Fundação Maitreya
 
A Palavra do Buddha - Introdução

de Nyanatiloka Mahathera

em 14 Ago 2012

  O BUDDHA ou Iluminado – lit. Aquele que sabe ou o Desperto – é o nome honorífico conferido ao Sábio indiano, Gotama, que desvendou e proclamou ao mundo a lei da libertação, conhecida no Ocidente pelo nome de Budismo. Nasceu no Séc. VI a.C., em Kapilavatthu, filho do rei que na época regia o País Sakya, um principado situado na zona de fronteira com o actual Nepal. O seu nome próprio era Siddhattha e seu nome de clã, Gotama (Sânscrito: Siddhārtha Gautama). Aos 29 anos de idade, renunciou ao esplendor da sua vida principesca de herdeiro real, e tornou-se um asceta mendicante, com o propósito de descobrir uma saída para aquilo que antes havia reconhecido como um mundo de sofrimento. Depois de uma busca de seis anos sob a orientação de vários instrutores religiosos e de um período de auto-mortificação infrutífera, Siddhattha finalmente alcançou a Iluminação Perfeita (sammā-sambodhi), debaixo da árvore Bodhi em Gayā (actualmente Boddh-Gayā).

I. O BUDDHA

Seguiram-se quarenta e cinco anos de incansável ensinamento e pregação, e finalmente, no seu octogésimo ano de vida, morre em Kusinara aquele “ser não iludido que surgiu para a bênção e alegria do mundo”.
O Buddha não é nem um deus nem um profeta, nem a encarnação de um deus, mas um ser humano supremo que, através do seu próprio empenho, alcançou a redenção final, a sabedoria perfeita, tornando-se “o mestre sem par de deuses e homens”. É um “Salvador” unicamente no sentido em que mostra aos homens como se salvarem a si próprios, seguindo até ao fim, na prática, o caminho percorrido e mostrado por ele. O Buddha, na sua consumada harmonia de sabedoria e compaixão, encarna o ideal universal e intemporal do Homem Aperfeiçoado.

II. O DHAMMA
O DHAMMA – é o Ensinamento da Libertação total, tal como foi desvendado, realizado e proclamado pelo Buddha. Tem sido transmitido na antiga língua Pāli e preservado em três grandes colecções de livros, chamados Ti-Piṭaka, os “Três Cestos”, nomeadamente: (I) o Vinaya-piṭaka, ou a Colecção da Disciplina, contendo as regras da ordem monástica; (II) o Sutta-Piṭaka, ou a Colecção dos Discursos, consistindo em vários livros de discursos, diálogos, versos, histórias, etc., tratando da doutrina em si, tal como foi resumida nas Quatro Verdades Nobres; (III) o Abhidhamma-piṭaka, ou a Colecção Filosófica, apresentando os ensinamentos do Sutta-Piṭaka de uma forma sistemática e filosófica.
O Dhamma não é uma doutrina de revelação, mas o ensinamento da Iluminação baseado na compreensão lúcida da realidade. É o ensinamento da Quádrupla Verdade que trata dos factos fundamentais da vida e da libertação realizável através do próprio esforço do homem, em direcção à introspecção e purificação. O Dhamma oferece um sistema ético superior, mas realista, uma análise penetrante da vida, uma filosofia profunda, métodos práticos para o treino da mente – resumidamente, uma orientação no seu todo, perfeita e acessível no Caminho para a Libertação. Ao responder ao clamor tanto do coração como da razão, e ao mostrar o libertador “Caminho do Meio” que nos conduz para além de todos os extremos fúteis e destruidores da mente e da conduta individual, o Dhamma tem e terá sempre um apelo intemporal e universal onde quer que existam corações e mentes suficientemente maduras para valorizar a sua mensagem.

III. O SANGHA
O SANGHA – lit. a assembleia, ou comunidade – é a Ordem dos Bhikkhus ou Monges Mendicantes, fundada pelo Buddha e ainda existente na sua forma original no Myanmar (Birmânia), Tailândia, Sri Lanka (Ceilão), Camboja, Laos e Chittagong (Bengala). Juntamente com a Ordem dos monges Jainas, é uma das ordens monásticas mais antigas do mundo. Entre os mais famosos discípulos no tempo do Buddha, encontravam-se: Sāriputta que, a seguir ao próprio Mestre, possuía a mais profunda compreensão no Dhamma; Moggallāna, que possuía os maiores poderes sobrenaturais; Ānanda, o devotado discípulo e constante companheiro do Buddha; Mahā-Kassapa, o Presidente do Conselho que se reuniu em Rājagaha imediatamente a seguir à morte do Buddha; Anuruddha, de visão divina e mestre da consciência pura e Rāhula, o filho do próprio Buddha.
O Sangha providencia o veículo externo e as condições favoráveis para todos aqueles que seriamente desejem devotar totalmente a sua vida à realização do mais elevado objectivo que é a libertação, livre das distracções mundanas. Assim, o Sangha também possui um significado universal e intemporal, onde quer que o desenvolvimento religioso alcance a maturidade.

O TRIPLO REFÚGIO
O Buddha, o Dhamma e o Sangha, são designados “As Três Jóias” (ti-ratana) pela sua pureza inigualável e por serem, para o budista, aquilo que há de mais precioso no mundo. Estas “Três Jóias” constituem também o “Triplo Refúgio” (ti-saraṇa) que o praticante budista assume ao proferir as palavras com as quais declara ou reafirma, adoptá-las como guias da sua vida e do seu pensamento.
A fórmula Pāli do Refúgio é ainda a mesma aquando do tempo do Buddha:
Buddhaṃ saraṇaṃ gacchāmi.
Dhammaṃ saraṇaṃ gacchāmi.
Sanghaṃ saraṇaṃ gacchāmi.

Eu busco o refúgio no Buddha
Eu busco o refúgio no Dhamma
Eu busco o refúgio no Sangha

Excerto do livro a Palavra do Buddha, de NYANATILOKA, traduzido por Bhikkhu Dhammiko
   


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