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Tradição Espiritual Portuguesa

de Pedro Teixeira da Mota

em 09 Mai 2011

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Ora se desde logo, na 1ª série da Águia, em 1910, Teixeira de Pascoaes, Leonardo Coimbra (§) e Jaime Cortesão, entre outros, revelam-se nas suas intensas e profundas virtudes e impulsos, é clara também a inexistência de um forte programa doutrinário veiculado como tal por eles, nesse advento caótico da República e quase espontâneo da revista, que em breve, por ideação de Cortesão e Leonardo (já juntos, com Álvaro Pinto na revista Nova Silva, de 1907) se iria tornar o porta voz da Associação da Renascença Portuguesa.
Recolhamos então algumas dessas sementes centenárias mais valiosas: Leonardo, no nº 1 da Águia, mostrando já o seu forte pendor para a iluminação interior e o dinamismo cósmico do Amor escreve Sobre a Educação, que «deve dar o homem a si mesmo, envolvendo-o de claridade interior; dá-lo à família pelo enternecimento, à humanidade pelo amor, ao Universo pelo deslumbramento e pelo sacrifício. Partindo de si, o homem deve abraçar o Universo».

Jaime Cortesão, no mesmo nº 1, surge como inspirado poeta e luminoso teorizador da Poesia apelando fortemente ao «ver para além, mas muito para além da superfície de cada coisa...», comparando «a nossa alma superficial que balbucia apenas em galreios infantis o que para a Alma imersa, profunda e transcendente é já linguagem calorosa e omnipotente da Verdade (…) Ser poeta é libertar todas as almas, é vê-las com o líquido olhar de enternecidas lágrimas, chorando, falar com elas, fazer Cânticos sublimes desses tácitos colóquios e entregá-las depois ao som de ritmos sugestivos (...) Poeta é o que faz dentro de si as novas experiências do Amor e do Mistério, para depois trazer ao Mundo uma mais alta verdade (...) Poeta é o que reflui sobre si mesmo, e interiorizando-se segue por esses misteriosos caminhos a encontrar-se em fraterna comunidade com tudo quanto na Vida anseia (…) O verdadeiro Poeta é o que nessas abismais imersões vai acender novas estrelas (§) nos recantos da Alma até então obscuros, e volta de lá à superfície, transfigurado, alucinado, com uma centelha de Infinito nos olhos pávidos para cantar a sua visão numa ebriedade divina (...) Quando o meu Deus sobre mim desce na sua sarça de inspiração ardente, meu ser comunga o ritmo dos astros, atravessa-o um arrepio de Infinito e Eternidade, e embebido, encharcado, diluído num luar de sonho, sinto afluir à minha boca numa aluvião tempestuosa de gritos, vozes e hinos formidáveis, todas as vidas do Universo», e eis-nos com alguns ensinamentos germinais do original historiador dos Descobrimentos, adepto do Espírito Santo e da espiritualidade franciscana e que tanta influência teve, por exemplo, em Agostinho da Silva.

Teixeira de Pascoaes é só no nº 2 que lança a sua prodigiosa imaginação e palavra inflamada a propósito da morte de Tolstoi, cuja vida e obra é fortemente comemorada na Águia (nomeadamente por Veiga Simões e Sampaio Bruno (§)), escrevendo: «A pena mística de Tolstoi e a lança heróica de Quixote, presas num abraço, são as extremidades dos últimos raios deste foco imenso de luz espiritual que o sangue e a carne do Homem alimentam, e que explende e brilha, sem um fim, sem um destino talvez, como os lírios florescem e como os astros gravitam...»
No nº 3, Leonardo, escrevendo sobre o Natal e novo ano, valoriza essa expansão de vida nova que é «o Amor cósmico, o amor-perfeito, sem egoísmos nem exclusões. O Reino espiritual existe na virtualidade do nosso poder criador. Ele existirá na efectividade das nossas obras de ternura e bondade. Natal? Natal contínuo e permanente de vida nova a sangrar dedicação, a estremecer de afectos! Novo ano? A Terra em novas paragens do cosmos a aquecer e a iluminar o Universo com as fulgurações do novo homem, intérprete de Deus, fecundador da vida!»

Dos dez números dessa rara e pouco estudada 1ª série realcemos ainda as colaborações bem espiritualistas e utópicas de Rafael Ângelo e Veiga Simões, as teorizações de Leonardo: «ser poeta é eternizar o instante, é fazer da vida um contínuo deslumbramento, um permanente convívio com Deus», ou ainda (no nº 4) os discernimentos e desmascaramentos (tão actuais) de Pascoaes: «é na faculdade de mentir, que caracteriza a maior parte dos homens actuais, que se baseia a civilização moderna.
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