Fundação Maitreya
 
Domínio das energias psíquicas

de Maria Ferreira da Silva

em 03 Ago 2023

  Saber dominar a sua própria energia psíquica é uma qualidade mental que leva ao equilíbrio das emoções e da saúde em geral. A energia psíquica (no ser humano) tem o seu princípio no plano astral, que corresponde ao respectivo corpo astral (forma etérea), o qual foi constituído antes do corpo físico. A manifestação tanto cósmica, quanto humana tem o seu começo de cima para baixo, portanto, sem o corpo astral o corpo físico não teria suporte. O plano* astral ou nível invisível de manifestação de forças vitais, envolve universalmente o plano físico ou matéria. Porém, o plano astral é composto de muitos níveis e planos; desde os mais nublosos aos mais cristalinos ou espirituais e, portanto, nos níveis mais baixos há certas perturbações que interferem constantemente com o plano físico e, por consequência, o ser humano é por sua vez influenciado. Estar integrado num determinado plano, depende da evolução de Consciência e para não ser afectado por níveis inferiores, deve-se ter perfeito domínio mental para evitar essas interferências. Muitas das doenças físicas são proveniências de energias mal controladas do corpo astral que influenciam a parte psíquica. A forma de beneficiar de boas influências é a pureza da Consciência, defendendo esta, a sua própria rede áurica.

É necessário, então, saber cultivar, manter e arrecadar (guardar) a sua própria energia psíquica, pois geralmente quando há uma doença, ela é resultante da quebra da energia psíquica. Recriar a energia passa pela vitalização dos centros nervosos através do domínio mental, porque são os exageros emocionais que bloqueiam o cérebro e levam ao esgotamento das energias etéricas. Para além da meditação, também a oração, pode repor e equilibrar a vitalidade, quer mental, quer física e essencialmente espiritual. Recriar-se passa pelo restabelecimento das forças físicas, mentais e espirituais e, para o qual contribui também contemplar a beleza, como por exemplo, o mar ou uma obra de arte, que pode produzir efeitos na melhoria mental.

As energias podem ser cada vez mais refinadas (puras), quanto mais elevado for o pensamento do ser humano. Na consonância do homem com o Cosmos ressoará a combinação subtil do seu Espírito com a Mente Divina. Só assimilando correntes de energias subtis se acumula pura energia psíquica.

Livro Infinito:
«Aquele que se aproxima do último caminho, que leva dentro de si mesmo a síntese de tudo o que é belo, criará aquelas formas pelas quais seu Espírito aspira. Eu afirmo a Beleza!»

O ser humano deve levar uma vida de elevado altruísmo e empreender uma disciplina que submeta e refina seus veículos inferiores e esforçar-se por purificar e controlar as suas envolturas (corpos etéricos): astral, mental e físico.

1º - Purificar, disciplinar e transmutar a sua natureza inferior que se alimenta de emoções exageradas, as quais têm a sua base no plano astral.

2º - Cultivar o conhecimento de si mesmo e, estruturar o corpo mental, que deve ser constituído e construído com base nos bons pensamentos e rectas acções.

3º - Servir o mundo com abnegação.

Desta forma, os estímulos dados pelos pensamentos elevados, fruto da pureza interna e intenções espirituais, desencadeiam ligações neuronais que produzem maior quantidade de substâncias (aminoácidos), mais do que no seu funcionamento comum e fazem ascender as energias a planos de consciência superior, onde então, se realiza e compreende com clareza a ligação com o divino. No coração encontra-se a motivação, na mente a acção, e quanto mais pureza, maior qualidade na fé, no fervor religioso e místico e na aspiração ao divino e, portanto, maior impulso recebe a mente e o coração para a realização espiritual. Esta realização fica gravada na Consciência de quem a experiencia e marca a integração em Deus, não podendo nunca mais ser esquecida ou rejeitada. Esta é a certeza do realizado e, é isto, que leva à iluminação, ao Samādhi, ao Nirvāna.

Contudo, a ciência encontrou o efeito, não a causa; ou seja, a dopamina e outras substâncias são o efeito produzido pelas ligações neuronais e, embora o ser humano a produza normalmente, não é o suficiente para manter a felicidade, recorrendo os carentes, a dependências, tais os doces, as drogas e o álcool. Se houver um propósito mental correcto que fomente os mecanismos cerebrais adequados, a dopamina e demais proteínas produzem-se constantemente dando o precioso bem-estar. Por isso, os yogīs, ao percorrer a senda do controlo mental e da realização espiritual, contribuem para a purificação, com a qual se produzem as substâncias necessárias para o viver em felicidade. E, por processos cada vez maiores de sublimação espiritual, as forças internas libertam energias cada vez mais subtis que permitem ligações duradoiras, refinadas e constantes ao Divino, levando a tal felicidade que arrebata ao êxtase. São assim bem conseguidos os esforços dos ascetas ou yogīs na caminhada espiritual para o equilíbrio do corpo físico, da mente e do Espírito.

Cada ser humano traz à nascença o cérebro marcado pela hereditariedade e com o “sulco” do seu próprio karma, mas as qualidades que englobam a evolução de Consciência são adquiridas em cada vida pelo auto-esforço. Clarificando: apesar de herdar características físicas e psíquicas dos progenitores, cada um, vem “cunhado” com as acumulações de acções e pensamentos das encarnações anteriores fazendo único cada indivíduo, contudo, não chega para fazer a diferença; ela reside no propósito do aperfeiçoamento pelo esforço próprio, em cada vida.

A igualdade humana deve ser aceite e compreendida dentro da grandeza cósmica da qual fazemos parte e que dá a todos, as mesmas oportunidades de usufruírem da essência espiritual distribuída para a vida manifestada. Cada um recolhe as energias, executa as suas acções e usa as forças psíquicas do pensamento de acordo com o seu estado de consciência. Assim a igualdade existe, mas a capacidade e a qualidade de cada um, dita o seu destino pela diferença de Consciência.
Numa volta mais alta da espiral ou a certo nível de evolução espiritual adquire-se o conhecimento dos níveis mais excelsos e, portanto, cada vez mais consciência do Divino.
Esta diferença de Consciência reside no grau de responsabilidade, tanto consigo mesmo, como para com os outros e é a força que leva ao cumprimento da vida, não pelo “arrastar” ao saber do vento (karma), mas colaborando na sua construção de forma abrangente e justa, ciente da necessidade universal.

«Convém lembrar, que as diversas encarnações tecem uma só Consciência». (Agni Yoga).

E para que servem as encarnações, se elas não são dirigidas para a evolução da Consciência? Se nada se faz numa vida para o melhoramento de carácter e para o alargamento de consciência, essa vida será somente uma página da vida em branco ou sem sentido. Todas as acções devem ser guiadas pela vontade da pureza interna na realização espiritual.

Como pode alguém, ainda com consciência menor ou pouco desperta, querer ter as mesmas oportunidades daquele que já desenvolveu e aprimorou a sua Consciência? A compreensão e a responsabilidade deste último será maior, portanto “pegará” na vida de forma diferente, ou seja, será pelo seu desempenho e atitude que vingará e superará as dificuldades da vida. Não estou a falar de bens materiais, mas de bens humanos e espirituais. Há uma verdade incontornável: que a responsabilidade é de Ser e não de ter.

Consciência pouco desperta, tanto pode derivar da falta de vontade, obstruída por demasiados desejos sensuais e materialistas e, portanto, não desenvolveu a capacidade de a usar no aperfeiçoamento de si mesmo e se acomodou à preguiça. Como também, do grau de evolução mental do grupo de almas a que pertence, que pode ter sido a última leva de seres a encarnar na Terra, ou por qualquer outra razão se atrasou na evolução.
A vontade é uma das qualidades que se pode aplicar e desenvolver para maior realização espiritual e humana. Quem sabe usar a vontade adquire maior autocontrolo; o parâmetro que limita o excesso e amplia a responsabilidade para o agir correcto.

A força de vontade define o carácter do homem, mas essa qualidade depende do estado de consciência. A força de vontade desenvolve-se com a evolução espiritual e, sendo esta força uma energia, ela não se esgota se “alimentada” pelos pensamentos elevados - místicos e altruístas – impulsos através dos quais o cérebro produz mais substâncias químicas naturais e essenciais, despoletando mais energia para sustento da firmeza da vontade. Sabemos que a força de vontade tem oscilações e de acordo com os humores pode provocar sentimentos de maior ou de menor estima, contudo, a firme vontade é uma qualidade que se vai ganhando na estruturação interna conforme se avança no caminho espiritual; ela dá confiança nas decisões e nas acções que são necessárias.

Há, no entanto, que fazer a distinção entre a vontade que emerge da vontade consciente, visando motivos superiores e consistindo numa forma mental estruturada e construtiva, e a vontade que provém de motivos derivados dos desejos primários, que emergem do plexo solar e dos órgãos de procriação, consistindo numa corrente de energia emocional e sexual, revelando um propósito egoísta e pessoal.

Que tipo de matéria se emprega para formular pensamentos?

Qual a qualidade psíquica das formas mentais de cada um?

Poucas pessoas na humanidade trabalham deliberada e conscientemente usando unicamente matéria mental inteligente. A maior parte dessa energia usada pelo homem é na maioria de desejo, kama-manásica acompanhada da mente inferior onde se sobrepõe a força do desejo. Porém, a tendência da evolução é desenvolver a capacidade de construir com matéria mental. A energia de desejo, karma-manásica deixa ao redor da aura uma condição densa e nublosa. Só usando de forma consciente o pensamento superior, se pode desbloquear e dissipar as formas mentais inferiores. Quando por meio do controlo mental através da concentração - passo preliminar da meditação - se começa a precipitar dos planos superiores mentais a energia búdica da vontade, então será capaz de energizar sua própria vida com ideias claras e objectivas, aliando o seu querer com o serviço ao mundo, ao qual se propõe na vida presente. A qualidade mental define a sua missão.

A vontade, então, corresponde a um determinado grau de inteligência em cada Ser designado naturalmente, pela sua evolução espiritual consciente. Portanto, a vontade tem vários níveis de expressão, dependendo do estado desperto da Consciência de cada um. Os sistemas doutrinais e filosóficos do Oriente mais avançados, como os Upanishads, o Vedānta e o Yoga no Hinduísmo e o Budismo nas suas Quatro Nobres Verdades, ensinam que pelo autodomínio se podem cessar os desejos inferiores através de práticas de meditação e de esforço consciente no autoconhecimento. Assim, a vida espiritual torna-se numa verdadeira forma de arte na construção arquitectónica do nosso interior. Esta harmonia na autorealização espiritual é a mais nobre forma de arte do Homem.

É a construção do belo no seu próprio edifício com o maior senso de proporções, já que abarca o corpo físico, o psíquico ou mental e o espiritual.

Na realidade, o esforço no sentido do melhoramento de si mesmo e de evoluir espiritualmente pela vontade consciente, pertence a uma minoria face a tantos biliões de seres na humanidade. Uma boa parte desses biliões pertencem a religiões que, embora, já influenciem os crentes à melhoria de carácter e ao bem comum, tem-se mostrado insuficiente, quando se trata da auto-realização ou consciência pessoal de Deus. Outras convidam ao comodismo, e ainda outras, à violência disfarçada, mascarada pela invocação sistemática do nome de Deus, mesmo na acção mais criminosa. Nenhuma religião tem o direito de invocar Deus para matar.

As religiões têm um carácter condutor, apelando à moral, ao bem ao próximo e à fé em Deus, contudo, não chega. A maioria deixa-se ficar pelo comodismo de pertencer a uma religião, como se o facto de pertencer a uma religião, delimite e assegure a espiritualidade, sendo necessário apenas cumprir com as regras e as práticas da doutrina. A espiritualidade é muito mais do que isso; passa pela superação constante e consciente de si mesmo e por um trabalho atento de investigação interior, onde então, no silêncio se revela a chama divina. Espiritualidade é a forma concreta de realizar a plenitude humana.

Nota – Quando falamos de planos espirituais, referimo-nos a estados de Consciência que são a essência e a base da compreensão. Os planos, astrais, mentais e búdicos não são patamares concretos, mas planos abstractos estruturados entre os vários graus de compreensão referentes a cada plano. Só são superiores ou inferiores conforme o patamar de consciência. Portanto, há estados de transição e podem-se mesclar, o inferior ou negativo com o positivo ou superior para atingir etapas de vibração ou graus mais elevados de Consciência e de compreensão através da mente-inteligência. Pode-se aceder na evolução espiritual de planos cada vez mais elevados integrados numa Consciência unificada.

   


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Impresso em 18/5/2024 às 5:36

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