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Entrevista a Ajahn Sumedho
de Carla Mendes em 26 Jun 2006 ![]() «Ajahn Sumedho Monge Budista, esteve em Portugal para uma série de Conferências e nesta entrevista confessa o que o levou a apaixonar-se pelos ensinamentos do Budismo e diz que espera despertar o interesse dos portugueses por aquilo que está para além da vida material». “Encontrei por fim a paz interior” Carla Mendes – É um americano branco de origem protestante. O que o levou a interessar-se pelo budismo? Ajahn Sumedho - Apelou-me porque era uma filosofia ou religião que podíamos questionar e explorar, que não nos dava as coisas como adquiridas. E como eu tinha uma natureza céptica, achei interessante explorar este tipo de conhecimento. Foi o que fiz, ao longo de todo este tempo. C.M. - Foi fácil deixar tudo e passar a viver num mosteiro? A. S. – Não tinha quaisquer ambições terrenas ou materiais, aliás estava cansado das coisas mundanas e por isso não me custou muito abraçar este tipo de vida monástica. Pensei que era uma oportunidade muito boa e não a desperdicei. Claro que não tinha intenção de ser monge durante tanto tempo, mas depois de alguns anos percebi o efeito que o budismo tinha em mim e por isso continuei. C.M. – Houve alguma coisa de que tivesse sentido falta? A.S. – Não senti falta de nada. Eu tinha muita infelicidade interior dentro de mim, a forma como pensava e a tendência como via as coisas era negativa e foi através deste treino mental que encontrei a paz interior. Isso considero ter sido um grande sucesso, aquilo que muitos não conseguem ter. C.M. – Hoje em dia, no Ocidente, há cada vez mais adeptos do budismo. Acha que este tipo de religião está na moda? Aj.S. – As pessoas estão muito stressadas com o ritmo de vida, com as modernas tecnologias. As suas vidas tornaram-se sem sentido, muito materialistas. Sentem-se insatisfeitas e por isso são atraídas para a religião, para aquilo que está para além da vida material e mais próximo de um entendimento sobre a razão de ser da vida. C.M. – Esta procura poderá ter a ver com uma desilusão com outras religiões, nomeadamente o cristianismo? Aj. S. – É verdade que muitos já não acreditam na doutrin C.M. – Desde sempre, e hoje continua ser assim, temos assistido a muitas guerras em nome da religião e de Deus. Como vê estes conflitos? Aj. S. – É contra a nossa moral tirar a vida a outro ser intencionalmente. Outras religiões não são tão claras a este respeito, permitem guerras santas. Na minha opinião, essas guerras não têm tanto a ver com a religião: são antes lutas pelo poder. C.M. – Vive num mosteiro. Mantém-se a par do que se passa no mundo? Aj. S. – Sim, sabemos o que se passa, mas tentamos não nos envolver. Contudo, não nos fechamos ao mundo. C.M. – Como é um dia no mosteiro? Aj. S. – Levantamo-nos às quatro da manhã e dedicamo-nos aos cânticos e à meditação. Depois, realizamos algumas tarefas e às sete tomamos o pequeno-almoço. Antes do meio-dia temos a refeição principal e depois não comemos mais nada. A tarde é deixada ao cuidado de cada um, para a meditação, a leitura e à noite temos uma reunião de comunidade para cânticos e meditação. 2ª Parte Entrevista a Dhammiko Trocar a estabilidade pela Luz Trajado a rigor, pés descalços e hábito laranja, Eduardo ou melhor, Dhammiko (que significa “Aquele que se estabeleceu na Verdade”), explica o que levou um português de 35 anos, engenheiro de produção agrícola, com família e emprego, a trocar tudo isso por um mosteiro budista nos arredores de Londres, Inglaterra. «O que tinha na vida não chegava. Queria ir mais além a nível espiritual», conta ao Correio da Manhã. Depois de gastar uma pequena fortuna em livros, divididos por temas tão diferentes como o esoterismo, o espiritualismo e até mesmo o cristianismo, decidiu deixar de lado a teoria e partir, em 2003, para uma viagem pela Europa. Amaravati, o mosteiro de Ajahn Sumedho, foi a última paragem, mas ainda não seria o destino final. «Regressei a casa e aceitei um novo trabalho, mas dois meses depois perguntei a mim mesmo o que estava ali a fazer e voltei para o mosteiro». Hoje passados dois anos, não sabe se fica no mosteiro para toda a vida. Mas encontrou o que procurava: «Descobri uma fonte de luz dentro de mim». ![]() |
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