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A Essência do Vedanta4
de Tandavaraya Swami
em 23 Ago 2017
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Mestre: Escuta estas palavras da grandeza dos sábios quando actuam perfeitamente, disfrutam perfeitamente e renunciam a tudo perfeitamente:
24 – Como um monte de pedra não se move por si mesma nem põe objectos em movimento, e sem dificuldade se orientam pedaços de ferro até ela, tampouco actuo por mim mesmo nem o fazem os outros, e sem dúvida o mundo foi activo antes que eu o tenha sido. Como o sol, sou uma testemunha despreocupada por todas as funções do corpo, dos sentidos, etc., e também o estado de paz que resulta da fusão da mente com Brahman. O possuidor desta firme experiência é um perfeito criador.
25 – O que disfruta perfeitamente é o que comparte tudo o que lhe chega no seu caminho sem discriminar o saboroso do que não é, do limpo do sujo, do saudável do enfermo, como um fogo ardente que consome tudo o que acontece no seu caminho. O homem cuja mente é um cristal puro, que não se vê afectado pelas fases transitórias, pequenas ou grandes, boas ou más, para ele ou para os outros, é o perfeito renunciante. Um sábio libertado é estritamente um exemplo que encarna estas três virtudes (unidas).
26 Discípulo: Como se pode considerar que a tarefa de um sábio está acabada se mediante prārabdha vive num corpo, actuando e ensinando do que é conveniente às outras pessoas desejosas de libertação? Mestre, tu que eliminaste a causa do meu sofrimento, responde-me, por favor!
27 – Mestre: As ocupações das pessoas são de três tipos: as que pertencem à vida presente e aquelas que pertencem ao futuro são somente para os ignorantes, possuídos pelo desejo de prazer, pelo sentido da propriedade e ao apego ao corpo. Só os que aspiram à libertação buscam aprender a Verdade, etc. Acaso fica algo para obter mediante a aprendizagem da verdade e outras acções semelhantes para uma pessoa que é toda perfeição.
28 – Discípulo: Oh jóia excelsa entre os Mestres! Ouve-me. É correcto que possam praticar sozinhos a verdadeira sabedoria os que têm desejado deliberadamente os prazeres da vida aqui e no plano seguinte? Podem acaso os que se afastaram das actividades mundanas e dos rituais para pisar o caminho da libertação voltar de novo aos velhos métodos?
Não são a escuta, a razão e a meditação necessários para que a mente seja firme? Diz-me a verdade!
29 – Mestre: Sábio filho meu! Os que não sabem devem aprender a Verdade (tal como o ensinam as escrituras e os Mestres); os que estão nas mãos do conhecimento incorrecto devem praticar a meditação. Pode haver algo desejável para os que se tenham convertido em Existência-Consciência-Perfeição real e etérica?
30 – Discípulo: Senhor, ouve-me! O homem sábio pode dizer como o ignorante: «Eu fiz; Eu vi; Eu comi» e «Eu fui» Dizes que estão livres de conhecimento incorrecto. Pode a realização de Brahman admitir este tipo de expressões? Por favor, haja luz neste ponto.
31 – Mestre: Uma pessoa que desperta de um sonho fala das suas experiências no sonho. Da mesma maneira, o sábio que tenha alcançado a auto-realização, apesar de usar a linguagem do ignorante, não está apegado ao seu ego. Um homem que se lança nas chamas em vésperas de converter-se a um deus imortal fala apenas como um homem até que o seu corpo seja reduzido a cinzas. Assim mesmo, o sábio livre do ego parece actuar como os demais até que abandona o corpo.
32 – Discípulo: Se é assim Mestre, embora os objectos sejam irreais, as transacções (associadas com eles) não deveriam causar dor? Podem comprovar acaso o gozo do conhecimento? Somente se pode sentir este gozo se estão ausentes. Não é necessário concentrar-se só num ponto? E se a pessoa pratica esta concentração, pode-se dizer que tenha acabado a sua tarefa?
33 – Mestre: Filho auto-realizado! As actividades terminam quando se acaba prārabdha. Não é a prática do samādhi uma obra mundana uma actividade da mente? Ao ser uno com o Ser transcendental, pode fazer-se alguma coisa que se distinga Dele?
(... continua)
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