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A Perspectiva da Floresta

de Ajahn Amaro

em 17 Dez 2011

  (...anterior) Mas em outros usos da vacuidade e da “característica de presença” (tathatā), ainda pode haver a noção de um agente (um sujeito), que é um ‘este’ a olhar para aquilo e esse aquilo é vazio. Ou esse aquilo é assim, desta forma. Atammayatā é a compreensão de que, na verdade, não pode haver nada além da realidade última. Não há o aquilo. Com o largar, com o completo abandono de ‘aquilo’, todo o universo relativo do sujeito-objecto, até mesmo no seu nível mais subtil, dissolve-se.

Eu gosto particularmente da palavra “atammayatā” devido à mensagem que ela transmite. Entre as suas várias qualidades, este conceito lida profundamente com a noção persistente da especulação incessante, “O que é aquilo ali?” Existe aquele indício de que algo ali pode ser um pouco mais interessante do que o que está aqui. Até mesmo a noção mais subtil de ignorar isto para obter aquilo, não estar satisfeito com isto e querer tornar-se aquilo, é um erro. Atammayatā é aquela qualidade em nós que sabe, “Não existe aquilo. Só existe isto.” Daí, até mesmo o aspecto “isto” torna-se irrelevante. Atammayatā ajuda o coração a romper os hábitos mais subtis de inquietação, bem como acalmar as repercussões da raiz dualista, sujeito e objecto. Este abandono leva o coração a uma compreensão: há apenas a completude do Dhamma, o espaço pleno e preenchimento. As aparentes dualidades disto e daquilo, sujeito e objecto são vistas como essencialmente desprovidas de sentido.
Uma das maneiras que podemos empregar isto num nível prático é com uma técnica frequentemente sugerida por Ajahn Sumedho. Pensando que a mente está no corpo, dizemos, “a minha mente” (aponta para a cabeça) ou “a minha mente” (aponta para o peito). Não é verdade? “Está tudo na minha mente.” Na verdade entendemos tudo mal. O corpo está na nossa mente ao invés da mente no corpo, certo?

O que sabemos sobre o nosso corpo? Podemos vê-lo, Podemos ouvi-lo. Podemos cheirá-lo. Podemos tocá-lo. Onde ocorre a visão? Na mente. Onde experimentamos o toque? Na mente. Onde experimentamos o olfacto? Na mente.
Tudo o que sabemos do corpo, agora e no passado, foi conhecido através da intervenção da nossa mente. Nunca aprendemos nada sobre o nosso corpo, a não ser através da mente. Portanto, durante toda a nossa vida, desde a infância, tudo o que sempre aprendemos sobre o nosso corpo e o mundo ocorreu na nossa mente. Então, onde se encontra o nosso corpo? Não quer dizer que não exista um mundo físico, mas o que podemos dizer é que a experiência do corpo e a experiência do mundo ocorrem dentro na nossa mente. Não ocorre em nenhum outro lugar. Tudo acontece aqui. E neste “aqui”, a externalidade do mundo e o seu sentido de separação terminam. A palavra “cessação,” (nirodha), também pode ser aqui empregue. Paralelamente a esta interpretação mais familiar, a palavra também significa “refrear, parar”, portanto, significa que a separação findou. Quando compreendemos que contemos o mundo inteiro dentro de nós, a sua peculiaridade, a sua diferenciação, é questionada. Somos então capazes de melhor reconhecer a sua verdadeira natureza.

Esta mudança de visão é uma pequena ferramenta de meditação bastante interessante que podemos usar a qualquer momento, como por exemplo, na meditação a andar. É um mecanismo muito útil pois conduz-nos à verdade da questão. Sempre que o empregamos viramos o mundo do avesso, pois somos então capazes de ver que este corpo é de facto apenas um conjunto de percepções. Isto não nega o nosso livre funcionamento, mas coloca tudo num novo contexto. “Tudo acontece dentro do espaço de rigpa, dentro do espaço da mente que sabe.” Ao vermos as coisas desta forma, de repente vemos o nosso corpo, a mente e o mundo a chegar a um acordo, a uma peculiar realização da perfeição. Tudo acontece aqui. Este método pode parecer um pouco obscuro, mas algumas vezes as ferramentas mais abstrusas e subtis podem produzir as mudanças mais radicais no coração.
  (... continua) 
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