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Sutta Dhammacakka - Pavattana

de Spiritus Site

em 05 Jul 2006

  Este é o primeiro discurso-sermão do Tathāgata (Buddha), sendo o mais antigo e directo, a base inicial de todas as tradições Budistas no mundo, onde se encontra o ensinamento relativo ao encontro da insuperável e perfeita iluminação. Aqui é exposto a colocação em movimento da incomparável Roda da Verdade, inestimável aonde quer que se exponha no mundo. Revelados aqui são os dois extremos e o caminho do meio, com as Quatro Nobres Verdades e a purificação do conhecimento e da visão, tal como apontado pelo Senhor do Dhamma (Dharma em Sânscrito). Glorifiquemos juntos este Sūtta, proclamando a suprema iluminação independente, amplamente reconhecida como ‘O Animar a Roda do Dhamma’.

As Pegadas do BuddhaO Colocar da Roda do Dhamma (Verdade ou Lei) em Movimento

Samyutta Nikaya LVI.11

Assim ouvi dizer: Em certa ocasião estava o Abençoado em Varanasi no Santuário do Veado de Isipatana e aí, dirigindo-se ao grupo de cinco bhikkhus (monges-renunciantes), proferiu:
“Existem dois extremos, bhikkhus, que não devem ser seguidos por quem abandonou a vida mundana. Que extremos são estes?. A indulgência no deleite sensual com apego aos atractivos prazeres e sensações-objecto dos sentidos, que é inferior, grosseira, vulgar, ignóbil e sem benefício ou propósito superior; e a martirização ou mortificação pessoal, que é dolorosa, ignóbil e sem benefício ou propósito superior.
“Bhikkhus, não seguindo estes dois extremos, o Tathāgata* plenamente desperto, realizou o Caminho do Meio, cultivando a visão e compreensão superiores, conduzindo à paz, ao conhecimento directo, à sabedoria sublime, à iluminação (renascer da inteligência na Luz consciente) e ao Nibbāna (Nirvāna em Sânscrito).
Tathāgata - (o nome que o Buddha utilizava para se referir a si próprio depois da iluminação. Significa – Aquilo que como buscador da verdade se torna na realidade que é o que é, independente e livre de qualquer juízo ou discriminação mental, aqui e agora; aquilo que é o que é –já não se procura a verdade, é-se a verdade como realidade que é).
“E que caminho do meio é este, bhikkhus, que plenamente desperto, o Tathāgata realizou ao evitar ambos os extremos, cultivando a visão e a compreensão superiores e que conduz à paz, ao conhecimento directo, à sabedoria sublime, à iluminação e ao Nibbāna?

É este Nobre Caminho Óctuplo, respectivamente:
1.Observação correcta e íntegra (sammā ditthi);
2.Propósito correcto e íntegro (sammā sankappo);
3.Palavra correcta e íntegra (sammā vācā);
4.Acção correcta e íntegra (sammā kammanto);
5.Subsistência correcta e íntegra (sammā ājīvo);
6.Empenho correcto e íntegro (sammā vāyāmo);
7.Plena Atenção correcta e íntegra (sammā sati) e
8.Concentração correcta e íntegra (sammā samādhi).

“Este, bhikkhus, é o Caminho do Meio, que o Tathāgata plenamente desperto, realizou, evitando ambos os extremos e através do qual cultivou a visão e a compreensão superiores, que conduz à paz, ao conhecimento directo, à sabedoria sublime, à iluminação e ao Nibbāna.
“Agora bhikkhus, esta é a Nobre Verdade de dukka (defectividade - amargura): nascimento é dukka, envelhecimento é dukka; e morte é dukka; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são dukka; estar com aqueles que não amamos é dukka, separação daqueles que amamos é dukka, não obter o que desejamos é dukka. Resumindo, as cinco categorias* do apego ardente são dukka.

As cinco categorias-agregado (khandas) do apego ardente, incluindo todas as condições físicas e mentais da existência no Universo, juntamente com aquelas que formam a concepção da individualidade: Forma (rūpa – corpo, objecto, imagem), sentimento-sensação (vedanā), percepção (saññā), formações mentais (sānkhārā), consciência (viññāna).
“Agora esta bhikkhus, é a nobre verdade da causa de dukka: é o querer do desejo pelo prazer apaixonado, que condiciona o impulso para voltar a ser e tornar a desfrutar novamente do deleite deste e daquele objecto, sensação ouRepresentação do Buddha na Arte de Gandhāra percepção: respectivamente, desejo sensual; desejo de existir; desejo de aniquilação.

“Agora esta bhikkhus, é a nobre verdade da cessação de dukka: é a completa cessação do apego à paixão, renunciando ao desejo ardente; a sua desistência, abandonando-o, libertando-se e desapegando-se dele.

“Agora esta bhikkhus, é a nobre verdade do caminho para a cessação de dukka: que é – ‘O Nobre Caminho Óctuplo’, respectivamente:

1.Observação correcta e íntegra (sammā ditthi);
2.Propósito correcto e íntegro (sammā sankappo);
3.Palavra correcta e íntegra (sammā vācā);
4.Acção correcta e íntegra (sammā kammanto);
5.Subsistência correcta e íntegra (sammā ājīvo);
6.Empenho correcto e íntegro (sammā vāyāmo);
7.Plena Atenção correcta e íntegra (sammā sati) e
8.Concentração correcta e íntegra (sammā samādhi).

1) i - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade de dukkha”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.
1) ii - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade de dukkha que tem de ser completamente compreendida”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.
1) iii - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade de dukkha e foi completamente compreendida”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.

2) i - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade da causa de dukkha”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.
2) ii - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade da causa de dukkha e esta causa tem de ser abandonada”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.
2) iii - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade da causa de dukkha e esta causa foi abandonada”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.

3) i - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade da cessação de dukkha”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.
3) ii - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade da cessação de dukkha e esta cessação tem que ser consciencializada”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.
3) iii - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade da cessação de dukkha e esta cessação foi consciencializada”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.

4) i - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação de dukkha”, logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.
4) ii - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação de dukkha e este caminho deve ser percorrido,” logo emergiu em miA Iluminação do Buddham a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.
4) iii - Assim reflectindo “Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação de dukkha e este caminho foi percorrido,” logo emergiu em mim a visão, o conhecimento, a inspiração, a sabedoria e a luz relativamente a coisas desconhecidas anteriormente.

“E enquanto, bhikkhus, a minha visão do verdadeiro conhecimento sobre a realidade destas quatro nobres verdades - explícitas que estão nestas três secções e doze modos de ver - não estava bem purificada e clara, não declarei eu ainda ter despertado para a insuperável e perfeita iluminação neste mundo com os seus devas, Māras (demónios) e Brahmās, e para a multidão de seres com os seus ascetas, brâmanes, Deuses e humanos. Mas assim que a minha visão do verdadeiro conhecimento sobre a realidade destas quatro nobres verdades - explícitas que estão nestas três secções e doze modos de ver - tornou-se perfeitamente purificada e clara, eu declarei ter despertado para a insuperável e perfeita iluminação neste mundo com os seus devas, Māras (demónios) e Brahmās, e para a multidão de seres com os seus ascetas, brâmanes, Deuses e humanos. Além disso, esta visão clara do conhecimento brotou em mim: “A libertação da mente é para mim inabalável. Este é o meu último nascimento. Não haverá mais retorno nem voltar a ser”.

Isto foi o que o Abençoado disse. O grupo de cinco bhikkhus, radiantes maravilharam-se com o discurso do Mestre. Aconteceu ainda, que enquanto o Abençoado exponha o seu discurso, a radiância imaculada do Dhamma surgiu assim na visão pura do Venerável Kondañña: “tudo o que tem uma causa e um início, está destinado à cessação e a um fim”.

E quando o Abençoado colocou a Roda do Dhamma em movimento, os devas da terra aclamaram: “No Santuário do Veado de Isipatana, perto de Benares, o Abençoado colocou em movimento a insuperável roda do Dhamma que não poderá ser detida por nenhum asceta ou brahmin ou deva, ou por Māra (demónio) ou Brahmā, divindade, ou por qualquer outro ser no mundo”. Os devas dos Quatro Reis regentes dos quatro cantos do mundo, ao ouvirem a aclamação dos devas da Terra, levantaram também a sua aclamação; os devas dos Trinta e Três, ao ouvirem a aclamação dos devas dos Quatro Reis regentes dos quatro cantos do mundo, levantaram também a sua aclamação; os devas de Yāma, ao ouvirem a aclamação dos devas dos Trinta e Três, levantaram também a sua aclamação; os devas da Alegria, ao ouvirem a aclamação dos devas de Yāma, levantaram também a sua aclamação; os devas da Criatividade, ao ouvirem a aclamação dos devas da Alegria, levantaram também a sua aclamação; os devas que se encantam com o Trabalho dos devas da Criatividade, ao ouvirem a aclamação dos devas da Criatividade, levantaram também a sua aclamação; os devas que assistem os Deuses Brahmā, ao ouvirem a aclamação dos devas que se encantam com o Trabalho dos devas da Criatividade, levantaram também a sua aclamação: “No Santuário do Veado de Isipatana, perto de Benaras, o Abençoado colocou em movimento a insuperável roda do Dhamma que não poderá ser detida por nenhum asceta ou brahmin ou deva, ou por Māra (demónio) ou Brahmā, divindade, ou por qualquer outro ser no mundo”.

Assim naquele momento, naquele instante, como um relâmpago, a aclamação da colocação em movimento da Roda do Dhamma, subiu directamente ao mundo de Brahma e os dez mil sistemas do mundo tremeram, abalaram, chocaram e estremeceram violentamente, quando uma Luz de sublime radiância, esplêndida, incomensurável, sobrepujando a própria glória dos devas, manifestou-se no mundo.

E então o Abençoado exclamou esta solene observação: “Na Verdade, Kondañña percebeu, na realidade Kondañña compreendeu”.
E foi assim que o Venerável Kondañña adquiriu o nome Aññāta-Kondañña, ‘Kondañña - aquele que compreende’.

Aqui termina o discurso da ‘Colocação da Roda do Dhamma em movimento’.

Para distribuição gratuita como um presente do Dhamma

Tradução do Inglês e do Pāli para Português, por Dhammiko
   


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Impresso em 28/4/2024 às 16:30

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