Fundação Maitreya
 
A arte de morrer

de Maria

em 06 Fev 2021

  Ninguém quer morrer! Se há um temor humano colectivo, esse é sem dúvida o da morte. Nunca alguém se sente preparado para morrer, para deixar o seu corpo físico. Não obstante haver aqueles que têm a veleidade de cometer suicídio, não são, porém, exemplo a seguir, porque são na realidade tão fracos psiquicamente, que até da vida têm medo. Também, relativo à eutanásia ela é praticada pelos vencidos.



Neste contexto actual de pandemia fica denunciada e desmascarada a hipocrisia de tantos que aprovam a despenalização da prática da eutanásia, quando nos hospitais se luta pela vida dos doentes, onde os profissionais da saúde têm o dever ético de salvar vidas. A eutanásia é de extrema violência, acto criminoso para quem a comete ou ajuda a cometer. Consagrada a Vida, pela própria vida, ela é inviolável!

O processo evolutivo humano no caminho do aperfeiçoamento implica o desenvolvimento de virtudes, mas essencialmente transmutar os defeitos. Estes manifestam-se conforme o grau de violência interna, muitas vezes disfarçada que nem o próprio é capaz de definir certos sentimentos e emoções que levam a actos menos dignos. Hoje, a educação familiar, escolar e social condena cada vez mais a violência e, portanto, ao abrigo da opinião dos outros essa violência fica escondida, reprimida e, disfarçadamente, acaba por manifestar de alguma forma e conforme o poder de agir de cada um, que pode ser traduzido por: manipulações mentais, regras e leis.

É o caso de muitas pessoas com cargos poderosos que têm possibilidade de decidir pelos outros, usando abusivamente de uma autonomia, disfarçando a sua violência interna, na aprovação de leis. Um dos acérrimos defensor da eutanásia é, então um Procurador, cujos argumentos, naturalmente por submissão ao cargo que ocupa, leva alguns a segui-lo cegamente. Outros, que também comandam estas directrizes com a capa da justiça e do bem, tais guardiões da esquerda política deste País, como educadores dos bons costumes, do politicamente correcto, moralistas disfarçados fazendo coro com outras ideologias progressistas - como donos da democracia - para preencherem o vazio do ateísmo que professam. Aqueles que minimamente são crentes, não subscrevem a prática da eutanásia. Infelizmente há muitos seres “cheios” de vazio interior.

O poder de um lugar ou posição política é muito perigoso, exactamente, pela falta de evolução espiritual, onde os quereres de uma mentalidade medíocre podem comandar a vida de milhares ou mesmo milhões, neste caso, de portugueses ao mando de pessoas notoriamente violentas nos seus interiores, prejudicando tudo e todos. Infelizmente esta é a apatia também da maioria da humanidade que segue conceitos e ideais colectivos, sem pensamento próprio e elevado para combater ou contrariar tamanha desfaçatez de quem tem poder de decidir pelos demais. Por todo este poder, a liberdade individual está em jogo. Porém, se o poder fosse usado com equanimidade nunca a liberdade individual ficaria em perigo. Por si só, o estado de emergência é de grande violência para a liberdade.

Sim, e ainda temos o mais alto cargo da Nação, o Presidente da República que tem demonstrado até aqui conveniência e convivência, sem coragem para contrariar, principalmente os casos da eutanásia e do Acordo Ortográfico, ficando este, até agora, na gaveta.

Mesmo esta pandemia, em que infelizmente todos pagamos o confinamento, se deve à falta de estruturas dos meios sanitários, mesmo na restante Europa, em que as verbas para sustentar a saúde pública são sempre escassas, conforme o demostrou o nosso último Orçamente de Estado, espremido até ao cêntimo para mostrar que a economia tinha crescido. A seguir, o descalabro da pandemia desmoronou todo o esquema matemático, primorosamente abrilhantado pelo ministro das Finanças.

A falta de meios para combater uma gripe mais forte, que é isso mesmo, o Covid-19, naturalmente atinge as pessoas mais vulneráveis, caso dos mais idosos tornando-se mais mortal. Vivemos, de momento num mundo caótico, desconectado, onde o principal não é salvar vidas, mas salvar os lucros que estão por detrás daquilo que dá vantagem económica, que são as manufaturas referentes a todos o material sanitário; máscaras, vestuários médico e de enfermagem, equipamentos hospitalares, e as salvadoras vacinas.

O real poder financeiro e social a partir de agora estará nas farmacêuticas e laboratórios científicos e seus “beneméritos” mecenas, que vão lucrar com o esvaziamento dos cofres de qualquer país, devido à pandemia, impondo desta forma, mais restrições económicas à massa humana.

E, pois, agora, de novo o confinamento, não obstante a vida ser movimento; parar é ressecar, é estagnar.

Na Bhagavad-Gītā, Khrisna assumindo a sua divindade, diz a Arjuna:
«E se me conservar inativo, será a ruína de todos os povos e a causa do caos e destruição de todas as criaturas».

Assim, a corrente da vida só pára com a morte natural de cada um. A arte de morrer assenta na confiança de uma vida plenamente concretizada no dia-a-dia frente às circunstâncias, quer boas, quer mais desafiantes que nos temperam no aperfeiçoamento do carácter, muitas vezes à custa de sofrimento, mas do qual se sai mais forte com a certeza de um dever cumprido. Com este ânimo, o temor da morte transforma-se num bálsamo de um descanso merecido na vida para além dela.

Seguem-se alguns comentários a esta crónica, quando enviada por newsletter pela Editora, Publicações Maitreya
De: Pedro Veiguinha
Enviado: 9 de fevereiro de 2021 22:33
Para: Newsletter da Publicações Maitreya
Assunto: RE: Crónica de Maria Ferreira da Silva

Texto claro e, acima de tudo, transparente, que choca com a volumosa corrente de opinião amplamente difundida pelos interesses financeiros e económicos, que tem usado os seus meios de comunicação de massas para intoxicar a opinião pública. Infelizmente, os argumentos que imperam, destituídos de sentido, científico e espiritual, têm sido cobardemente consentidos pelo meio pretensamente espiritualista, que não têm ousado levantar a voz e corrigir a desinformação, como “meninos bem comportados”, veiculando as opiniões expressas por quem sabe. Esta opinião da Maria, parece ser um oásis no meio do deserto, uma exceção bem vinda , que espero que nos sacuda e nos una, de modo a fazermos frente à escravidão e à incompetência que se instalou há muito e agora atua descaradamente. Obrigado Maria pela lufada de ar fresco!

De: José Cariano
Enviado: 9 de fevereiro de 2021 21:01
Para: Newsletter da Publicações Maitreya
Assunto: Re: Crónica de Maria Ferreira da Silva

Boa noite, muito obrigada por este texto, que está muito bem redigido.
Muito bom.
Um abraço cheio de LUZ.
JC

Querida Maria
Muitos parabéns pela sua crónica da morte. Belamente executada e claramente lúcida. Obrigada
Helena Gallis


   


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