Fundação Maitreya
 
O mistério da Arte

de Diogo Castelão Sousa

em 07 Ago 2023

  Certa vez, ouvi uma Mulher dizer “adorei aqueles quadros, eram magníficos porque conseguiam mesmo mostrar a beleza da alma humana”. E não será esse o objetivo de toda e qualquer obra de arte? Mostrar a beleza da alma humana, ligando-nos ao Criador, através da mudança de sentimento interior, que nos lembra e desperta para o Bem? O mais milagroso na obra de arte é quando impele o ser humano a ser melhor, pela aquisição de uma consciência mais universal, ética e espiritual. Sim, temos que existe a arte política, subversiva e conceptual (intelectualmente estimulante), mas se a arte não transforma a vida do observador, não incentiva a superação das suas próprias limitações e impele à descoberta de mundos interiores, falha na sua missão principal. O propósito da arte é tocar a alma humana.

É natural que, para alguns, a Arte se reduza historicamente a uma série de vanguardas, estilos ou épocas. Mas, na verdade, a sua função, é ser descoberta tal como ela é: intemporal e livre na sua natureza, pronta para ser expressa da forma mais correta e adequada aos tempos que correm. Não existe uma fórmula universal que a contenha, pelo contrário, são as mentes dos homens que descobrem e elegem os meios e regras mais apropriados para a expressarem, de acordo com a sua índole ou estrutura mental e consciencial.

A melhor arte é aquela que encaminha o Ser para o Bem. Naturalmente, ela responde a uma necessidade interior do ser para compreender o seu universo, seja ele interno ou externo, ou a um estímulo superior. Todo o artista que ergue o seu pincel, caneta ou escopo para talhar e produzir a sua obra de arte, ingressa numa jornada de descoberta interior. Assim, o ponto de partida é sempre o Desconhecido, haja uma inspiração ou não e, como tal, é sempre no maravilhamento do Cosmos que o ser se identifica como genuíno artista, relevando a sua natureza de investigador ou contemplador nato.

A Beleza da Arte é reconhecida quando produz um efeito benfazejo no íntimo do espectador. Além disso, quando um ser atinge numa obra artística a representação arquetipal de uma ideia abstrata e metafísica, começa a despoletar dentro de si e à sua volta a consciência de realidades invisíveis, conseguindo gerar uma maior percepção grupal de conceitos mais transcendentes, que melhor se integram, a partir desse instante, na realidade quotidiana do coletivo.

Aquilo que nos prende a uma obra de arte é, portanto, a sua aura intangível, contudo, por vezes palpável, que se refere à completude ou conjunto de traços, conceitos e notas singulares de um todo homogéneo. Cada parte do todo transfigura o olhar e leva o espectador ao entendimento de uma nova dimensão de contemplação, unificada num novo estado de ser (ato contemplativo).

Porém, a partir do momento que uma nação, país ou cultura deixa de investir, incentivar e promulgar medidas de promoção do setor artístico, esconde e esquece o valor deste património tão caro à humanidade, que sempre guiou e principiou o desvendar da riqueza interior do ser humano, da sua ligação subjacente a excelsos mundos interiores que carrega dentro de si e a realidades que podemos designar como ocultas. Sejam esses tesouros designados como o ‘Reino de Deus’, a ‘Alma Humana’ ou a ‘Luz do Espírito’, a Arte é certamente o melhor veículo coletivo para guiar historicamente uma cultura em direção à Luz e Bem interiores que moram dentro do próprio ser.
   


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