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Nisārgadatta
de Diogo Castelão Sousa em 04 Fev 2022 ![]() Em 1915, por morte de seu pai, Maruti, com 23 anos, muda-se para Bombaim, abrindo uma pequena loja onde começa a vender maioritariamente ‘beedies’ (pequenos cigarros). Em 1924, casa-se, tendo 3 filhos e uma filha (que morrerá mais tarde, juntamente com sua mulher). Alguns anos depois, aos 34 anos, é introduzido por um amigo ao seu futuro guru Siddharameshwar Maharaj, mestre do grupo ‘Navnath Sampradaya’, linhagem que, segundo a tradição, data até à encarnação de certos “avatāras (encarnações divinas). David Godman, devoto de Rāmāna Maharshi, principal escritor dos mais de 16 livros (best-sellers) publicados sobre o mais famoso santo do séc. XX, na ocasião de uma entrevista, reconta algumas das melhores memórias que partilhou com Nisārgadatta, nomeadamente, quando este por iniciativa própria, fazia chegar seus recém-ouvintes à “plateia da frente”, para os inquirir, tal uma criança curiosa, acerca de seus métodos, crenças e expectativas. Mas o que Godman nos conta é que, à medida que tais aspirantes se iam prolongando na história de suas vidas, ao mesmo tempo, Nisārgadatta, ia “irradiando uma energia silenciosa, atenta e penetrante, que, com amor, fazia chegar aos seus mais próximos, dando-os, segundo o autor, a escolher entre uma dessas vias: ou a entrega à pura presença que nesse momento estava a ser ‘oferecida’ ou a sujeição à história que continuamente ‘criavam’ para si mesmos. Como atesta um dos seus mais respeitáveis discípulos ocidentais, Maurice Frydman, humanista e engenheiro polaco, Nisārgadatta: “não era um homem instruído. Não existe erudição por detrás do seu dialeto natural marata; autoridades não cita, escrituras raramente são mencionadas (…) simplicidade e humildade são as notas principais da sua vida e ensinamento”. E no entanto, tanto das suas palavras eram dignas de ser proferidas apenas por um mestre: “Eu sou o princípio que sobrevive a toda a criação, a toda a dissolução”. Cabe por ventura dizer que Nisārgadat nunca escreveu nada em papel; seus livros são o resultado das várias transcrições realizadas por parte de seus discípulos, dos diálogos com seus ouvintes. Como tal, qualquer pessoa que abra um dos seus livros não pode nunca ficar indiferente à espantosa e inebriante energia que se desprende de cada uma das suas palavras, tal a força com que as proferia. Por último, após longos anos de instrução, partilha e transmissões, a 8 de Setembro de 1981, Nisārgadatta, parte com 84 anos, deixando um legado como um dos mais desafiantes e admirados mestres de espiritualidade das últimas décadas. Citações Toda a gente ama o seu corpo, mas poucos amam o seu verdadeiro ser. A Inteligência é a porta para a liberdade e a atenção alerta é a mãe da inteligência. Nenhum caminho é longo ou curto, mas há pessoas que são mais sérias e outras menos. A essência da santidade é a aceitação total do momento presente. O amor diz: “eu sou tudo”. A sabedoria: “eu sou nada”. Entre os dois minha vida flui. Estar liberto de pensamentos é em si mesmo, meditação. Primeiro, liberta-te do sofrimento e só depois pensa em ajudar os outros. Dor e prazer são as cristas e vales das ondas do oceano da beatitude. Lá nas profundezas, existe total completude. Sem a consciência o corpo não duraria um segundo. Há no corpo uma corrente de energia, afeção e inteligência que guia, sustém e energiza o corpo. Tu queres um ‘vislumbre’ instantâneo, esquecendo que o instante é sempre precedido por longa preparação… O fruto cai de repente, mas seu amadurecimento leva tempo. Observa o que és. Não perguntes aos outros. Uma mente calma é tudo o que necessitas. Tudo o mais acontecerá a seu tempo, quando a mente se acalmar. Silêncio é o fator principal. Na paz e no silêncio crescemos. A tua própria imutabilidade é tão óbvia que tu não a notas. ![]() |
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