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Ser Ninguém

de Ajahn Sumedho

em 01 Mar 2014

  (...anterior) Mesmo que pensemos: “não sou ninguém”, mesmo “sendo ninguém” é ser alguém nesta vida, não é? Podemos sentir-nos orgulhosos de “sermos ninguém” tal como “sermos alguém” e estar ilusoriamente apegados a “ser ninguém”. Mas independentemente daquilo em que acreditamos, que somos ninguém ou alguém, que temos uma missão, que somos um estorvo e um peso para o mundo, ou como nos vemos a nós mesmos, então o saber estará lá para ver a cessação de tal percepção.

As percepções aparecem e desaparecem, não é? “Sou alguém, sou uma pessoa importante na vida”: isso começa e termina na mente. Repare no finalizar de “ser alguém importante,” ou de “não ser ninguém” ou qualquer outra coisa – tudo acaba, não é? Tudo o que surge, cessa e com essa consciência não nos agarramos à ideia de sermos alguém ou ninguém. É o fim de toda essa massa de sofrimento – de ter que desenvolver algo, tornar-se alguém, mudar alguma coisa, fazer com que tudo esteja no sítio certo, livrar-se dos obstáculos interiores ou salvar o mundo. Mesmo os melhores ideais, os melhores pensamentos podem ser vistos como dhammas que surgem e cessam na mente.

Podemos pensar que isto é uma filosofia estéril sobre a vida porque existe muita emoção e sentimento em ser-se alguém que vai salvar todos os seres sencientes. As pessoas com auto-sacrifício, que têm missões, que ajudam os outros e que têm algo importante a realizar, são uma inspiração. Mas quando observamos isso sob o Dhamma, vemos as limitações das aspirações e a sua cessação. Existe o Dhamma de tais aspirações e acções, em vez de alguém que tem que se tornar em algo ou fazer alguma coisa. Toda a ilusão é abandonada e o que sobra é a pureza da mente. Então a resposta à experiência vem da sabedoria e pureza em vez das convicções pessoais e missões com o seu sentido de si mesmo e dos outros, e todas as complicações que advêm de todo esse padrão ilusório.

Podemos confiar nisto? Podemos confiar em largar tudo, cessar, não ser ninguém, não ter qualquer missão, não ter que se tornar em coisa alguma? Conseguimos confiar nisso ou sentimos que é assustador, árido ou depressivo? Talvez queiramos mesmo uma inspiração. “Diga-me que tudo está bem; diga-me que gosta de mim, que o que faço está correcto e que o Budismo não é uma religião egoísta onde nos tornamos iluminados para o nosso próprio proveito; diga-me que o Budismo está aqui para salvar todos os seres vivos. É isso que você vai fazer, Venerável Sumedho? Você é mesmo Mahayana ou é Hinayana?”

O que estou a salientar é que a inspiração é uma experiência. Idealismo: não tentar rejeitá-la ou julgá-la de qualquer maneira, mas reflectir sobre ela, conhecer o que está na mente e como é fácil ficar iludido pelas nossas próprias ideias e opiniões elevadas. Também podemos ver, como podemos ser insensíveis, cruéis e indelicados devido ao apego que temos a pontos de vista sobre ser-se gentil e sensível. É aqui que está a verdadeira investigação do Dhamma.

Recordo-me da minha própria experiência: sempre tive a sensação de que de alguma forma eu era alguém especial. Costumava pensar: “Bem, eu devo ser uma pessoa especial. Há muito tempo, quando eu era criança, era fascinado pela Ásia e assim que pude, estudei chinês na universidade; portanto certamente devo ter sido uma reincarnação de alguém ligado ao Oriente.”

Mas considerem isto como uma reflexão: não interessa quantos sinais de ser alguém especial, ou de vidas passadas das quais nos possamos recordar, ou das vozes de Deus, ou mensagens do Cosmos, o que quer que seja - não para negar que essas coisas não são reais - mas que são impermanentes. Elas são anicca, dukkha, e anatta. Reflectimos sobre elas como elas realmente são – o que surge cessa: uma mensagem de Deus é algo que chega e cessa na mente, não é? Deus não está continuamente a falar com alguém a menos que queira considerar-se o silêncio como voz de Deus. Então, isso não quer dizer muito, pois não?
  (... continua) 
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