Homepage
Spiritus Site
Início A Fundação Contactos Mapa do Site
Introdução
Sagrados
Sugestões de Leitura
Especiais
Agenda
Notícias
Loja
Directório
Pesquisa
Marco Histórico §
Guia de Sânscrito
NEW: English Texts
Religião e Filosofia
Saúde
Literatura Espiritual
Meditação
Arte
Vários temas
Mosteiro Budista
A finalidade de “Sugestões de Leitura” é colocar em destaque obras, cujo valor espiritual merecem um olhar atento, mais profundo, em consonância com a temática da secção em que se insere.

pág. 1 de 5
A Escrita Perfeita - Sânscrito

de Maria Ferreira da Silva

em 13 Jan 2024

  Esta obra tem a vantagem de proporcionar uma viagem no tempo através dos mitos, lendas, cosmologias, personagens notáveis, filosofias e religiões, mas também a si mesmo. A viagem completa-se nesta junção do religioso e mítico, num espaço geográfico vasto e peculiar com povos de características próprias e associados às forças da natureza, que moldam a Índia na sua magnitude humana e espiritual. É um facto, que desde a beleza arquitectónica dos templos, das artes, dos festivais religiosos, à prática da meditação num āśrama, tudo convida subtilmente à espiritualidade que qualquer peregrino aspira aceitar e experienciar. Fica aqui, o registo das mais belas viagens que a Índia nos oferece; a própria Língua, o Sânscrito como Escrita Perfeita, que nos leva também às mais recônditas paragens internas, para então realizar a verdadeira vida espiritual, que cada um pode encontrar no seu próprio coração.O Sânscrito tem esta qualidade quase mágica de elevar o pensamento, não por erudição, mas pela riqueza verbal que purifica a mente e refina a inteligência, fomentando a evolução espiritual, objectivo que faz parte do contexto para o qual esta língua foi criada. De facto, ela é muito completa, pois comporta elementos valiosos de superação humana no seu contexto superior, que é a Realização do Divino de forma inteligente.

São vários os factores que contribuem para que a História da Índia ainda hoje apresente algumas lacunas na sua cronologia, especialmente para o entendimento dos ocidentais que datam os acontecimentos a partir de antes e depois de Cristo. Isto deve-se em parte à grandeza do território, dividido por vastas regiões ou estados(1) e também pelas diversas religiões e filosofias coexistentes, principalmente quando no passado dependiam da autoridade de reis-imperadores, que faziam ascender esta ou aquela doutrina conforme a sua devoção, protegendo umas ou depreciando outras.

Se a História da Índia for baseada a partir do Hinduísmo, então, certos acontecimentos referentes a outras religiões no solo indiano devem ter ficado por registar, pois houve dinastias cujos reis tinham preferência, ou eram mesmo devotos do Jainismo ou do Budismo. Assim, se houve monarcas simpatizantes do Jainismo, principalmente no Sul, a História sofreu, naturalmente, imprecisões consideráveis em relação ao Norte, especialmente assente na supremacia hindu. Nos registos históricos da Índia consta de rivalidades entre os jainas e os hindus, mas, também das disputas entre brāhmaṇas e kṣatriyas(2), o que deu azo a muitas divisões, nas quais se inclui o período budista e, depois mais tarde, o islâmico. A dominação islâmica no Norte, a dos Mogóis (§)(3), atingiu cerca de 200 anos.

No Hinduísmo, reis abdicaram do trono, seguindo o dharma na tradição āśrama (estados de vida), entrando na senda dos saṃnyāsin (renunciantes), aqueles que se retiram para a floresta. Tal o caso de Candragupta Maurya (reinou entre 322-298)(4), que por influência jaina se retirou do mundo, escolhendo o ascetismo e praticando o jejum voluntário (para a morte), conjuntamente com seu mestre Bhadrabāhu. Na verdade, em tempos mais antigos, o poder oscilou entre o Brahmanismo e Jainismo – não só no ensinamento religioso como no poder governamental. Quanto ao Budismo este não prosperou na Índia ao ponto de assumir posição relevante em termos de autoridade, tanto religiosa, como política, a não ser pelo curto período do reinado do imperador Aśoka (§), a quem se deve o primeiro testemunho dado pela escrita nos seus famosos pilares, com inscrições de máximas morais e regras dadas pelo Buddha (§). Foi tida como a primeira escrita antes de ser revelada a escrita de Harappā (§), no Vale do Indo.

Deste modo, mesmo no próprio Hinduísmo, que continha já uma grande tolerância religiosa, houve ainda divergências de doutrinas, quando em certas épocas uns deuses(5) eram elevados e outros desvalorizados, factos que dependiam, não só do poder dos governantes, como da força e da qualidade dessas doutrinas em atrair devotos.

Por vezes, doutrinas ou filosofias sobressaíam pelo poder e nobreza de algum reformador religioso, com ideias impulsionadoras e mostrando oportunidades de salvação para todos, como no caso da linha devocional bhakti – a mais acessível – sem ter de se recorrer a profundas sistematizações filosóficas ou a grandes argumentações mentais, apenas pela sinceridade da entrega do coração do devoto a Brahman (Deus).

É compreensível que, quando na História das civilizações, em determinada região do mundo, sobressai uma doutrina religiosa ou uma forma de governo que consegue satisfazer milhares de seres - pelo contributo social, cultural e espiritual - se registem os acontecimentos dessa época, valorizando apenas certos factos ou seres (os vitoriosos) que se “imortalizaram” e assim contribuíram para o progresso desse povo. Com isso descuram-se outras situações, acontecimentos e progressos noutras regiões, ou mesmo seres que se notabilizaram pelo pensamento diferente, mas que pertenceram a outra esfera de poder e de influência religiosa ou filosófica independente. É assim também a História da Índia, cheia de oscilações, ora depondo seres, ora elevando-os, naturalmente, à semelhança de outras civilizações.
  (... continua) 
topo
questões ao autor sugerir imprimir pesquisa
 
 
Flor de Lótus
Copyright © 2004-2024, Fundação Maitreya ® Todos os direitos reservados.
Consulte os Termos de Utilização do Spiritus Site ®