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História da Tradição da Floresta

de Bhikkhu Dhammiko

em 03 Jan 2011

  (...anterior) Ajahn Sumedho No entanto, apesar da dispersão geográfica, a contínua retrospecção aos valores padrão do Cânone Pāli, foi mantendo a verticalidade central da Tradição, com todo o respeito e reverência pelo modo de vida e a disciplina que o Buddha (§) realizou na floresta. Essa Tradição da Floresta, tem sido o modelo que tem vindo a subsistir apesar dos muitos altos e baixos ao longo dos séculos. Por vezes a Tradição enfraquecia no Sri Lanka e lá vinham monges da Tailândia para a ajudar a fortalecer. Outras vezes era na Tailândia que sucedia o enfraquecimento e lá iam monges da Birmânia dar o seu fôlego e alento. Assim foi durante séculos, suportando-se e ajudando uns aos outros, mantendo o carácter original da “religião” à superfície.
Outros problemas surgiam ao longo da história. É bem comum, não só no foro budista, mas em todo o mundo, ver a corrupção aliada à riqueza e à obesidade material do sucesso mundano, eclesiástico e político. Assim também sucedeu com o Budismo em certos níveis e em diferentes épocas, pois que de tempos a tempos o sistema monástico se acomodava a um carácter mais relaxado, onde a degeneração material se inflamava sobre o seu próprio peso, seguindo-se o colapso. Era então que um pequeno grupo ou um grande mestre se rebelava contra o sistema, retornando à disciplina e à austeridade dos recessos virgens e agrestes, restabelecendo novamente os padrões originais do código monástico, da prática de meditação e do estudo dos ensinamentos.

Em meados do século XIX, o Budismo na Tailândia tinha adquirido uma rica variedade de tradições e práticas regionais. No entanto, o corpo geral da sua vida espiritual tinha-se degradado a par com o desleixo e a corrupção da disciplina monástica, encontrando-se ensinamentos de Dhamma misturados com nebulosos vestígios tântricos e animistas, aliados ao facto de que raros eram já aqueles que praticavam a meditação. Para piorar a situação, havia já a opinião generalizada, tanto pelo lado da fracção degenerada como mais ainda pelos “eruditos” da ortodoxia, de que já não era possível realizar o nibbāna (Nirvāna), ou até mesmo alcançar os estados iniciais de jhāna (absorto em meditação).
Isto foi uma situação que os revivificadores da Tradição da Floresta se recusaram a aceitar. E foi ao mesmo tempo uma das razões por que foram “catalogados” de independentes e agitadores pela hierarquia eclesiástica da altura, para além do desdém que muitos deles demonstravam pelos “monges de estudo” da própria linha Theravada ao asseverarem que «a sabedoria não se tira dos livros». Este contraste é outro ponto crucial, que paradoxalmente, ao invés de omitir a importância que a linha Theravada dá ao estudo da palavra do Buddha, realça antes de mais a particularidade dos monges da “Tradição da Floresta”, em assumirem uma determinação mais concentrada no estilo de vida e na experiência pessoal do que nos livros (especialmente os comentários à Escritura). Seria talvez indigna tal atitude, ou até se poderiam supor sentimentos menos puros por detrás de tais alusões, não fosse na realidade a constatação de que as interpretações dos “eruditos” estavam na verdade a conduzir o Budismo para um buraco negro.

Esta foi precisamente a preparação para que algo de novo surgisse. Uns poucos, insatisfeitos com a situação vigente, tal como o Buddha 2500 anos antes, sentiam a necessidade de ir mais longe. Não descurando o estudo do Cânone, voltavam então os seus olhos e as suas vidas novamente para os recantos selvagens das florestas e montanhas, como que se recolhendo à própria Natureza interior, buscando aí o retiro contemplativo e a meditação no contacto com o meio natural, trazendo assim à luz a prática da realização e da descoberta interior.
De entre as várias Tradições “silvestres” do Sudeste Asiático, aparece então aquela que tem vindo cada vez mais a atrair a atenção de um maior número de ocidentais pela sua originalidade e sobriedade, tendo já começado a criar raízes no Ocidente.
  (... continua) 
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