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As Quatro Nobres Verdades

de Ajahn Sumedho

em 26 Jun 2008

  (...anterior)
Quando a sensação “de aquilo que eu quero” e “de aquilo que eu penso que deve e não deve ser” surge, e nos queremos deliciar com todos os prazeres da vida, inevitavelmente ficamos contrariados, porque a vida parece tão desesperante e tudo parece correr mal. A vida põe-nos em turbilhão, correndo de um lado para o outro num estado de medo e de desejo. E mesmo quando conseguimos tudo o que queremos, pensamos que nos falta algo, que algo ainda está incompleto. Assim, mesmo quando a vida está a correr pelo melhor, ainda existe esta sensação de sofrimento, de algo ainda a ser feito, um tipo de dúvida ou medo a assombrar-nos.
Por exemplo, sempre gostei de paisagens bonitas. Certa vez, durante um retiro que conduzi na Suíça, levaram-me a ver umas montanhas muito bonitas. Apercebi-me que, perante tanta beleza, havia sempre presente uma sensação de angústia na minha mente. Perante esta corrente contínua de bonitas paisagens, tive a sensação de querer abraçar tudo, de a todo o momento ter de me manter bem alerta para assim absorver tudo aquilo com os meus olhos. Estava mesmo a esgotar-me! Ora, isso foi dukkha, não foi?
Noto que se faço algo sem prestar atenção - ainda que seja algo tão inocente como olhar para uma bela montanha - e se o faço somente a projectar-me para fora na tentativa de agarrar algo, traz-me sempre uma sensação desagradável. Como é que se pode reter a beleza da Jungfrau e da Eiger? A melhor solução é tirar uma fotografia, tentar captar tudo num pedaço de papel. Isso é dukkha; se se quer conservar algo bonito porque não se quer separar dele, isso é sofrimento. Ter de estar presente em situações de que não se gosta também é sofrimento.
Por exemplo, nunca gostei de viajar de metro em Londres. Eu reclamava, “Não quero ir de metro, as estações são muito sujas e cheias de posters horríveis. Não quero ser empacotado naqueles comboios minúsculos debaixo do chão”. Achava isto, uma experiência completamente desagradável. Mas prestava atenção a esta voz que reclamava e lastimava - o sofrimento de não querer algo que é desagradável. Então, tendo reflectido, deixei de tecer elaborações sobre a situação, para assim poder ficar só com aquilo que é desagradável e feio sem lhe adicionar mais sofrimento. Percebi que a situação era assim, e está tudo bem. Não necessitamos de criar mais problemas, quer estejamos numa estação de metro muito suja, quer apreciando paisagens bonitas. As coisas são como são, podemos apreciar e reconhecê-las na sua constante mudança sem nos apegarmos. Apego é querermos agarrar e jamais largar algo de que gostamos; Querermos ver-nos livres de algo de que não gostamos; ou querermos ter algo que não temos.
Também podemos sofrer muito por causa de outras pessoas. Lembro-me que na Tailândia costumava ter pensamentos bastante negativos sobre um dos monges. Ele fazia algo e eu pensava “Ele não devia de fazer isso” ou, se ele dizia qualquer coisa “Ele não devia de dizer isso!” Eu carregava este monge na minha mente e ainda que eu fosse para qualquer outro lugar, eu pensava nele; a imagem dele surgia e as mesmas reacções vinham à tona: “Lembras-te quando ele disse isto e fez aquilo?” e “Ele não devia ter dito isso e ele não devia ter feito aquilo”.
Quando encontrei um professor como o Ajahn Chah, lembro-me de querer que ele fosse perfeito. Eu pensava, “Oh! Ele é um professor maravilhoso, maravilhoso!” Mas podendo vir a fazer algo que me desagradasse eu pensava, “Eu não quero que ele faça nada que me desagrade, porque eu gosto de pensar nele como sendo maravilhoso”. Era como que dizer, “Ajahn Chah, sê sempre maravilhoso para comigo. Nunca faças nada que ponha qualquer tipo de pensamento negativo na minha mente”. Por isso mesmo, quando se encontra alguém que realmente se respeita e ama, temos o sofrimento do apego. Inevitavelmente, eles irão dizer ou fazer algo de que não se gosta ou aprova, causando sempre algum tipo de dúvida – isto traz sofrimento.
A certa altura, vários monges americanos vieram para Wat Pah Pong, o nosso mosteiro no Nordeste da Tailândia. Eles eram muito críticos e parecia que só viam o que estava errado. Eles não achavam que o Ajahn Chah fosse bom professor e não gostavam do mosteiro.
  (... continua) 


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