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Quem Agradece a Quem
de Ramiro Calle em 21 Mai 2012 ![]() Disse para consigo. Exasperado e defraudado, gritou-lhe: _ Mal-nascido! Néscio mal-agradecido! Dou-te mais dinheiro do que alguma vez conseguiste sonhar ou imaginar, e nem sequer tens um gesto de agradecimento para comigo! Um leve sorriso assomou os lábios do mendigo. Quebrou o silêncio para dizer: _ Senhor, não devias ser tu a agradecer-me a mim? Enfurecido e despeitado, o comerciante gritou: _ Rufião! Como te atreves a falar-me dessa maneira? Além de desgraçado, és indiferente e ousado. Sem perder a tranquilidade, o pedinte disse: _ Acalma-te, senhor, peço-te. Graças a mim estás a praticar o grande dom da generosidade e isto faz-te acumular muitos méritos e libertar o teu espírito de avidez excessiva. Não é motivo mais do que suficiente para que sejas tu quem me deva estar especialmente agradecido? Não é o que recebe que se deve sentir agradecido, mas o que dá por ter a preciosa oportunidade de o fazer, e assim acelerar o seu desenvolvimento interior. (a partir daqui em itálico) Não existe verdadeira generosidade se ela nos envaidece, e a alardeamos ou utilizamos para exacerbar o nosso ego. É bem verdade o que diz o antigo provérbio: “quando se aceita, ao pobre não interessa a atitude de quem a dá”, mas o que dá, se o faz com o coração, não é para retro-alimentar o seu narcisismo, mas porque o seu sentido da compaixão o leva a fazê-lo e mais ainda, deveria pensar que, para poder exercer o preciso acto da doação, tem de haver quem a receba. ![]() |
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