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Avanços de mentalidade
de Maria Ferreira da Silva
em 18 Set 2023
A palavra, mentalidade, designa a qualidade da mente que abarca maior compreensão. Por tal, atraso de mentalidade não quer dizer atraso mental, mas avanços de mentalidade, significa obter graus de inteligência, que permita compreender (individualmente) a vida de forma mais vasta, onde esse evoluir de pensamento nos faz entender, que a compreensão anterior já está ultrapassada. Se algo parece ter sentido hoje, amanhã pela abertura mental e espiritual que um Ser vai fazendo no seu progresso interno, surge uma forma mais profunda e clara de entendimento. Factos passam a ser obsoletos, sem sentido, nem como base de apoio para se continuar a pensar do mesmo modo.
Temos alguns exemplos, tais como a guerra actual na Ucrânia, a repressão sobre as mulheres nos países islâmicos, a corrupção continuada de políticos, etc. Não só o mundo evolui pela influência silenciosa dos mais avançados espiritualmente, que vai transformando pelas ideias e formas de viver, como as circunstâncias mundiais vão mostrando a eterna mudança a que somos sujeitos neste planeta. Obriga-nos a reagir e a reinventar formas de sobrevivência, que desencadeia um maior esforço mental - o cérebro a trabalhar mais – desenvolvendo então, maior acção cognitiva, dando, portanto, à mente nova oportunidade de reorganizar o pensamento. Esta nova estrutura ou mecanismo de compreensão, despoleta mais inteligência, e o que ficou para trás é passado.
Damos conta de que nas últimas décadas, esta progressão mental faz-se sentir, embora alguns continuem nos seus conceitos enraizados no passado, sem compreender o quanto certas formas de viver e de entendimento estão ultrapassadas. Como é possível estarem a morrer milhares de seres humanos numa guerra, só porque o líder russo quer mais território? Para tornar a Rússia maior, e pelo seu engrandecimento pessoal? Ridículo! Desumano! Atraso de mentalidade.
A visão dos islâmicos sobre a religião e da posição no mundo é absolutamente retrógrada, não falando dos mais fundamentalistas, como os talibãs no Afeganistão, ou os aiatolas no Irão, autênticos bárbaros, onde a masculinidade impera para ditar leis medievais sobre as mulheres, que até os cabelos têm de tapar, anulando toda a dignidade e liberdade das mesmas. Inacreditável! Atraso de mentalidade.
Por outro lado, o mundo onde a mulher é livre, ainda falta percorrer algum caminho que lhe permita, pela nobre atitude educar os homens. Não são os movimentos feministas ou quaisquer outros que levam à postura correcta ou à dignidade, mas a evolução espiritual é que ensina, como realizar a sua feminilidade, pelo ser humano que é, responsável e independente. A liberdade não representa banalidade ou libertinagem, porque a verdadeira mulher, realizada espiritualmente, por só irradia e “seduz”. (Se é que ainda vive sobre a pressão de agradar). Ser dignamente mulher é viver em paz consigo e com os outros, neste caso com os homens, em que estes são apenas um complemento à sua humanidade.
A liberdade dá a capacidade de autodeterminação e sobretudo responsabilidade perante tudo; decisões, acções, omissões etc. Ser livre faz parte da condição humana da mulher e do homem e, só esta premissa, permite avanços de mentalidade dentro do equilíbrio e da paz.
O eterno masculino, feminino, o positivo e negativo, ou o receptivo, se desorganizado é amorfo e inútil, pois está separado da energia interna ou espiritual, mas se em uníssono, esotericamente unido, emerge a infinita compreensão. E compreender é subir mais um degrau para mais inteligência, onde então, o avanço de mentalidade tem lugar preponderante.
Obviamente, que existe um limite de natureza cognitiva na nossa própria estrutura mental, que acaba por impedir a compreensão mais lata ou profunda a partir de certo nível de complexidade. Contudo, a nossa estrutura cerebral está à partida preparada para desenvolver-se na aprendizagem, obrigando a ligações cognitivas sempre renovadas, o que permite tal avanço de mentalidade. É como se afinal esse limite fosse a porta que ainda se pode abrir, revelando uma “paisagem” nova e inesperada. Esta aprendizagem se for na área do aperfeiçoamento e do conhecimento mais espiritual do ser humano, ganha então nova forma, que despoleta mecanismos que vão abarcar todo o cérebro e, por consequência, mais apto à compreensão mais profunda e extensa.
A plasticidade cerebral não é limitada à própria estrutura já criada ao nascer, mas ela permite ir além do seu “espaço”, rompendo barreiras que só existiam para serem ultrapassadas, permitindo mutações na vida presente, mas que sejam a base da estrutura mental, psíquica e espiritual de uma próxima vida.
(... continua)
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