Fundação Maitreya
 
Exaltação da Quaresma e da Páscoa

de Lubélia Travassos

em 09 Abr 2007

  Ainda que haja diferenças entre os calendários do Oriente e o do Ocidente, a Páscoa é geralmente celebrada em toda a parte do mundo na mesma altura do ano. Por ocasião do estabelecimento e estruturação da Religião Cristã, no ano 325 A.D. no Concílio de Niceia, convocado pelos clérigos Romanos, e presidido pelo Imperador Constantino, ao qual assistiram em maior número bispos do oriente e poucos do ocidente, foi determinado que a celebração da Páscoa Cristã deveria ser sempre solenizada no domingo seguinte ao plenilúnio da Primavera, o que se mantém até hoje.


Aproximadamente 200 anos depois de Cristo, os cristãos costumavam dedicar os três dias antes da Páscoa à meditação, oração e jejum como sinal de luto pela morte de Jesus Cristo. Arranjaram, ademais, uma forma de prolongar a alegria e a riqueza espiritual da Páscoa, instituindo um período de sete semanas depois da Páscoa, isto é, de cinquenta dias de Pentecostes, que deveriam ser celebrados com alegria. Assim, durante os dias de Pentecostes era costume orarem de pé, não era permitido jejuar e o baptismo era também administrado.
Para os Seres da Grande Fraternidade Branca Universal, a Páscoa, junto com os festivais do Natal, Vesak (Lua cheia de Maio) e Asala (Lua cheia de Julho), insere-se numa das datas mais importantes do ano, no campo espiritual, em que se dá a descida de energias muito fortes e intensas sobre a humanidade. Essas energias têm o poder não só de influenciar e beneficiar espiritualmente todos os homens que estiverem alerta e sigam de maneira séria o caminho espiritual, como também poderão exaltar em sentido menos positivo todos os que se encontram afastados do caminho do bem.

Além disso, o Plano espiritual permite aos espíritos que ainda não atingiram a sua evolução, se aproximarem da órbita terrestre durante o período de preparação Quaresmal, influenciando e envolvendo, ao mesmo tempo, as pessoas na Terra, numa atmosfera taciturna e triste. Por isso, é conveniente vigiarmos os nossos pensamentos nestas alturas e não nos deixarmos envolver por uma atmosfera de depressão e de problemas, que naturalmente termos a tendência de projectar para o nosso interior.
Páscoa significa renascimento, renovação, ressurreição das energias antigas e limitadas, dos problemas e sofrimentos, cujo processo está ligado à passagem de Jesus pela Terra. Porém, a Páscoa é precedida pela Quaresma, que simboliza o período de quarenta dias de preparação para o grande acontecimento que é a Páscoa. A Quaresma está por isso ligada ao tempo de introspecção, vigília, renovação da própria vida, de confronto com os nossos receios, limites e medos que deveríamos saber transmutar. A simbologia do número quarenta está ligada a diversos factores significativos. Na Bíblia o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo da nossa vida na Terra, com todas as provações e dificuldades. Por conseguinte, a duração da Quaresma baseia-se no símbolo deste número na Bíblia. Temos como exemplo o dilúvio bíblico que durou quarenta dias e quarenta noites. O povo de Israel passou quarenta anos no deserto, a preparar-se para entrar na Terra Prometida. Os habitantes de Ninive fizeram penitência durante quarenta dias até receberem o perdão de Deus. Os Judeus passaram quatrocentos anos exilados no Egipto. Moisés e Jesus jejuaram por quarenta dias e quarenta noites a fim de prepararem a sua missão. Verificamos que esses períodos precedem sempre factos importantes, relacionados com a necessidade de se criar um clima apropriado para dirigir o coração para algo especial que deverá acontecer.

Na verdade, Jesus jejuou sozinho durante quarenta dias, em completo confronto não só com o seu Eu Inferior mas também com o seu Ego Superior. Pelo que sabemos da Bíblia, Jesus durante aquele período que esteve só, sofreu muitas tentações do demónio. Entende-se que a personificação do mal, do demónio, só existe para os que acreditam no limite do ego. Essa explicação permite-nos compreender que nos sentimos envolvidos por várias energias mentais, sendo que a mente racional é regulada pelo poder do ego, isto é, pelo poder dos nossos diversos “Eus”: o racional, o inconsciente, o subconsciente e pela nossa mente ou ego superior.
Desta forma, seria muito importante que aprendêssemos a entrar em sintonia, não só com a nossa mente ou ego superior, como também com a nossa mente Crística interna, onde habita o Espírito Santo, visto neste período quaresmal afluírem energias muito especiais. Por conseguinte, se mantivermos, entretanto, o nosso Ego em vigília ser-nos-á possível transmutá-lo em Luz e Amor. Seria, aliás, muito positivo se conseguíssemos sintonizar o nosso pensamento com o que sentimos para podermos regular as nossas acções dentro da esfera da nossa própria verdade. Deveríamos igualmente livrar-nos, neste período, de pensamentos destrutivos e envolvermo-nos em amor e harmonia, para que possamos irradiá-los à nossa volta, pois como magnetos que somos, temos o poder de atrair estas boas energias também para nós próprios.

O dogma da revelação cristã, da redenção operada por Jesus Cristo pela Cruz, explica que o Verbo de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade Divina assume a natureza humana, para poder reparar todos os males do mundo. Deus precisava de uma reparação infinita que só Ele poderia dar, sendo que o homem deveria pagá-la, tendo o Verbo de Deus assumido em Cristo a natureza humana. Jesus sacrificou-se até à morte pela cruz, para dar toda a glória possível à infinita majestade de Deus, no reino do mal e da dor proveniente do pecado, tendo sido a glória de Deus o fim ulterior de toda a actividade divina.
O Plano Espiritual sugere-nos que durante este período quaresmal, de reflexão, deveríamos orar muito e meditar. Acender velas de cor violeta, que ajudam a transmutar as energias que não estiverem em sintonia com o Poder da Luz de Deus. No Domingo de Páscoa iluminar a casa com velas amarelas, douradas ou brancas, porque estas cores simbolizam o renascimento, a iluminação, a ressurreição da passagem do antigo para um novo ciclo. As orações sugeridas são o Pai-Nosso, e a Grande Invocação, que se segue:

A GRANDE INVOCAÇÃO
Do ponto de Luz da Mente de Deus,
que a Luz aflua à mente dos homens,
que a Luz desça sobre a Terra.
Do ponto de amor do coração de Deus,
que o amor aflua aos corações dos homens
que Cristo volte à Terra.
Do ponto donde a Vontade de Deus é conhecida,
que o propósito guie a fraca vontade dos homens,
o propósito que os Mestres conhecem e servem.
Do centro a que chamamos a raça humana
que se cumpra o Plano de Paz, Luz e Amor
que se encerrem para sempre as portas do mal.
Que a Luz, o Amor e o Poder
restabeleçam o Plano Divino na Terra. Amén.
   


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