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Mosteiro Budista
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Entrevista com Ajahn Sundara

de Spiritus Site

em 10 Mai 2007

  (...anterior) Não havia espaço para descansar em si próprio e eu tinha que estar bastante presente e desperta, em cada momento, porque estava a viver com várias pessoas. A dada altura fui colocada na posição de monja sénior e isso foi realmente difícil pois aí passamos a ser vistas como uma autoridade, com todas as dificuldades e desafios que acompanham essa posição.
Após viver quinze anos na comunidade passei um período maravilhoso de dois anos e meio numa floresta, vivendo na maioria das vezes sozinha. Durante esse período a experiência mais memorável que vivi, foi quando passei um mês entre a fronteira de Burma e Tailândia, numa floresta tropical. Vivia debaixo de uma rede mosquiteira sobre uma plataforma de bambu, com um pequeno riacho que passava por detrás e outro que passava diante de mim. Estava bastante isolada, a cerca de 30 minutos de distância de onde os monges viviam e a 20 minutos da colina onde morava a família que cozinhava para a comunidade. Vivendo e meditando nesta remota floresta intacta foi uma experiência de importante abandono, uma profunda experiência de liberação. De certa forma eu sabia que se por um acaso adoecesse ou algo acontecesse, não haveria maneira de chegar a um hospital. O que eu experienciei nesta situação foi muito diferente do que eu esperara. Antes de eu ir para este lugar foi-me dito que esta floresta era habitada por elefantes, tigres, panteras, ursos, cobras e todo esse tipo de animais selvagens. Eu interrogava-me se eu seria capaz de enfrentar com êxito tudo isto! Eu lembro-me de pedir ao Buddha (§) em mim «por favor que eu não me depare com nada que eu não seja capaz de receber com Metta (amor e serenidade)». Parece que resultou! Tudo o que vi foram algumas cobras aqui ou ali, pequenas criaturas que apareciam ou saltavam à distância e que eu não conseguia reconhecer, mas nada de grandes animais. O local por si só parecia um “lugar mágico”, preenchido de luz e energia positiva, extraordinário. Este foi um dos meus momentos favoritos na Tailândia… Eu estava muito feliz, preenchida e em grande paz e surpreendentemente quase não senti medo. Esta foi uma das experiências mais pacíficas e profundas de desapego. Era costume ir até ao riacho todos os dias para me lavar, percorrer cerca de 20 minutos a descer pela montanha para ir buscar o meu alimento diário que era comido às oito e meia da manhã, retornando para a minha plataforma de bambu para passar o restante do meu dia. Este tempo pareceu como um sonho da vida de uma monja da floresta, mas onde o sonho e a realidade se juntaram!
Gostava de voltar novamente a esta ideia de “experiência rica” que foi mencionado no início. Mesmo havendo estes tempos especiais, cada momento de pleno despertar nesta vida e caminho de prática é um momento especial, um momento mágico, embora nem sempre seja sentido desta forma. Estando atento ao momento presente e descansando nele começa-se a ver o mundo de uma nova perspectiva e uma nova liberdade abre as portas para o Dhamma, o ensinamento e a transformação. É especial e ao mesmo tempo bastante comum, porque a realidade está sempre connosco mas nós continuamente a perdemos. É interessante notar que um dos significados do Dhamma é “regra, comum”, aquilo que é normal. Muitas vezes é a nossa mente, que com as suas ilusões, nos mantém num estado de anormalidade!

Maria: Agora que estão a ser dados os primeiros passos para estabelecer um mosteiro Theravada da linha Tailandesa da Floresta em Portugal, poderia falar-nos um pouco como este sistema de vida mendicante, nesta tradição, funciona sobre a perspectiva dos três votos, pobreza, celibato e obediência?
Sundara: Estes três votos são encontrados na religião católica e em muitas outras formas monásticas. Na nossa tradição budista, eles também existem mas não são expressos exactamente da mesma forma. A vida dos monges e das monjas é baseada na renúncia e obediência mas no contexto do Budismo eles têm um significado diferente.
  (... continua) 
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