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Graal

de Pedro Teixeira da Mota

em 20 Jul 2014

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Convém de facto não nos esquecermos que assim como na época das cruzadas o nome de Francos ou Farangis era sinónimo de Europeus, assim na época dos Descobrimentos Portugal era o melhor sinónimo de Europa e liderados pelos primeiros navegadores e viajantes e depois pelos membros da Ordens religiosas, nomeadamente os Jesuítas, Franciscanos e Agostinianos, uma verdadeira internacional europeia singrou os mares sob as bandeiras da Ordem de Cristo, lídimos sucessores dos antigos Templários, (§) que para além das lides leais sabiam conviver com as fraternidades islâmicas e mostrar sinais pronunciadores da futura civilização mundial para a qual de algumas formas os portugueses e os europeus contribuíram, ainda que certamente por vezes sob formas colonialistas ou interesseiras, mas que devem relembrar, aperfeiçoar e dialogar.
Se olharmos globalmente para a interacção entre Portugal e a Índia poderemos seleccionar certos núcleos mais intensos e significativos, tais como os casamentos inter-raciais e a acção civilizadora de Afonso de Albuquerque, a missionização cristã, o diálogo inter-religioso, a arte luso-oriental, a transmissão e o diálogo de cultura e ciência, e finalmente a cooperação política, técnica e de vários tipos de serviço prestadas por portugueses em cortes indianas.

Como um dos meus interesses tem sido peregrinar distâncias maiores para comungar com as alturas de sabedoria e himalaicas da Índia e onde estive ao todo cerca de dois anos e meio, deslocando-me quer pelos centenários itinerários por terra que os portugueses de quinhentos lideraram quer nos mais rápidos voos aéreos, fui-me consciencializando de alguns seres e momentos valiosos...

Relembremos então brevemente alguns clarões desta união do Ocidente e do Oriente, no fundo um dos objectivos principais da gesta expansiva dos portugueses. A dinastia Mogol, que reinava em grande parte da Índia quando os portugueses chegaram, tiveram em Akbar e Dara Shikoh (§) dois mestres da unidade dos povos e tradições, seres em quem as brisas quentes do Oriente encontraram metais prontos a inflamarem-se e a soldarem-se em ligas inovadoras e de grande alcance humanista, embora heterodoxas e condenáveis para os conservadores ortodoxos.

Dara Shikoh em diálogo místicos e sábios

Dara Shikoh, amigo dos padres e discípulo de mestres islâmicos e hindus, faz traduzir para o Persa pela 1ª vez os textos fundamentais da espiritualidade indiana, a partir dos quais a Europa, através da tradução impressa em Paris em 1801 de Anquetil-Duperront, maravilha-se. Encontrá-los-ei no Irão em 2013 em casa de um engenheiro agrícola. E compõe o Majma-ul-Bahrain, a Mistura dos dois Oceanos, um dos primeiros estudos de religiões comparadas, entre o Islão e a religião da Índia, o Sanatha Dharma. Mas fora o seu bisavô Akbar quem mais se relacionara com os Portugueses e lhes abrira as portas ao interior da Índia.

Akbar, seguindo a procura da verdade, recebe na sua Casa da Adoração, a partir de 1580, os Jesuítas e para dialogarem com religiosos de outras religiões.

Em 1563 o imperador Akbar envia a Goa uma delegação com um formão em que pede o envio de padres portadores dos livros das leis e da Verdade, que ele muito desejava conhecer. Acedido o pedido pelos Portugueses de Goa, com a primeira missão à corte mogol iniciava-se um diálogo e uma interacção notável entre o Oriente e o Ocidente. As crónicas mogóis (§) registam a chegada em Fevereiro de 1580 da primeira missão, onde vêm os jesuítas italiano Rudolfo Aquaviva, o catalão António Monserrate e o persa convertido Francisco Henriques (§). A ânsia de conhecimento ou, como ele proclamara, "a procura da Verdade", de Akbar era tão grande que quando chegaram foram logo levados à sua presença, ficando à conversa até às duas horas da manhã.

A casa de Adoração, Ibadat Khana, onde Akbar reunia há anos em Fathpur Sikri sábios dos vários povos e religiões na procura da Verdade, passados quatro dias da chegada, passa a contar com a presença ainda mais fogosa dos distantes europeus.
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