Fundação Maitreya
 
Meditação – Qual a sua origem e para que serve

de Maria

em 16 Mar 2014

  Uma coisa é entrarmos em estados meditativos, fechando os olhos deixando a mente vaguear ao acaso, sem saber onde a “pousar”, apenas sabe que se sente bem, se o faz com o propósito de encontrar a paz; outra coisa é o propósito consciente de levar a mente ao estado de acalmia, onde pode então, contemplar a paz. São actos bem diferentes. No primeiro exemplo, o meditador sujeita-se a todo o tipo de influências astrais; no segundo exemplo, o meditador usa a sua inteligência no sentido de dirigir conscientemente a sua mente na direcção correcta. No final da meditação, então vem a contemplação. Contudo, de permeio muito aconteceu no cérebro devido ao silêncio.

«Não procurem o mais fácil, mas sim o que é verdadeiro».

O conhecimento sobre meditação vem da tradição do Hinduísmo onde consta o estudo, a prática e a devoção. Meditar representa um acto religioso no sentido de chegar à união com Deus. É um acto sagrado.O ponto importante na meditação é Deus e, não importa o nome que Lhe damos: Entidade Cósmica, Natureza ou Inteligência Superior.
(Para se ser religioso não precisa pertencer a uma religião. Todo o ser humano tem um sentido religioso inconsciente no seu interior de ligação ao Divino).

Meditação sem religiosidade (Deus) a qual engloba a fé e a devoção não tem consistência, nem faz sentido ou exerce qualquer benefício ao nível de evolução espiritual – não exerce mesmo - é vazio da verdadeira essência da Meditação. Pode sentir-se paz, mas não chega…
Modernamente, no Ocidente, Deus é retirado da meditação, porém, todos os sistemas filosóficos ou religiosos da Índia nos falam da União através da prática da meditação e do esforço pessoal para o aperfeiçoamento. Todos ensinam a prática da meditação. Tanto no Yoga, como em qualquer outro sistema de meditação da Índia, o objectivo do percurso espiritual é a União com Deus (Brahman). Diz Patañjali:
«A mente em Samādhi funde-se com a Mente Divina». Ou, «O estado de Samādhi é um estado de Prājna, “claro entendimento” ou “clara compreensão”, ter o verdadeiro conhecimento do objecto: Deus».

De facto, todos os sistemas filosóficos ou religiosos da Índia incluídos no Veda, ou mesmo nos que se dizem fora dele, como o Jainismo e o Budismo, têm como base das suas doutrinas a prática da meditação. Dentro do Veda, temos o Sāmkhya – Yoga, os Upanishads, o Brahmanismo, o Vedānta ao qual se chama fim do Veda e todos os ensinamentos dele derivado, como o Advaita Vedānta (não-dual) e o Dvaita Vedānta (dual). Não-dual - é porque não faz a distinção entre o Ser (Ātman) e Deus (Brahman); há uma identificação total, onde se usa a máxima: Eu Sou Ele!
Dual - é o caminho místico da devoção e da fé onde se distingue o Ser e Deus. Todas as obras e pensamentos são feitos numa entrega devocional a Deus. Contudo, todos estes sistemas têm um ponto comum para atingir; a iluminação. A iluminação vai-se realizando, gradualmente, até que se quebram os laços terrenos numa total libertação humana.
Para que serve a meditação?

«A meditação permite passar do estado de Consciência humano ao de Consciência divina».
A meditação ajuda a cultivar a serenidade emocional, onde as expressões espontâneas não são reprimidas, mas sublimadas pela consciência delas em todos os momentos. As emoções quando descontroladas servem todo o tipo de desejos, como comer fora de horas, beber estimulantes, discutir ou falar demasiado, ou qualquer outra actividade que compense a sua ansiedade interior. Procurar conhecer as razões porque se reage a determinadas emoções, ajuda a dominar a mente para a usar de forma correcta e a elevar os sentimentos do coração. As emoções são o agente do sentir do coração. Sentimentos de medo, de frustrações afectivas, de ansiedade ou de raiva, facilmente controlam a mente manifestando-se pela fala ou pelas atitudes negativas e, bloqueia o coração. O controlo das emoções passa pelo auto-conhecimento que resulta do trabalho interior.
Esse trabalho interior requer a prática da meditação; ela dá a capacidade de se enfrentar a si mesmo, de superar-se pela compreensão, de acabar com a vitimização (pena de si próprio) e desenvolver a devoção em algo superior. A meditação ajuda ao desenvolvimento do próprio cérebro, onde se operam mudanças nas células e por consequência na forma de pensar, actuar e viver, o que leva progressivamente ao alargamento de Consciência.

O centro cardíaco (o coração) deve ser um transmissor de força construtiva para irradiar a vibração de amor. O domínio sobre as emoções negativas leva ao equilíbrio mental e sentimental e, as palavras são pronunciadas com mais sentido e objectivo, convertendo-se num firme e delicado instrumento do seu próprio pensamento. A concentração mental quando bem dirigida capacita a entrar nos reinos mais elevados da compreensão; aspectos fundamentais para se obter cada vez mais Consciência de si. De entre os vários benefícios da meditação, encontra-se o que leva ao correcto funcionamento da própria mente, impulsionando assim o centro do cérebro e, a partir do qual se alinham os corpos, físico, etérico e mental para a vibração adequada, estabelecendo então, o eixo com os planos superiores espirituais. Consequentemente, à medida que se vai desenvolvendo o interior neste alinhamento, vai-se tornando também mais claro o seu propósito de vida e dos seus movimentos no dia-a-dia para realizar o seu próprio plano, que se insere, obviamente, no plano superior ou cósmico.

A meditação desenvolve um ponto central de energia no plano mental, que cria determinada vibração pela qual é emitida uma nota interna que vai “tocar” os planos espirituais e de onde virá sempre resposta (serenidade, pontos de luz, compreensões ou paz). Ou seja, começa a haver comunicação entre o meditador e a Fonte de Luz. Estabelece-se o alinhamento físico, mental e espiritual de forma directa. Criam-se, então, as condições para ouvir o “ressoar” interno ou a revelação da sua própria luz. Uma coisa é entrarmos em estados meditativos, fechando os olhos deixando a mente vaguear ao acaso, sem saber onde a “pousar”, apenas sabe que se sente bem, se o faz com o propósito de encontrar a paz; outra coisa é o propósito consciente de levar a mente ao estado de acalmia, onde pode então, contemplar a paz. São actos bem diferentes. No primeiro exemplo, o meditador sujeita-se a todo o tipo de influências astrais; no segundo exemplo, o meditador usa a sua inteligência no sentido de dirigir conscientemente a sua mente na direcção correcta. No final da meditação, então vem a contemplação. Contudo, de permeio muito aconteceu no cérebro devido ao silêncio.

Por outro lado, a meditação que se requer para o evoluir ou aperfeiçoamento humano e, para que resulte, deve ser acompanhado de uma filosofia que dê uma atitude de vida, aquela que toca a sua própria religiosidade. Meditar sem um propósito espiritual ou religioso não tem qualquer resultado consistente.
A disciplina e a meditação proporcionam o alinhamento com o Eu Superior, por via dos centros de forças nervosos (chakras) e dos mecanismos do cérebro físico. Só assim se chega ao Deus interno e externo e poder actuar com plena consciência, controlando plenamente o plano físico. A meditação tem o efeito de energizar e vitalizar.

No Ocidente, tem-se a meditação com o objectivo de relaxar, ter paz ou como um meio de ser feliz. Mas o que é a felicidade? A felicidade é relativa.
A busca de todo o ser humano prende-se com o encontro com Deus: esta é a felicidade. Para tal é necessário construir uma boa estrutura mental.
O que significa uma boa estrutura mental? Capacitar o cérebro a ser mais forte psiquicamente, ou seja; não permitir a entrada de desânimos, de pensamentos negativos (deixar de ver os problemas pela negativa), stress, e emoções exageradas.
O que permite? Domínio e clareza mental, serenidade interior, firmeza, persistência num propósito e irradiação do amor no coração. Dois pontos fundamentais de equilíbrio: a mente e o coração.

E como se consegue?
O início da prática da meditação começa pela concentração, segundo Patañjali, que sistematizou a prática do Yoga; só o poder da concentração da mente leva à meditação e ao samādhi, a União.
A concentração começa por arrumar os pensamentos; estar atento à invasão dos pensamentos e conscientemente retirá-los. Só assim se consegue na primeira fase, a serenidade na mente, onde depois então, pode direccioná-la para a meditação.
Para começar pode-se concentrar num objecto mental ou um ponto de luz.
Pouco a pouco a respiração e o ritmo cardíaco se tranquilizam, podendo então entrar em meditação.
Meditar - silenciar a mente e nada pedir. A meditação leva a conhecer Deus directamente e a ficar na Sua Inteligência.
Sem uma prática de concentração da mente será difícil meditar. No sistema de Yoga há algumas regras básicas para a preparação da meditação: āsanas, respiração e concentração. A concentração ajuda a chegar a um “campo unificado”.

Segundo investigações científicas, a meditação activa a área pré-frontal esquerda onde residem as emoções positivas como a alegria e o entusiasmo, tendo assim o poder de reduzir a hipertensão e melhorar o sistema imunitário.
As ondas alfa do córtex frontal inferior nos primeiros três minutos de concentração, tornam-se mais fortes (firmes), e as ondas gama e beta diminuem. As ondas alfa são as que dão coerência ao cérebro e com a meditação esta qualidade aumenta.
Dez minutos depois, reduz a resposta ao stress, pois diminui a produção da hormona glicocorticoide. Onze minutos depois, está imerso numa onda de calma e as áreas frontais e pré-frontais estão mais organizadas, o que melhora a concentração. Que esta prática, sendo persistente, melhora o cérebro e capacita a educar a mente, transferindo esse poder depois para o dia-a-dia, ajudando à tomada de decisões.
Estas conclusões da ciência vêm corroborar o que já tanto temos falado sobre os benefícios da meditação e ajuda a compreender, tecnicamente, a razão dos seus resultados na saúde do ser humano.

De facto, na acalmia ou estabilização que se adquire na meditação, o cérebro pode então, activar e produzir substâncias que raramente o ser humano deixa que aconteçam, as que tocam as células mais místicas e religiosas (a ciência ainda não faz esta ligação), onde as memórias de transcendência podem emergir. Sobressai, então no final da meditação, não só um estado de paz, mas também de alegria e felicidade.
Havendo uma prática regular, as estruturas mentais, psíquicas, físicas e espirituais que se ganham com a meditação passam a funcionar e a aplicar-se na vivência diária com maior inteligência.
Conclui-se que a finalidade de todo o caminho ou evolução espiritual é chegar a ser Consciência Divina e, nesse percurso, adquirir mais inteligência, sendo esta a qualidade que leva à iluminação – a iluminação é um estado místico e inteligente.



   


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Impresso em 28/3/2024 às 13:27

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