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Bhagavad Gītā - Canto XV
de Rājarāma Quelecar em 02 Abr 2007 ![]() Canto XV I O Universo cósmico é figurado, pelos sábios, no Ashvatha imperecível (árvore do pimpol), que tem as suas raízes no alto (eternidade), os seus ramos se estendem em baixo (no mundo) e as suas folhas representam os hinos védicos. Quem o conhece é o conhecedor dos Vedas; II Os seus ramos, estendendo-se em baixo, dirigem-se para o alto e, impregnando-se das qualidades da natureza, brotam gomos para novos ramos e novas raízes; as suas folhas verdes são os objectos dos sentidos e as suas novas raízes, irrigadas pelos desejos, dando o impulso à roda da acção, aprofundam mais e mais, neste mundo. III A sua forma completa como se acha descrita é um mistério neste mundo material dos homens; não se sabe o seu começo, nem o seu termo, nem a sua situação. Enraizado profundamente esse Ashvatha, é indispensável derrubar o seu trono com o machado do ascetismo; IV Entranhar-se e, descobrindo as suas raízes, caminhar e caminhar até atingir o Ser Supremo original de que dimana este mundo da acção e donde ninguém regressa, lá chegado uma vez. V Mas atingem esse Infinito Supremo só aqueles que são isentos de orgulho e vaidade e de tudo o que alimenta ilusão, sem ambições, tipos concentrados, livres dos desejos e da dualidade do prazer e que têm conhecimentos profundos de tudo. VI Lá não há Sol que os ilumine, nem a Lua que lhes dê o fresco luar, nem o fogo que os aqueça, e os homens que o atingem não mais regressam. É a Minha Suprema Mansão. VII Uma pequena fracção do meu Ser Supremo se torna espírito em todas as criaturas vivas, neste mundo cósmico, atraindo os cinco sentidos e o mental da Natureza. VIII Assim, o Espírito, quando reveste o corpo, da mesma forma quando o rejeita, leva consigo esses sentidos e o mental, tal como a corrente aérea arrasta consigo o aroma exalado das flores. IX Imperando nos sentidos do ouvido, da vista, do tacto, do gosto, do olfacto e no mental, o Espírito do homem frui todos os prazeres dela. X O Espírito, quando rejeita o corpo ou quando o reveste, aliando-se às qualidades da natureza, desfruta os prazeres dos sentidos e é incompreendido do homem vulgar; só o vê aquele que tem olhos de sabedoria. XI Os Yogīs, pelos seus esforços perseverantes, chagam a observá-lo em si próprio; o homem vulgar e, bem assim, o ignorante, mesmo com maiores esforços, não conseguem vê-lo. XII A energia do Sol que vivifica todos os seres, o luar, o calor do fogo, todas estas energias emanam de Mim. XIII Penetrando na terra, pelo Meu poder, sustento nela toda essa multiplicidade de seres e, tornando-Me a seiva, nutro todo o reino vegetal. XIV Tornando-Me a chama da vida no corpo de todas as espécies animais, dirjo o sistema nervoso e muscular do aparelho digestivo e faço assimilar toda a diversidade de alimentos, a fim de assegurar a sua conservação. XV Estou no íntimo de todos os homens e de Mim procedem neles a razão, a memória, o conhecimento e também a carência dessas faculdades; sou Eu o cognoscível dos Vedas, o autor do Vedānta e o conhecedor dos Vedas também. XVI Há dois seres no universo: o perecível e o imperecível. O primeiro abraça as formas de todas as criaturas e o segundo é a essência de todas elas. XVII Além destes dois seres, existe o terceiro, que é chamado Paramātman (Supremo Ser Imutável), essência primordial eterna, origem de tudo e penetrando tudo. XVIII Esse Ser sou Eu e, estando além do perecível e muito acima do Imperecível, sou proclamado Puruṣotama (Supremo Ser) pelos sábios nos Vedas e, por consequência no mundo. XIX Assim, o sábio que me considera como Supremo Ser, expulsando todas as suas ilusões e conhecendo profundamente tudo, adora-Me com todo o seu coração, em todas as formas. XX Já te instruí sobre o conhecimento, o mais misterioso, oh Arjuna. Assimilá-lo absolutamente é tornar-se perfeito e, no sentido mais lato, é realizar a vida. ![]() |
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