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E do carvão se fez luz

de Maria João Firme

em 14 Jun 2015

   “Uma via para a ampliação da consciência do Homem no Cosmos”, foi o tema do seminário de Antroposofia, proposto pelo grupo Waldorflus, e realizado entre 13 a 15 de Fevereiro último, em Lisboa. Adriana Mariutti proporcionou aos participantes uma experiência artística com carvão, que foi vivenciada individualmente e em grupo. Depois foram utilizadas aguarelas de cores ténebra e magenta, que se transformaram em trabalhos plenos de luz e de delicadeza. O “binómio” luz e sombra, como arquétipo do ser, foi mais tarde evocado por Carmelo Samoná. No uso da palavra, disse que é justamente na confluência destes dois pólos, que a luz do mundo se une à obscuridade (ou consciência que o Homem tem de si mesmo), sendo nesse ponto, que deve ser procurada a nossa essência.

A filosofia e o método utilizados no seminário, foram antroposóficos. Tal como na pedagogia Waldorf, o pensamento deve estar entrelaçado com a atividade artística e equilibrar-se com a vontade, num caminho de autoconhecimento. Enquanto seres humanos ou educadores, não somos perfeitos mas, por princípio, praticamos a auto-educação e aceitamos que luz e trevas fazem parte da essência do homem. Na verdade, elas ecoam profundamente em nós, provindas de locais e eras remotas, sem espaço nem tempo mas... ao reconhecê-las, as nossas células tremeluzem de vida, dançam com as suas memórias e preparam-se, por fim, para um rigoroso trabalho de transformação pessoal.

Esta oposição metafísica, presente de forma inconsciente na vida humana, assume as mais criativas e variadas formas. Está na hora de ser assumida pelo homem, sentida e vivenciada em consciência. Chegou a hora de ultrapassar um acesso inconsciente e pontual a imagens soltas deste “binómio” e, de forma consciente, vivenciar a síntese entre céu e terra, que temos em nós. De labor em labor, de transformação em transformação, até que se resolva a dualidade do mundo. Nesse instante, a claridade oculta e a luz da obscuridade tornar-se-ão visíveis e serão uma só. Nesse instante, luz e sombra esfumar-se-ão, como pó de carvão.

A pedido de Adriana Mariutti, Carmelo Samoná terminou o colóquio dando-nos a conhecer as qualidades da substância que tínhamos transformado com as nossas próprias mãos –o carvão. Ficámos a saber que a luz, ao encarnar na terra, encontra o carvão ou, dito de outra forma, os quatro elementos. É o que vemos representado na antiga cruz alquímica: o fogo (ou hidrogénio), quando quente, transforma-se em ar (azoto); o ar, por sua vez, quando húmido dá origem à água (oxigénio), que uma vez fria, dá origem à terra (carbono ou carvão) que, por fim, seco, origina novamente o fogo. É neste carvão da terra que surge o homem, um homem espiritualizado, o Eu (o Eu superior, não egóico). E a cruz mágica representa o corpo, que só quando sacrificado, permite o nascimento do Espírito.

Apenas pelo sacrifício da matéria, esta se pode transformar em espírito. Só “largando”,”abandonando” ou “deixando morrer” o invólcuro exterior do ser, poderá renascer o seu interior. Será esta a verdade da condição humana, o desafio da humanidade, que deverá ser realizado individualmente, para se abra ao mundo. Apenas como indivíduos poderemos “alinhar-nos”, integrar os nossos “vários corpos”, ganhando a competência de pensar, sentir e querer em uníssono, num sublime concerto, com variações do tema “Eu Sou”.
     


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