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Conde de Keyserling e Fernando Pessoa...

de Pedro Teixeira da Mota

em 07 Jul 2014

  (...anterior) , que tanto poderia ser Ordo Solis ou Sanctissimorum, tal como surge desdobrada em alguns outros fragmentos do seu espólio, mas que mais acertadamente será a Ordem Sebastianista (tanto mais que na mesma altura, a propósito da homenagem em Silves a Al-Motamide, Fernando Pessoa (§) assinava uma nota com O. S., surgindo dentro do texto a referência à Ordem Sebastianista).

Esta carta acabou por ser apenas publicada em 1988, no livro que então escrevi e intitulei A Grande Alma Portuguesa. Nela, Fernando Pessoa não questiona tanto o que o conde de Keyserling disse como antes os seus pressupostos e bases: «Viestes a Portugal para compreender - nós teríamos preferido que fosse para conceber – a alma portuguesa. Muniste-vos da preparação ilógica para o fazer? Seria suficiente que estivesse munido do conceito da alma como tripla – comum aos platonizantes e aos cabalistas, como a outros (...) Que Portugal pensa ter podido ver? Há três e tudo está lá (...) Da terceira alma portuguesa feita de inteligentes e de entendedores, nada há a compreender. Quanto à primeira alma portuguesa, se a vossa intuição é subtil, tê-la-eis adivinhado. Talvez a tenhais mesmo deduzido da paisagem e da luz, mais até do que aprendido nas próprias almas. Nisto tudo, viu bem, mas não tereis visto que o visível. O Portugal essencial – a Grande Alma portuguesa, em toda a sua profundidade aventurosa e trágica – foi-vos velada...». Anote-se que esta tríade anímica surge de modo semelhante em outros textos de Pessoa, tal como os dos três tipos de portugueses, apontando a génese do português essencial, ou «imperial», ao tempo de D. Dinis.
Fernando Pessoa explica, em seguida na carta, quem é, como nasceu, quais as transformações e o futuro da segunda alma, que é a Grande Alma Portuguesa, e que de aventura material e conquista de costas passará a uma aventura supra-religiosa que culminará de então a 200 anos. E termina a missiva (que não sabemos ainda se terá sido enviada ou não..), exprimindo a «nossa simpatia intelectual. O. S.»

Anote-se que, num texto anterior, F. Pessoa aventava mesmo a data de 1924, segundo certas profecias, «para o Grande Regresso, em que a Alma da Pátria se reanimará (...) e se começará a realizar aquela antemanhã ao Quinto Império, justificando-o pelo «sebastianismo, hoje mais vigoroso que nunca, na assombrosa sociedade secreta que o transmite, cada vez mais ocultamente, de geração em geração» (125-2). Quanto à grande Alma Portuguesa, que «nos vinha de mistérios antigos e de sonhos antigos (...) herdeira da divindade da alma helénica» e que urge reavivar ou reassumir é noutros textos significativos invocada, com outras raízes, tal a árabe, «a alma árabe é o fundo da alma portuguesa» (48H-23), ou a cristã: «Que Portugal tome consciência de si mesmo (...) Entregue-se à sua própria alma. Nela encontrará a tradição dos romances de cavalaria, onde passa próxima ou remota, a Tradição Secreta do Cristianismo, a Sucessão Super-Apostólica, a Demanda do Santo Graal (§) (...) Deixemo-nos de importar Deus, porque Deus está em toda a parte» (125A-23).
Fernando Pessoa, tão sensível à Anima Mater, à Pátria (e vejam-se as obras de Dalila Pereira da Costa, ou o ensaio de Eduardo Frias, O Nacionalismo Místico de Fernando Pessoa, Braga, 1971, no qual já compara Keyserling e Fernando Pessoa), tentando-a revivificar pelo Sebastianismo, pelo Quinto Império, pela Rosea Cruz (§), pela Ordem Templária de Portugal e pela Mensagem, não poderia deixar passar a ignorância de tal veio nacional, tal como em 1935 o faria em relação à proibição das associações secretas, debatida e promulgada pela Assembleia, e que ele rebateu em artigo de jornal e em várias cartas e textos.

De realçar que, em 1932, na revista Descobrimento, dirigida por José de Castro Osório e na qual Fernando Pessoa colaborava, saía a tradução portuguesa das impressões psicológicas recolhidas por Keyserling e que iriam constituir a parte consagrada a Portugal, da 2ª edição do seu livro Analyse Spectral de l’Europe.
  (... continua) 
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