Seres

Abhinavagupta - Viveu entre os séculos X/XI e teve a sua formação dentro de escolas distintas como o Shivaísmo, o Budismo e o Jainismo. Ordenou e interpretou as principais doutrinas do Yoga (§) shivaita. De grande actividade literária deixou uma vasta obra abarcando filosofia, poesia, metafísica e mística, sendo Paramārthasāra(3) o tratado mais conhecido. Seus textos sintetizam o complexo panorama do Shivaísmo de Kāṣmir de certo carácter monista, ao mesmo tempo que fundamenta intelectualmente, ensinamentos práticos contidos em textos tântricos antigos. Kāṣmir, entre os séculos VIII e XI converteu-se num foco de grande renovação filosófica e mística cabendo o impulso à corrente shivaita, fonte de grande impacto religioso. Abhinavagupta destaca-se como um dos mais proeminentes filósofos de uma parte desse período - para além dos comentários ao Paramārthasāra (herdado de outro iminente filósofo e gramático, o sábio Patañjali, mais conhecido pelo seu trabalho dos Yoga Sūtras) - comentou e compilou inúmeros trabalhos de diversas índoles, desde místicas, metafísicas, não-dualistas (advaita) (dualista-devocional) (dvaita), bem como um tratado de grande influência académica, o Tantrāloka.

O Shivaísmo de Kāṣmir nasce de tradições milenares, como os Vedas e alguns dos seus princípios como teoria baseiam-se na doutrina Sāmkhya, um dos mais antigos sistemas filosóficos/religiosos da Índia, que nos fala de Puruṣa e Prakṛtī, respectivamente, o Espírito e a matéria. Segundo esta teoria, do qual o Vedānta, outro dos sistemas da Índia também partilha, o Puruṣa, o Espírito do homem quando toma um corpo físico fica sob a influência da matéria e assim se desenvolve um processo fenoménico que limita os poderes do Espírito e cria a ilusão, a māyā; este poder ilusório que se manifesta enquanto energia é chamada de Śaktī que contrabalança com o poder de Śiva. Este é um dos fundamentos.

No Shivaísmo o mundo não é real é apenas uma representação. No Vedānta a ilusão do eu individual cria uma falsa realidade pela ignorância, pois só o Espírito o Ātman Espirito é real.

Marco Histórico §