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A Realização do Infinito

de Rabindranath Tagore

em 12 Jun 2013

  (...anterior) Todavia, se destacamos seus movimentos dessa ideia última, se não vemos o repouso infinito, mas apenas o infindável movimento, então a existência se apresenta como mal monstruoso, que se precipita impetuosamente em direcção a uma infindável falta de objectivo.

Lembro-me de que em nossa infância tivemos um professor que nos fazia aprender de cor todo o livro de gramática do sânscrito, que é escrito em símbolos, mas não nos explicava o que significavam. A cada dia labutávamos em frente, sem a menor noção da meta a que chegaríamos. Assim, em relação a nossas lições, ficávamos na posição do pessimista que só conta as fatigantes actividades do mundo, mas não é capaz de ver o infinito repouso da perfeição, do qual essas actividades ganham o seu equilíbrio a cada momento, em absoluta adequação e harmonia. Quando contemplamos a existência desse modo, perdemos toda a alegria, porque assim não vemos a verdade. Vemos as gesticulações do dançarino e imaginamos que elas são governadas pela implacável tirania do acaso, pois estamos surdos à música eterna que torna cada um desses gestos inevitavelmente espontâneo e belo. Esses movimentos estão sempre crescendo em meio a essa música perfeita, tornando-se unos com ela, a cada passo dedicando a essa melodia as multidões de formas que eles continuam criando.

Esta é a verdade da nossa alma, e também a sua alegria: ela deve estar sempre crescendo dentro de Brahma; todos os seus movimentos deveriam ser modelados por essa ideia última, e todas as suas criações deveriam ser entregues como oferendas ao supremo espírito da perfeição.
Há uma passagem notável nos Upanishads: “Eu não penso que o conheça bem, ou que o conheça, ou mesmo que não o conheça”.
Jamais podemos conhecer o ser infinito através do processo do conhecimento. Contudo, se ele estiver completamente além do nosso alcance, então será absolutamente nada para nós. A verdade é que nós não o conhecemos, embora o conheçamos. Isto é explicado noutra passagem dos Upanishads: “De Brahma as palavras voltam confundidas, e também o pensamento, mas aquele que o conhece pela alegria que dele provém, fica livre de todos os medos”.
O conhecimento intelectual é parcial, porque o nosso intelecto é instrumento, apenas uma parte de nós; pode dar-nos informação sobre coisas que podem ser divididas e analisadas, e cujas propriedades podem ser classificadas, parte por parte. Brahma, porém, é perfeito, e o conhecimento, que é parcial, jamais pode ser um conhecimento dele.

Mas Brahma pode ser conhecido pela alegria e pelo amor. Com efeito, a alegria é conhecimento na sua plenitude, é conhecer com a totalidade do nosso ser. O intelecto nos matem à parte das coisas que devem ser conhecidas, enquanto o amor conhece o seu objecto através da fusão. Tal conhecimento é imediato e não admite dúvida. É o mesmo que conhecermo-nos a nós mesmos, embora mais intensamente. Portanto, como dizem os Upanishads, a mente não consegue jamais conhecer Brahma, nem as palavras podem jamais descrevê-lo. Brahma só pode ser conhecido por nossa alma, por meio da sua alegria nele, por meio do seu amor. Ou, noutras palavras, só podemos entrar em relação com Brahma por meio da união – união de todo o nosso ser. Precisamos estar unidos com o nosso Pai, e precisamos ser perfeitos como ele é.

Todavia, como pode isso acontecer? Não pode haver graus de perfeição infinita. Não podemos crescer pouco a pouco em Brahma. Ele é o uno absoluto, e nele não pode haver mais ou menos.
Na verdade, a realização da paramātman, a alma suprema, dentro da nossa antarātman, a nossa alma individual interior, reside num estado de absoluta completude. Não podemos pensá-la como não-existente e como se dependesse dos nossos limitados poderes para a sua gradual construção. Se a nossa relação com o divino fosse apenas uma coisa feita por nós mesmos, como poderíamos confiara nele como verdadeira, e como poderia ela nos fornecer sustentação?

Sim, devemos reconhecer que temos dentro de nós aquilo que o tempo e o espaço deixam de governar e onde os elos da evolução imergem na unidade. Nessa perpétua moradia do ātman, a alma, a revelação de paramātman, a alma suprema, já está completa.
  (... continua) 
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