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Uma conversa com amigos

de Ajahn Sumedho

em 27 Fev 2016

  (...anterior) Foi pensado deliberadamente para criar esta consciência, até mesmo fazendo cancelas com degraus, onde nos apertávamos para contornar algo estreito, e assim podermos passar. Também tinha um grande sentido de humor. Um dos meios eficazes de me ensinar, era fazer-me rir de mim próprio. A vida monástica pode levar a sentirmo-nos muito sérios, porque lida com a moralidade e todas essas coisas pesadas que nos podem levar a um estado exagerado. Quando chegávamos a este ponto ele conseguia fazer-nos rir do absurdo da situação. Agradava-me muito isso porque, de repente, já nada de pesado existia em nós. Não há dúvida que, à sua maneira, era uma pessoa muito alegre, bem como uma presença cheia de muito amor.
No primeiro ano que lá passei, alguém começou a gravar as palestras de Ajahn Chah e ofereceu -lhe um gravador. Ele adorou a máquina. Passou a gravar tudo quanto dizia e a seguir, à noite, punha-nos a ouvir as gravações no seu kūti, o que, deveras, me aborrecia, porque preferia ouvi-lo a ele, não queria ouvir o gravador. Porém, ele estava a começar um estilo de gravações que, muitas delas voltaram a ser regravadas ao longo dos anos e agora são CDs e outros meios de comunicação. Se as escutarem, poderão ter uma ideia de como ele falava, não obstante sejam em Tailandês e até frequentemente em dialecto. A cultura tailandesa é uma cultura bastante natural e prática. Ele usava a língua tailandesa muito bem, uma língua muito rica em trocadilhos e com capacidade de brincar com as palavras, levando o Dhamma à vida das pessoas de uma forma que outros monges não sabiam ser possível – como por exemplo, ensinando agricultores analfabetos a praticar. Os agricultores de arroz diziam que, antes de conhecerem Ajahn Chah, pensavam simplesmente que não conseguiriam praticar e que só os monges o fariam, uma vez que eles eram apenas agricultores analfabetos, e tudo quanto poderiam fazer era obter mérito. Afirmavam que ele foi o único que os ensinou a praticar e a meditar.

JK: Vinham na Lua Cheia e no quarto de lua Wan Phra, que eram os dias em que nos sentávamos durante toda a noite. Ao princípio seriam poucas centenas, mas depois que foi construída a sala grande, passaram a quinhentos ou mais. As pessoas vestiam-se de branco, a maioria deles aldeões das proximidades, sentavam-se, e davam-se os ensinamentos do Dhamma. Alguns deles eram óptimos praticantes, particularmente as mulheres. A devoção, a firmeza e sabedoria de uma quantidade de praticantes leigos era realmente fantástica e muito inspiradora. Eu ficava ali sentado, desejando mexer-me e com a mente a vaguear, e quando olhava via aquelas pessoas - que me alimentavam e me faziam a vénia, como se fosse alguém verdadeiramente especial - sentadas, tal qual o Buda.

WN: Quer dizer algo mais sobre Ajahn Chah?
AS: Fiquei surpreso com a fama que ele ganhou, porque vivia numa parte da Tailândia bastante remota e pouco atractiva, e era mesmo só a forma como ensinava e o efeito que causava, quer nos tailandeses, quer nos ocidentais, que o tornou tão conhecido. Foi por causa dos ocidentais e das dificuldades criadas por não falarem tailandês, num mosteiro onde só havia monges tailandeses, que Ajahn Chah teve a ideia de criar Wat Pah Nanachat, como um lugar especial para treinar ocidentais. Como eu era o monge mais sénior, seria o monge principal. Ao princípio não sabia muito como fazer, mas, porque tinha decidido que iria ajudar, determinei-me a fazê-lo e resultou. Wat Pah Nanachat é hoje em dia muito bem considerado na Tailândia, e para lá vão ocidentais de todo o mundo, para receber treino. Esta era uma visão das coisas muito típica dele. Ajahn Chah ensinou o propósito e o significado da vida monástica. Foi através dele que consegui ver a vida monástica na sua totalidade: a vida em consciência e em contentamento, a ênfase na comunidade - Sangha - e na entreajuda. Isto era uma grande parte da prática, tal como não ter bomba de água, para ter que depender da ajuda dos outros, sempre que tínhamos de tirar água do poço.
  (... continua) 


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