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Nibbana, Aqui e Agora

de Ajahn Sumedho

em 04 Abr 2011

  (...anterior) Estamos sempre a aprender a pôr à prova as nossas ideias acerca de nós mesmos e a vermos para além destas. Um dos maiores desafios é enfrentar a ideia de que " sou alguém que precisa de fazer algo para se tornar iluminado no futuro ", através do simples reconhecimento disso como uma assumpção criada por nós. Aquilo que é consciente em nós, sabe que essa ideia é algo criado a partir da ignorância, ou da falta de compreensão.
Quando vemos e reconhecemos isto totalmente, então paramos de criar essas suposições.

Estar consciente não é fazer juízos de valor acerca dos nossos pensamentos, emoções, acções ou palavras. Ser consciente é compreender essas coisas integralmente - elas são o que são, neste momento. Desta forma, descobri que é muito útil aprender a estar consciente das condições sem as julgar. Assim, o karma resultante das palavras e acções passadas, tal como surge no presente, é inteiramente reconhecido sem ser deturpado, sem se tornar num problema. É o que é. Aquilo que surge cessa. Quando reconhecemos isto e permitimos que as coisas cessem de acordo com a sua natureza, essa realização da cessação dá-nos uma fé crescente na prática do desapego. Os apegos que temos, ainda que a coisa boas como ao Budismo, também podem ser vistos como apegos que nos cegam. Isso não quer dizer que tenhamos de nos livrar do Budismo; simplesmente reconhecemos o apego como apego e constatamos que nós mesmos o criamos devido à nossa ignorância.

À medida que vamos reflectindo sobre isto, a tendência para nos apegarmos às coisas vai diminuindo, e a realidade do não-apego revela-se naquilo que podemos chamar de Nibbana.
Se virmos a partir deste prisma, o Nibbana existe aqui e agora. Não é algo para alcançarmos no futuro.
A realidade está aqui e agora. É mesmo muito simples, mas está para além das palavras, da descrição. Não pode ser outorgado nem mesmo transmitido, apenas pode ser conhecido por cada pessoa, por si própria.

Quando começamos a realizar ou a reconhecer o desapego como o Caminho, podemos sentir-nos bastante amedrontados por isso. Pode parecer que está a ocorrer uma espécie de aniquilação: tudo aquilo que penso que sou no mundo, tudo aquilo que assumo como estável e real começa a desvanecer-se e isso pode ser assustador. Mas se tivermos a fé para continuar a aguentar essas reacções emocionais e deixarmos aquilo que surge, cessar, aparecer e desaparecer de acordo com a sua natureza, então encontramos a nossa estabilidade, não em alcançar ou atingir algo, mas em ser – ser desperto, ser consciente.

Há muitos anos atrás, no livro de William James ‘The Varieties of Religious Experience’ ("As Variedades da Experiência Religiosa"), encontrei um poema de A. Charles Swinburne. Apesar de ter aquilo que alguns descreveram como uma mente degenerada, Swinburne produziu algumas reflexões bem poderosas:

Aqui começa o mar que não termina senão no fim do mundo.
Onde nos encontramos,
pudéssemos nós ver o próximo farol de alto mar, para além
destas ondas que brilham,
Saberíamos o que homem algum soube
ou que olhar humano algum perscrutou
Ah, mas aqui o coração do homem palpita, ansioso pelo
desconhecido com venturosa alegria,
a partir da margem que não tem margem para além dela,
começa todo o mar.
(Extraído de "On the Verge", em "A Midsummer Holiday")

O poema é um eco da resposta do Buddha (§) à pergunta de Kappa, que se encontra no Sutta Nipata:
A seguir vem Kappa, o estudante brahmin.
"Senhor, disse ele, "há pessoas presas no meio da corrente, no terror e no medo do ímpeto do rio do ser, onde a morte e a decrepitude os afogam. Para o bem deles, Senhor, dizei-me onde encontrar uma ilha, dizei-me onde existe terra firme, fora do alcance de toda esta dor."
"Kappa," disse o Mestre, "para o bem dessas pessoas presas no meio do rio do ser, oprimidas pela morte e pela decrepitude, Eu dir-te-ei onde encontrar terra firme."
"Existe uma ilha, uma ilha para além da qual não podes ir. É um lugar de ‘não-existência’, um lugar de ‘não-possessividade’ e de ‘não-apego’.
  (... continua) 
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