Fundação Maitreya
 
A Marcha dos Tempos

de Arthur Shaker

em 25 Dez 2012

  Os ensinamentos do Buddha corroboram a ideia de que o Cosmos, ou a humanidade, segue um processo evolutivo crescente, como propõem as concepções evolucionistas do progresso ascendente? Na base das ideologias seculares contemporâneas, há uma visão progressista, que alimenta muito das crenças do homem actual, de que caminhamos quase que espontaneamente para o alto, em direcção ao paraíso na terra, se as desmesuras da excessiva ganância humana não atrapalharem o “plano natural” do Universo. Um futuro de confortos e domínios. Mas vejamos o que está dito no sutta 26 do Digha Nikaya (1), o Compêndio dos Suttas Longos, um dos cinco Nikayas que compõem o Sutta Pitaka, que junto ao Vinaya Pitaka (Compêndio das regras monásticas) e o Abhidhamma Pitaka (Compêndio das estruturações conceituais), compõem o Tipitaka do Cânone Theravada.

A Marcha dos Tempos
nos ensinamentos do Buddha


Cakkavati – Sihanada Sutta: O Rugir do Leão no Girar a Roda

1. “ASSIM EU OUVI. Certa vez, o Abençoado estava entre os Magadhans em Matula. Então ele disse: ‘Monges!’ ‘Abençoado’, eles responderam, e o Abençoado disse: ‘Monges, sejam ilhas para vocês mesmos, sejam um refúgio para vocês mesmos, sem outro refúgio. Que o Dhamma seja seu refúgio, que o Dhamma seja seu refúgio, sem outro refúgio. E como um monge habita como um refúgio dentro de si mesmo, como um refúgio dentro de si mesmo sem outro refúgio, como o Dhamma como seu refúgio, sem outro refúgio? Aqui, um monge permanece contemplando o corpo como corpo, ardente, consciente e plenamente atento, tendo abandonado a cobiça e o pesar pelo mundo, ele permanece contemplando as sensações como sensações, ele permanece contemplando a mente como a mente...ele permanece contemplando os dhammas como dhammas, ardente, claramente consciente e plenamente atento, tendo posto de lado o desejo e o apego pelo mundo. Mantenham-se em suas próprias protecções, em seus domínios ancestrais. Se fizerem isto, então Mara não encontrará onde se alojar, não encontrará suporte. É apenas pela construção de estados saudáveis que esse mérito aumenta’.

2. ‘Certa vez, monges, havia um monarca girador-da-roda, chamado Dalhanemi, um justo monarca da lei, conquistador das quatro direcções, que havia estabelecido a segurança de seu reino e que era possuidor dos sete tesouros. São eles: o Tesouro da Roda, o Tesouro de Elefante, o Tesouro de Cavalo, o Tesouro de Jóia, o Tesouro de Mulher, o Tesouro de Chefe de família, e o sétimo, o Tesouro de Conselheiro (2). Ele possui mais de mil filhos que são heróis, de estatura heróica, conquistadores dos exércitos hostis. Ele habita tendo conquistado as terras, rodeadas pelo mar, sem o uso do bastão ou da espada, mas pela lei’.
No Digha Nikaya 3, 1.5, Buddha explica ao brâmane Ambatha que se ele, o Buddha tivesse escolhido seguir o caminho da vida de chefe de família, ele se tornaria o monarca justo-que-gira-a Roda, e com isso teria todos os domínios, tal qual referido neste sutta. E se escolhesse abandonar a vida de chefe de família e seguir o caminho dos sem-lar, então ele se tornaria um Arahant, um plenamente iluminado Buddha, aquele que retira o véu (da ignorância) sobre o mundo.
A figura do monarca justo-que-gira-a-Roda refere-se ao Chakravartin, o arquétipo-modelo do Rei justo. Como função real, se situa abaixo do poder espiritual, o lugar dos Buddhas. Por isso, Buddha renuncia ao lugar do Monarca Universal, para se tornar o Plenamente Iluminado (3).

3. ‘E, após muitas centenas e milhares de anos, o Rei Dalhanemi disse à certa pessoa: “Meu bom homem, sempre que você ver que o sagrado Tesouro-da-Roda tiver se deslizado de sua posição, me notifique”. “Sim, senhor”, ele respondeu. E após muitas centenas e milhares de anos o homem viu que o sagrado Tesouro-da-Roda havia se deslizado de sua posição. Vendo isto, ele notificou o fato ao Rei. Então o Rei Dalhanemi dirigiu-se ao seu filho mais velho, o príncipe herdeiro, e disse: “Meu filho, o sagrado Tesouro-da-Roda deslizou de sua posição. E ouvi dizer que quando isto acontecesse ao monarca-que-gira-a-Roda, ele não teria muito mais o que viver. Eu já tive preenchido os prazeres humanos, agora é hora de buscar os prazeres celestes. Você, meu filho, tome conta dessas terras rodeadas pelo oceano. Cortarei meus cabelos e barba, vestirei mantos amarelos, e seguirei da vida familiar para vida sem lar”. E, tendo coroado seu filho mais velho na devida forma de rei, o Rei Dalhanemi cortou seus cabelos e barba, vestiu mantos amarelos, e seguiu da vida familiar para vida sem lar. E, sete dias após o sábio rei ter seguido para esse caminho, o sagrado Tesouro-da-Roda desapareceu’.
‘Então um certo homem veio ao consagrado Rei Khattiya e disse: “Senhor, você precisa saber que o sagrado Tesouro-da-Roda desapareceu”. Com isto, o Rei ficou pesaroso e se sentiu triste. Ele foi ao sábio da corte real e lhe contou o fato. E o sábio disse-lhe: “Meu filho, você não precisa ficar pesaroso ou se sentir triste pelo desaparecimento do Tesouro-da-Roda. O Tesouro-da-Roda não é um objeto herdado de seus pais. Mas agora, meu filho, você deve se transformar em um Ária girador-da-roda. Daí então poderá ocorrer que, se você cumprir os deveres de um Rei Ária girador-da-roda, no dia 15º do jejum, quando você tiver lavado sua a cabeça e tive ido para o jejum à varanda no topo do seu palácio, o sagrado Tesouro-da-Roda lhe aparecerá, com mil aros, com a pina, cubo e todos os acessórios’.

5. ‘“Mas qual é, senhor, o dever de um monarca Ariya girador-da-roda?” “É este, meu filho. Dependendo você mesmo no Dhamma, honrando-o, reverenciando-o, estimando-o, homenageando-o e venerando-o, tendo o Dhamma como seu emblema e bandeira, reconhecendo o Dhamma como seu mestre, você deve estabelecer a guarda e protecção de acordo com o Dhamma para sua própria família, suas tropas, sua nobreza e vassalos, para os brâmanes e chefes de família, seu povo da cidade e do interior, ascetas e brâmanes, animais e pássaros. Que não prevaleça o crime no seu reino, e para os necessitados ofereça bens. E quaisquer ascetas e brâmanes que em seu reino tenham renunciado à vida da intoxicação sensual e que sejam devotados à tolerância e gentileza, cada um domando a si mesmo, cada um acalmando a si mesmo e cada um se esforçando para acabar com o apego, se de tempos em tempos eles vierem até você e lhe consultar sobre o que é saudável e o que é não saudável, o que é censurável e o que é não censurável, o que deve ser seguido e o que não deve ser seguido, e qual acção levará à longo prazo ao dano e lamentação, e o que levará ao bem-estar e felicidade, você deverá ouvir e dizer que evitem o mal e façam o bem. Isto, meu filho, é o dever do monarca Ariya girador-da-roda”.

6. ‘“Sim, senhor”, disse o Rei, e ele cumpriu os deveres de monarca Ariya girador-da-roda. E tendo feito isso, no 15º dia do jejum, tendo ele lavado sua cabeça e subido à varanda no topo do palácio para o dia de jejum, o sagrado Tesouro-da-Roda apareceu para ele, com mil aros, com a pina, cubo e todos os acessórios. Então o Rei pensou: “Ouvi que, quando um devidamente consagrado Rei Khattiya ver tal roda no dia de jejum do 15º dia, ele se tornará um monarca girador-da-roda. Possa eu me tornar tal monarca”.
‘Então, erguendo-se de seu assento, cobrindo um dos ombros com seu manto, o Rei tomou uma tigela de ouro em sua mão esquerda, aspergiu a Roda com sua mão direita, e disse: “Que o Tesouro-da-Roda gire, que o Tesouro-da-Roda conquiste!” A Roda girou para o leste, e o Rei a seguiu com seu quádruplo exército. E em qualquer região que a Roda parasse, o Rei se instalava com seu quádruplo exército. E aqueles que a ele se opunham na região leste vieram e disseram: “Venha, Sua Majestade, bem vindo! Somos seus súditos, Sua Majestade. Governe-nos, Sua Majestade”. E o Rei dizia: “Não tirem a vida (não matar). Não tomem o que não é dado. Não cometam má-conduta sexual. Não mintam. Não tomem bebidas alcoólicas. Sejam moderados no comer” (4). E os da região leste que a ele tinham se oposto se tornaram seus súbditos’.

7. ‘Então a Roda girou para o sul, oeste e norte ... (repete-se verso 6). Então o Tesouro-da-Roda, tendo conquistado as terras de um lado do mar a outro, retornou à capital do reino e parou diante do palácio do Rei, como que adornando o palácio real’.
8. ‘E um segundo monarca girador-da-roda fez o mesmo, e um terceiro, quarto, quinto, sexto e um sétimo também... disse a um homem que visse se a Roda teria deslizado de sua posição (como no verso 3). E sete dias depois que o sábio da corte real tinha se retirado, a Roda desapareceu’.
9. ‘Então um homem veio ao Rei e disse: “Senhor, você deveria saber que o Tesouro-da-Roda desapareceu”. Então por isto o Rei se lamentou e se sentiu triste. Mas ele não foi ao sábio da corte real para lhe perguntar sobre os deveres de um monarca girador-da-roda. Ao invés disso, ele regeu seu povo segundo suas próprias ideias (5), e, tendo assim regido, o povo não prosperou tão bem como havia sido sob a regência dos reis anteriores que haviam cumprido seus deveres de um monarca girador-da-roda’.
‘Então os ministros, conselheiros, tesoureiros, guardas e vigias, e os cantadores dos mantras vieram ao Rei e disseram: “Senhor, como você tem regido o povo segundo suas próprias idéias, e, diferentemente do modo como era regido pelos anteriores monarcas giradores-da-roda, então o povo não prospera bem. Senhor, há ministros .... no seu reino, incluindo a nós, que preservaram o conhecimento de como um monarca girador-da-roda deve reger. Pergunte-nos, Sua Majestade, e nós lhe diremos”.

10. ‘Então o Rei ordenou que todos os ministros e os outros viessem juntos, e os consultou. E eles explicaram ao Rei os deveres de um monarca girador-da-roda. E tendo-os ouvido, o Rei estabeleceu a vigia e a protecção, mas não ofereceu bens aos necessitados, e por consequência a pobreza se tornou freqüente. Devido ao espalhamento da pobreza, um homem tomou o que não era dado, cometendo assim o que era denominado de roubo. Eles o prenderam, e o trouxeram perante o Rei, dizendo: “Sua Majestade, esse homem tomou o que não lhe foi dado, cometendo o que é denominado de roubo”. O Rei disse-lhe: “É verdade que você tomou o que não lhe é dado - o que é denominado de roubo?” “Sim, Sua Majestade”. “Por quê?” “Sua Majestade, eu não tenho nada para me manter”. Então o Rei lhe deu alguns bens, dizendo: “Com isto, meu bom homem, você pode se manter, manter sua mãe e pai, esposa e filhos, desenvolver um trabalho, e faça oferendas aos ascetas e brâmanes, que isto promoverá seu bem-estar espiritual e conduzirá a um renascimento feliz com frutos prazerosos numa esfera celeste”. “Muito bem, Sua Majestade”, respondeu o homem’.

11. ‘E exactamente do mesmo modo sucedeu com outro homem’.

12. ‘Então o povo ouviu que o Rei estava distribuindo bens para aqueles que tomavam o que não era dado, e pensaram: “Vamos supor que façamos o mesmo!” E então outro homem tomou o que não era dado, e eles o levaram perante o Rei. O Rei lhe perguntou por que fizera isso, e ele respondeu: “Sua Majestade, eu não tenho nada para me manter”. E o Rei então pensou: “Se eu der bens a todos os que tomarem o que não lhes é dado, o roubo aumentará mais e mais. É melhor que eu dê um fim a isto de uma vez por todas, e corte-lhe a cabeça”. E ele ordenou aos seus homens: “Amarrem os braços desse homem firmemente atrás com uma corda forte, raspem bem sua cabeça, e levem-no pelas ruas e quarteirões sob um duro som de um tambor e, ao final, pela pena capital, cortem-lhe a cabeça!” E eles assim fizeram’.

13. ‘Tendo ouvido falar sobre isto, o povo pensou: “Então consigamos espadas afiadas feitas por nós, tomaremos de qualquer um o que não é dado [o que é chamado de roubo], daremos um fim a eles de uma vez por todas, e lhes cortaremos as cabeças”. Assim, tendo obtido espadas afiadas, desencadearam ataques criminosos nos vilarejos, vilas e cidades, se dedicaram a roubos nas estradas, cortando as cabeças de suas vítimas’.

14. ‘Assim, por não oferecer bens aos necessitados, a pobreza se espalhou; com o aumento da pobreza, o roubo cresceu; com o aumento do roubo, o uso das armas cresceu; com o aumento do uso das armas, os homicídios aumentaram – e com o aumento dos homicídios, a duração da vida das pessoas diminuiu, a beleza deles diminuiu, e como resultado do decréscimo da duração da vida e da beleza, os filhos daqueles cuja duração de vida era de oitenta mil anos reduziu-se a apenas quarenta mil anos’.
‘E um homem da geração daqueles que viviam por quarenta mil anos tomou o que não lhe era dado. Ele foi trazido perante o Rei, que lhe perguntou: “É verdade que você tomou o que não lhe é dado - o que é denominado de roubo?” “Não, Sua Majestade”, respondeu, falando assim uma deliberada mentira’.

15. ‘Assim, por não oferecer bens aos necessitados, a pobreza se espalhou; com o aumento da pobreza, o roubo cresceu; com o aumento do roubo, o uso das armas cresceu; com o aumento do uso das armas, os homicídios aumentaram – e com o aumento dos homicídios, a duração da vida das pessoas diminuiu, a beleza deles diminuiu, e como resultado do decréscimo da duração da vida e da beleza, os filhos daqueles cuja duração de vida era de quarenta mil anos reduziu-se à apenas vinte mil anos’.
‘E um homem da geração daqueles que viviam por vinte mil anos tomou o que não lhe era dado. Um outro homem denunciou-o ao Rei, dizendo: “Senhor, aquele tal homem tomou o que não lhe era dado”, falando assim maledicências sobre o outro’.

16. ‘Assim, por não oferecer bens aos necessitados... a fala maledicente sobre outros aumentou, e em consequência, a duração de vida do povo diminuiu, sua beleza diminuiu, e como resultado do decréscimo da duração da vida e da beleza, os filhos daqueles cuja duração de vida era de vinte mil anos reduziu-se a apenas dez mil anos’.
‘E da geração que viveu por dez mil anos, alguns eram bonitos, e outros feios. E aqueles que eram feios, invejosos daqueles que eram bonitos, cometeram adultério com esposas de outros’.

17. ‘Assim, por não oferecer bens aos necessitados,... a má-conduta sexual aumentou, e como resultado do decréscimo da duração da vida e da beleza, os filhos daqueles cuja duração de vida era de dez mil anos reduziu-se a apenas cinco mil anos’.
‘E entre aqueles da geração cuja duração de vida era de cinco mil anos, duas coisas aumentaram: fala áspera e conversa fútil, e em consequência, a duração de vida do povo diminuiu, sua beleza diminuiu, e como resultado do decréscimo da duração da vida e da beleza, os filhos daqueles cuja duração de vida era de cinco mil anos, alguns viveram por dois mil e quinhentos anos, outros apenas por dois mil anos’.
‘E entre aqueles da geração cuja duração de vida era de dois mil e quinhentos anos, a cobiça/conscupisciência e o ódio aumentaram, e, em consequência, a duração de vida do povo diminuiu, sua beleza diminuiu, e como resultado, os filhos daqueles cuja duração de vida era de dois mil e quinhentos anos, viveram apenas por mil anos’. (6)
‘E entre aqueles da geração cuja duração de vida era de mil anos, falsas visões (miccha ditthi) aumentaram ... e, como resultado, os filhos daqueles cuja duração de vida era de mil anos, viveram apenas por quinhentos anos’.
‘E entre aqueles da geração cuja duração de vida era de quinhentos anos, três coisas aumentaram: incesto, cobiça excessiva e práticas incorrectas (miccha dhamma) (7)... e, como resultado, os filhos daqueles cuja duração de vida era de quinhentos anos, alguns viveram por duzentos e cinquenta anos, outros por apenas duzentos anos’.
‘E entre aqueles da geração cuja duração de vida era de duzentos e cinquenta anos, três coisas aumentaram: falta de respeito para com a mãe e o pai, para com os ascetas e brâmanes, e para com o líder do clã’.

18. ‘Assim, por não oferecer bens aos necessitados,... a falta de respeito para com a mãe e o pai, para com os ascetas e brâmanes, e para com o líder do clã aumentaram, e, em consequência, a duração de vida do povo diminuiu, sua beleza diminuiu, e como resultado, os filhos daqueles cuja duração de vida era de duzentos e cinquenta anos, viveram apenas por cem anos’.

19. ‘Bhikkhus, virá o dia em que os filhos dessas pessoas terão duração de vida de dez anos. E com eles, meninas poderão se casar com cinco anos de idade. E com eles, esses sabores desaparecerão: ghee, manteiga, óleo de sésamo, açúcar grosso e sal. Dentre esses, o grão de kudrusa (espécie de centeio) será o principal alimento, assim como hoje são o arroz e o curry. E com eles, as dez vias da conduta moral desaparecerão completamente, e as dez vias malignas prevalecerão excessivamente: para aqueles de dez anos de duração de vida não haverá palavra para “moral” (kusala, acções kammicas saudáveis), assim como haveria alguém que aja de um modo ético? Aquelas pessoas que não têm respeito por mãe e pai, por ascetas e brâmanes, pelo chefe do clã/grupo, serão aqueles que gozarão de honra e prestígio. Como são agora as pessoas que mostram respeito por mãe e pai, por ascetas e brâmanes, pelo chefe do clã/grupo, que são estimados e honrados, assim será com aqueles que farão o oposto’.

20. ‘Dentre aqueles cuja duração de vida é de dez anos, nenhuma consideração haverá pela mãe, pela tia, pela mãe da cunhada, pela esposa do professor ou por alguma das esposas do pai e assim por diante – tudo será promíscuo no mundo, como bodes e carneiros, galinhas e porcos, cães e chacais. Entre eles, prevalecerá feroz ódio, feroz raiva e pensamentos homicidas, mãe contra filho e filho contra mãe, pai contra o filho e filho contra o pai, irmão contra irmão, irmão contra irmã, do mesmo modo como um caçador sente ódio contra os animais que caça...’(8)

21. ‘E para aqueles de duração de vida de dez anos, haverá uma “pausa da espada” de sete dias (ponto de virada), durante o qual eles se confundirão uns aos outros como bestas selvagens. Afiadas espadas surgirão em suas mãos, e, pensando: “Há uma besta selvagem”, eles tomarão a vida uns dos outros com essas espadas. Mas haverá alguns seres que pensarão: “Que nós não matemos ou sejamos mortos por ninguém. Dirijamo-nos a lugares de mato cerrado, ou a recônditos de selvas ou de arvoredos, ou com rios de difícil travessia ou montanhas inacessíveis, e vivamos das raízes e frutos da floresta” (9). E eles assim o farão por sete dias. Então, ao final dos sete dias, eles emergirão de seus escondidos refúgios e se regozijarão num mesmo acordo, dizendo: ”Bons seres, vejo que vocês estão vivos!”. E ocorrerá a esses seres o pensamento: “É somente porque nós nos tornamos viciados a caminhos malignos que sofremos esta perda de nossa parentela, então façamos agora o bem! Quais coisas boas podemos fazer? Abstenhamo-nos de tirar a vida – esta será uma boa prática”. Então eles se absterão de tirar a vida, e, tendo assumido essa boa coisa, a praticarão. E através do compromisso com essas coisas saudáveis, eles aumentarão sua duração de vida e beleza. E os filhos desses cuja duração era de dez anos viverão por vinte anos’.

22. ‘Então ocorrerá a estes seres: “É pelas práticas saudáveis que aumentamos nossa duração de vida e beleza, então realizemos mais práticas saudáveis. Vamos nos abster de tomar o que não é dado, abstenhamo-nos da má conduta sexual, da fala falsa, da maledicência, da fala rude, da fala inútil, da cobiça, da má vontade, das visões erróneas, abstenhamo-nos de três coisas: incesto, cobiça excessiva e práticas anormais, respeitemos nossas mães e pais, ascetas e brâmanes, e o chefe do clã, e perseveremos nessas acções saudáveis’.
‘E eles farão essas coisas, e com isso aumentarão em duração de vida e beleza. E os filhos desses cuja duração é de vinte anos viverão até os quarenta, seus filhos viverão até os oitenta, os filhos até cento e sessenta, seus filhos até trezentos e vinte, os filhos até seiscentos e quarenta; os filhos desses cuja duração é de seiscentos e quarenta anos viverão por dois mil anos, seus filhos por quatro mil anos, seus filhos por oito mil anos e os filhos destes por vinte mil anos. Os filhos desses cuja duração de vida é de vinte mil anos viverão por quarenta mil anos e seus filhos chegarão aos oitenta mil anos’.

23. ‘Dentre o povo com duração de vida de oitenta mil anos, as moças se tornarão aptas a se casarem aos quinhentos anos. E tal povo conhecerá apenas três tipos de doenças: cobiça, jejum e velhice. E no tempo desses povos o continente de Jambudipa será poderoso e próspero, e os vilarejos, vilas e cidades estarão a uma pequena distância umas das outras. Este Jambudipa, como Avici (o mais inferior dos infernos), será tão populoso quanto uma floresta repleta de juncos e vegetações. E neste tempo a actual Varanasi será uma cidade régia chamada Ketumati, poderosa e próspera, com uma multidão de pessoas e bem suprida. Em Jambudipa haverá oitenta e quatro mil cidades regidas pela capital régia de Ketumati’.

24. ‘E no tempo do povo com a duração de oitenta mil anos, surgirá na capital Ketumati um rei chamado Sankkha, um monarca-girador-da-roda, um justo monarca da lei, conquistador das quatro direcções (como o verso 2)’.

25. ‘E naquele tempo do povo com a duração de oitenta mil anos, surgirá no mundo um Abençoado Senhor, um Buddha Arahant plenamente iluminado chamado Metteya (Maitreya, em sânscrito), dotado de sabedoria e conduta, o Bem-vindo, Conhecedor dos mundos, incomparável Treinador dos homens a serem domados, Mestre dos deuses e homens, iluminado e abençoado, assim como eu o sou agora. Ele conhecerá profundamente por seu próprio super conhecimento, e proclamará, este universo com seus devas e maras e Brahmas, seus ascetas e brâmanes, e esta geração com seus príncipes e pessoas, assim como eu o faço agora. Ele ensinará o Dhamma, apreciável em seu início, apreciável em seu meio, apreciável em seu fim, em espírito e na letra, e proclamará, assim como eu o faço agora, a vida santa em sua plenitude e pureza. Ele será assistido pela companhia de milhares de monges assim como sou assistido pela companhia de centenas’.

26. ‘Então o Rei Sankha re-erguerá o palácio ora erguido pelo Rei Maha-Panada, e tendo vivido nele, renunciará a ele e o presenteará aos ascetas e brâmanes, aos pedintes, aos andarilhos, aos destituídos. Então, raspando a cabeça e a barba, vestirá mantos amarelos e seguirá adiante, da vida de família para os-sem-lar, sob o supremo Buddha Metteya. Seguindo adiante, permanecerá em solicitude, recluso, ardente, impetuoso e resoluto, e não muito depois alcançará nesta mesma vida, por seu próprio super conhecimento e resolução, aquele objectivo inigualável da vida santa, pelo bem do que os jovens de boa família vão da vida familiar para a vida-sem-lar, e nele habitará’.
27. ‘Monges, sejam ilhas para vocês mesmos, sejam um refúgio para vocês mesmos, sem outro refúgio. Que o Dhamma seja seu refúgio, que o Dhamma seja seu refúgio, sem outro refúgio. E como um monge habita como um refúgio dentro de si mesmo, como um refúgio dentro de si mesmo sem outro refúgio, como o Dhamma como seu refúgio, sem outro refúgio? Aqui, um monge permanece contemplando o corpo como corpo, ardente, consciente e plenamente atento, tendo abandonado a cobiça e o pesar pelo mundo, ele permanece contemplando as sensações como sensações, ele permanece contemplando a mente como a mente ... ele permanece contemplando os dhammas como dhammas, ardente, claramente consciente e plenamente atento, tendo posto de lado o desejo e o apego pelo mundo’.

28. ‘Mantenham-se em suas próprias protecções, em seus domínios ancestrais. Se fizerem isto, sua duração de vida aumentará, sua beleza aumentará, sua felicidade aumentará, sua riqueza aumentará, seu poder aumentará’.
‘E qual é a extensão de vida para um monge? Aqui, um monge desenvolve o caminho ao poder que é concentração de intenção acompanhada pelo esforço da vontade, o caminho ao poder que é concentração de energia acompanhada pelo esforço da vontade, o caminho ao poder que é concentração de consciência acompanhada pelo esforço da vontade, o caminho ao poder que é concentração de investigação acompanhada pelo esforço da vontade. Pela constante prática desses quatro caminhos ao poder, ele pode, se quiser, viver por um século, ou a parte remanescente de um século. Isto é que eu chamo a extensão de vida para um monge’.
‘E o que é a beleza para um monge? Aqui, o monge pratica a conduta correcta, a restrição de acordo com a disciplina, ele é perfeito em comportamento e hábitos, vendo perigo na menor falta, e treina segundo as regras de treinamento que assumiu. Isto é a beleza para um monge’.

‘E o que é felicidade para um monge? Aqui, um monge, desapegado dos desejos sensoriais, desapegado dos estados mentais não saudáveis, entra e permanece no primeiro jhana, que é acompanhado do pensamento e ponderação, nascido do desapego, preenchido de deleite e felicidade. E com o cessar do pensamento e ponderação, pela obtenção da tranquilidade interior e unifocamento da mente, ele entra e permanece no segundo jhana, que é sem pensamento e ponderação, nascido da concentração, preenchido com deleite e felicidade. E com o cessar do deleite, permanecendo imperturbável, plenamente atento e claramente consciente, ele experimenta nele a felicidade do qual o Nobre diz: “Feliz é aquele que permanece com equanimidade”, ele entra no terceiro jhana. E, tendo abandonado o prazer e a dor, e com a cessação da felicidade e tristeza anterior, ele entra e permanece no quarto jhana, que está para além do prazer e da dor, e é purificado pela equanimidade e plena atenção. Isto é felicidade para um monge’
‘E o que é riqueza para um monge? Aqui, um monge, com um coração preenchido com amor-bondade, habita preenchendo um quarto (do espaço), o segundo, o terceiro, o quarto. Assim, ele habita preenchendo o mundo todo, acima, abaixo, de um lado a outro – em todo lugar, sempre com a mente preenchida com amor-bondade, abundante, ilimitado, sem ódio ou má-vontade. Então, com o seu coração preenchido com compaixão,... com seu coração preenchido com alegria simpatética,... com o coração preenchido com equanimidade,... ele habita preenchendo o mundo todo, acima, abaixo, de um lado a outro – em todo lugar, sempre com a mente preenchida com equanimidade, abundante, ilimitado, sem ódio ou má-vontade. Isto é riqueza para um monge’.
‘E o que é o poder para um monge? Aqui, um monge, pela destruição das corrupções, ele entra e habita naquela incorruptível libertação do coração e libertação pela sabedoria que ele realizou, nesta mesma vida, através de seu próprio super conhecimento e realização. Isto é o poder para um monge’.
‘Monges, eu não considero nenhum poder tão difícil de conquistar quanto o poder de Mara. É apenas através dessa construção de estados saudáveis que este mérito aumenta’.
Assim falou o Mestre, e os monges se alegraram e regozijaram com estas palavras.

Notas
(1) The Long Discourses of the Buddha – A Translation of the Digha Nikaya. Maurice Walshe. Boston, Wisdom, 1996. (tradução do sutta para o português: Arthur Shaker, 2012).
(2) No sutta 27, 1.12-17, do Digha Nikaya, assim são descritos cada um dos tesouros, que correspondem a poderes, a serviço do Rei: o Tesouro de Elefante, de um branco puro, com uma força séptupla, uma tromba real, e com o poder de viajar pelo ar; o Tesouro de Cavalo, com o poder de viajar pelo ar; o Tesouro de Jóia, de brilho imenso; o Tesouro de Mulher, de grande beleza, fala prazerosa, fidelíssima, sempre pronta a lhe dar-lhe prazer; o Tesouro de Chefe de família, com seu olho divino capaz de encontrar tesouros escondidos; e o Tesouro de Conselheiro, sábio, experiente e competente para orientar o Rei sobre os corretos procedimentos a seres tomados, evitados e divisados.

(3) Sobre esse tema do Monarca Universal, Chakravartin, o que se situa no Centro do Mundo e “faz girar a roda”, veja também René Guénon – O Rei do Mundo. Lisboa: Ed. Minerva, 1978.

(4) Trata-se dos actuais cinco preceitos para os leigos (pañcasila), acrescido do preceito da moderação no comer.

(5) Seguir “as próprias ideias” significa optar pela ignorância, pela visão incorrecta (miccha ditthi), em detrimento da visão correcta do Dhamma, e marca o início do processo de degeneração da relação humana para com o Dhamma.
O processo de degeneração e decadência pode ser compreendido em vários níveis. A começar pelo corpo, é bastante evidente que os corpos dos seres tendem à degradação, culminando com a morte. Ampliando esta mesma determinação, os ciclos de humanidade, bem como do Cosmo, seguem a mesma lei. Isto não significa que os seres estejam necessariamente fadados à degradação mental, pois isto depende da lei do kamma. Caberia aos seres sencientes despertar para a compreensão da natureza de dukhha desses ciclos de nascer e morrer, e pela prática do Nobre Óctuplo Caminho, alcançar o Nibbana.
A visão cíclica e descendente do ciclo humano e cósmico aparece formulada, de modo mais detalhado, na tradição hindu, nas Leis de Manu, que divide o ciclo em quatro fases ou yugas: Satya yuga, a idade da Verdade, Treta yuga, Dwâpara yuga, e por último Kali yuga, a Idade Sombria, aquela em que estamos desde há mais de seis mil anos, agora em sua última etapa. Os budistas tibetanos ainda distinguem uma quinta fase cíclica no Kali yuga, “a Idade em que a corrupção vai de mal a pior” (Tsong-Khapa, fundador da ordem de Dalai Lama e de acordo com o testemunho de Marco Pallis, cf. referência em René Guénon, A Crise do Mundo Moderno, nota 1, p.28. Lisboa, Véga, 1977). Enquanto a Justiça e a Verdade reinam no Satya Yuga, já nas fases subsequentes o avanço da des-espiritualização acelera-se, na medida em que a duração temporal de cada fase diminui na proporção de 4:3:2:1. A despeito do avanço tecnológico, o ciclo caminha para baixo. A referência baixo tem múltiplas significações: materialização, maior dificuldade de acesso mental às verdades transcendentes, racionalismo, desenfreamento do ignorante querer apossar das coisas, destruição da Natureza, exteriorização, corrupção, entre outras.
Se a tendência cósmica e humana é descendente e materializante, por outro lado, a função de uma Tradição espiritual é a de oferecer os suportes de apoio para a tendência oposta, a saída do samsara, a realização espiritual. Mas não são tendências sucessivas, mas simultâneas, embora haja períodos de crise e ruptura, com o desaparecimento de certas tradições, a emergência de novas tradições revivificantes - (e nesta visão global se situaria a emergência de tradições como o Cristianismo, o Budismo e outras) - e readaptações em outras. Nisto residiria as concepções teístas sobre as chamadas “descidas divinas”, os Avataras, que na tradição hindu são as sucessivas encarnações de Vishnu, a face da conservação divina. No livro do Bhagavad-Gita, assim se refere Krishna, considerado a oitava encarnação de Vishnu: “Sempre que o dharma [a Lei, Verdade, a retitude, entre outras acepções] declina, ó filho da dinastia dos Bharata, e há um aumento do adharma (vício, destruição da verdade), então Eu me manifesto” (sloka 7, cap. 4). Segundo os hindus, a próxima encarnação de Vishnu será como Kalki-Avatara, que desta vez virá para encerrar com fogo este ciclo da Humanidade, e o fim de um ciclo significa o início de um novo ciclo. Esta noção do fecho deste ciclo em fogo também aparece no Velho Testamento: “Porque, eis que o Senhor virá em fogo; e os seus carros como um torvelinho; para tornar a sua ira em furor e a sua repreensão em chamas de fogo” (Isaías, 66, 15).
Não vamos, entretanto, encontrar no Budismo esta noção do Avatar, bem como também nos sermões o Buddha não se refere a esta visão de um apocalipse em fogo. Mas, guardadas as diferenças entre as concepções teístas e o Budismo não-teísta, há uma afinidade nesta concepção das “presenças”, que no Budismo significa os sucessivos Buddhas nos diferentes ciclos da humanidade, e também sobre o processo de decadência progressiva dos ciclos da humanidade. O Cosmos se marca por processos cíclicos de expansão e contracção, e não por uma tendência linear progressiva, como parece propor o evolucionismo darwiniano.

(6) Segundo o Velho Testamento, Adão viveu 930 anos, Seth 912 anos, Matusalém 969, Noé 950 anos, Abrahão 175 anos, José 110 anos, Moisés 120 anos. Também neste sutta, Buddha relata a longevidade “daqueles tempos”, longevidade que vai diminuindo à medida que a decadência avança. Mas a referencia temporal “anos” não pode ser pensada com a mesma medida actual, pois o tempo no processo cósmico não é homogéneo.

(7) O Digha Commentary se refere a isso como “práticas sexuais incorrectas”.

(8) ”E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e levantar-se-ão os filhos contra os pais, e os farão morrer” (Marcos, 13, 12). “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mateus, 24, 12-13).

(9) A escolha pela vida reclusa marca uma espécie de “ponto de regeneração”, cujo arquétipo é o da Ariya Sangha, a Comunidade dos bhikkhus, e mais enfaticamente, os monges de vida e prática nas florestas. Mas, mesmo neste âmbito, o enfraquecimento e perda tende a ocorrer. Assim, quando Kassapa pergunta ao Buddha por qual razão antes havia poucas regras, mas muitos monges estabelecidos no conhecimento do arahato, enquanto agora havia mais regras, mas poucos monges estabelecidos no conhecimento do arahato, o Buddha explica:

“Assim acontece, Kassapa, quando os seres degradam e o verdadeiro Dhamma desaparece: então há mais regras e poucos arahants. Mas não haverá o desaparecimento do verdadeiro Dhamma até que o falso Dhamma surja no mundo. Mas quando o falso Dhamma surge no mundo, então o verdadeiro Dhamma desaparece.
Mas, Kassapa, não é o colapso dos quatro elementos – terra, água, fogo e ar - que faz o verdadeiro Dhamma desaparecer. Nem é a razão do desaparecimento similar à sobrecarga que faz o navio afundar. É a presença de atitudes daninhas que causa o obscurecimento e o desaparecimento do verdadeiro Dhamma.
São estas as cinco atitudes: a falta de respeito e consideração para com o Buddha, o Dhamma e a Sangha, para com treinamento e a concentração meditativa, pela parte dos monges e monjas, e dos devotos leigos homens e mulheres. Mas, enquanto houver respeito e consideração para com essas cinco coisas, o verdadeiro Dhamma permanecerá livre de obscurecimento e não desaparecerá” (SN 16:13).

Buddha também se refere, no Samyutta Nikay, ao processo que leva ao desaparecimento dos seus ensinamentos:
“Outrora, ó monges, os Dasaraharas possuíam um tambor chamado o Convocador. Como começava a rachar, os Dasaraharas nele cravavam sempre novas cavilhas: chegou o momento em que o tambor original do Convocador tinha desaparecido: só restava uma armadura de cavilhas. É assim, ó monges, que sucederá aos monges no futuro. Estes discursos pronunciados pelo Descobridor da Verdade, profundos, profundos de significação, falando de um outro mundo, tratando do vácuo: eles não escutarão mais tais como são pronunciados, não prestarão atenção, não voltarão seus pensamentos para o profundo sar, e não sustentarão que esses são ensinamentos dignos de ser estudados e possuídos.

Mas os discursos, ó monges, que são feitos pelos poetas, que pertencem à poesia, que são uma pluralidade de palavras de expressões, que são estranhos (isto é, exteriores ao ensinamento do Buda), que são as palavras de discípulos: eis o que eles ouvirão tais como são pronunciados e sustentarão que esses são ensinamentos dignos de ser estudados e possuídos. É por esta razão que os discursos pronunciados pelo Descobridor da Verdade, profundos, de significação, falando de um outro mundo, tratando da vacuidade, acabarão por desaparecer”.
(SN II, 266-67, trad. Ananda K. Coomaraswamy, p.65. O Pensamento Vivo de Buda. SP: Martins, 1967)
   


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Impresso em 19/4/2024 às 10:49

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