua proximidade aos recursos minerais, as rotas (§) comerciais e aos centros de oásis na região, um estudo das moedas é importante não apenas para a história política e sócio-religiosa mas, ao mesmo tempo, também nos fornece uma perspectiva do comércio da época. As facetas multidimensionais das actividades humanas frequentemente reuniram as antigas regiões da Índia moderna e o Afeganistão numa rede íntima. O Geographike Huphegesis, escrito em cerca do século II d.C. faz menção de Arachosia (a região de Kandahar) como sendo “a Índia branca”.
O peregrino chinês, Hsuan-tsang que viajou extensivamente no subcontinente no segundo quartel do século VII, visitou Ka-pi-shih (Kapisha, actualmente chamado Begrem, nos arredores de Kabul). Na opinião do famoso arqueólogo Alexandre Cunningham, nessa época o país “devia ter incluído todo o Kafiristão, juntamente com os dois grandes vales de Ghorband e Panjshir”.
  (... continua) 
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