pág. 7 de 7
A Realização do Infinito
de Rabindranath Tagore
em 12 Jun 2013
(...anterior) Ah, seus sofrimentos não chegarão ao fim enquanto ele não for capaz de dizer que este lar é teu.
Entrementes, continuará lutando, e o seu coração estará sempre clamando: “Barqueiro, atravessa-me até à outra margem!” Quando este meu lar se tornar teu, no mesmo instante ele será levado à outra margem, ainda que seus antigos muros o envolvam. Este “eu” não descansa. Ele trabalha por um ganho que jamais poderá ser assimilado ao seu espírito, que jamais poderá conter e reter. Nos seus esforços para estreitar nos seus próprios braços aquilo que é para todos, ele fere os outros. Fere-se a si mesmo, e clama: “Leva-me até à outra margem!” Todavia, logo que consegue dizer: “Todo o meu trabalho te pertence”, embora tudo permaneça igual, ele é levado para a outra margem.
Onde posso encontrar-me contigo, senão neste meu lar entregue a ti? Onde me poderei unir a ti, senão neste meu trabalho transformado em teu trabalho? Se eu abandonar o meu lar, jamais, jamais alcançarei o teu lar; se eu parar o meu trabalho, jamais poderei unir-me a ti em teu trabalho. Sim, porque tu habitas em mim e eu em ti. Tu sem mim e eu sem ti nada somos.
Por isso, dentro do nosso lar e em meio ao nosso trabalho eleva-se a súplica: “leva-me até à outra margem!” Pois aqui se agita o mar, e aqui mesmo se encontra a outra margem, esperando ser alcançada. Sim, aqui se encontra este presente eterno, e não longe, nem em qualquer outro lugar.
Excerto do livro Sadhana - O Caminho da Realização
|