Fundação Maitreya
 
Sobre a Consciência

de Pedro Teixeira da Mota

em 10 Nov 2013

  Quando tentamos aprofundar a consciência e o pensamento que nela ocorre apercebemo-nos mentalmente que no nosso pensar há vários tipos de consciência, ou se quisermos que na nossa consciência há vários direccionamentos da atenção-pensamento, que poderemos dizer sobreponíveis ou complementares, e que com objectivos de auto-consciencialização espiritual discriminamos assim: Em 1º lugar podemos consciencializar-nos da nossa situação corporal, e temos a consciência postural, corporal e vertebral: se está mais ou menos alinhada, direita, tensa ou descontraída, com problemas ou dores aqui ou acolá, podendo mesmo acontecer descontrairmos ou harmonizarmos pela consciência e respiração tais zonas.

Sobre a consciência, as práticas espirituais, o Espírito, o Divino....

Em 2º lugar temos a consciência respiratória: ou seja, sobre a respiração lançamos ou deixamos cair a nossa consciência ou consciencialização (num ver e sentir interior) e observamos, concentramo-nos nela e desfrutamos dos seus efeitos benéficos mais acentuadamente, que vão desaguando na energetização global e na diminuição dos pensamentos dispersivos que em geral ocupam a mente...

Em 3º lugar passamos para a consciencialização energética e vibratória: sentimos o nosso corpo a vibrar, sentirmo-nos mesmo num corpo subtil vibratório.

Em 4º lugar, começamos a observar melhor os pensamentos, ou mesmo a sentir ou até ver as imagens vivas que estão em nós e à nossa volta, mais ou menos provenientes de pensamentos, emoções, desejos, em suma caminhos reais ou fantasiosos, nossos e dos outros. São de certo modo os planos astrais e psíquicos, evanescentes, mutáveis, e nos quais não nos devemos deter demasiado, se não para desanuviar e dissolver, de modo a prosseguirmos pondo mais a consciência, o olhar interior e a alma no mundo espiritual e divino...

Em 5º lugar começamos a ter mais presente a consciência da auto-consciência, ou seja, ao estarmos conscientes de nós próprios, num corpo físico, utilizando um cérebro e uma alma, com os seus órgãos de percepção que estão mais ou menos harmonizados, começamos a sentir a consciência pura em nós e a intuir o mundo espiritual, a consciência infinita ou divina que perpassa por nós, e começamos a desfrutar a sua a paz clarividente..

E tal como sabemos que as redes neuronais se desenvolvem com o exercício mental a que as submetemos, assim também a luminosidade do nosso ser ou os órgãos de percepção e irradiação da nossa entidade espiritual, chamados chakras em sânscrito, ou rodas de energia, se desenvolvem ou harmonizam nestes momentos de maior auto-consciência e ligação divina...
Quais as melhores práticas de trabalharmos e desenvolvermos tanto o nosso ser espiritual como os seus órgãos de percepção e comunicação, tanto mais que os vamos utilizar ou depender deles com a saída do corpo físico na morte, é então uma questão muito importante e em grande parte a Religião devia assentar nisto...

Em 6º lugar, como resultado da abertura e alinhamento da alma e do aprofundamento da consciência temos a consciência da presença do espírito e dos seus sinais ou atributos em nós, nomeadamente a luz, o silêncio, a paz, o amor. São níveis e realidades em geral só vivenciáveis durante a inspiração, o amor, a concentração, a meditação, a oração e contemplação, embora depois se tornem mais presentes sobre o que fazemos no dia-a-dia.

E assim com o tempo, quando fechamos os olhos e meditamos ou oramos, por vezes conseguimos logo sentir a sua Graça, isto é, a Sua presença no nosso peito, ou a Seu omnipresente Espírito harmonizando-nos. E assim podemos sentir um dos órgãos espirituais a trabalhar, o coração, com a abertura, invocação, adoração, amor e por fim unificação e irradiação divina...
Podemos avançar então mais para o mistério do divino e em especial de Deus em nós. Donde vem a presença de Deus, ou de onde emanam os seus eflúvios? Do Cosmos infinito, do centro do Sol, do centro do Cosmos, do mais íntimo de nós? Não será a simultaneidade, a instanteineidade, a plenitude que melhor o caracterizam?
Como podemos aumentar a receptividade a Deus, para além de levarmos um modo de viva harmonioso, justo, puro, elevado?

As nossas utilizações dos pensamentos e sentimentos e as nossas práticas espirituais poderão levar a quantificações possíveis, de tal forma que podemos dizer que às 11:00 tenho quatro unidades de presença ou luz divina e que às 12:00 isso aumentou?
Certamente que o estado da nossa aura e do nosso corpo espiritual melhora e clarifica-se ao receber forças e correntes luminosas dos mundos e seres espirituais, quando fazemos tais meditações e práticas. E por consequência vamos abrindo-nos mais a Ele, seja enquanto Espírito Absoluto Original, seja enquanto Logos ou Inteligência-Amor coesivo omnipresente, seja enquanto Espírito que está em nós, centelha, chispa, sol de amor, confiança, força, alegria...
É com este nível que devemos trabalhar e identificar-nos mais. E assim conseguirmos sentir ou mesmo afirmar convictamente: Eu sou um Espírito divino. Ou, Eu Sou um Sol (ou uma centelha do Sol) divino, e irradiarmos tal realidade íntima como luz e amor para próximos e distantes, vivos e mortos...

E finalizemos este pequeno escrito saudando e invocando a Divindade enquanto Espírito Primordial, da qual uma imagem material evocadora será o espaço infinito, e que é em nós mais perceptível quando estamos numa frequência mental de consciência não-dual, quando saímos de uma meditação ou de um recolhimento, ou perante um horizonte imenso...
Aprofundar este sentir é certamente uma outra prática importante não só para inspirarmos e expirarmos beneficamente por entre os prédios citadinos, as tensões das sociedades e os sofrimentos da Humanidade, mas também para cultuar e trazer mais à dimensão humana a (ou algo da) Unidade cósmica Divina...

Saibamos pois resistir à crise mantendo a nossa ligação vertical com o Divino e um relacionamento horizontal de compaixão e justiça, amor e sabedoria com os seres que vamos encontrando no Caminho da Vida...
   


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