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Recuperar o nosso espaço sagrado
de Maria João Firme em 30 Jun 2014 ![]() Funcionamos em prol de uma carreira em vias de desaparecimento, ou de um trabalho cada vez menos seguro. Continuamos a repetir o padrão, com vista a uma vida desafogada e certa, sem pararmos para refletir na sociedade que estamos a construir. Seguidamente, ficamos verdadeiramente espantados com o carreirismo dos nossos políticos, e até onde levaram a sua ambição pessoal e o país em que vivemos e dissertamos, cada vez mais amargamente, sobre o estado da nação. Das sociedades menos complexas, neste caso dos povos nativos americanos, chega-nos a ideia de espaço sagrado. Este conceito da filosofia indígena foi-me relembrado por uma amiga, que caminha ao meu lado, neste trilho. Este é um espaço pessoal e físico, mas diz respeito também ao tempo de cada ser, e ao ritmo da natureza onde se insere, devendo ser respeitado por todos os outros seres e indivíduos. Na verdade, só mantendo o nosso espaço sagrado intacto, nos podemos sentir confortáveis. Por vezes sentimos um pequeno incómodo, pois qualquer coisa nos diz que estão a entrar no nosso território, a vasculhar as nossas gavetas internas, a telefonar-nos quando já desligámos a mente, ou a chamar-nos quando necessitamos de estar sós. Abordam-nos de mansinho, mas não respeitam o nosso espaço sagrado. Se somos demasiado simpáticos e disponíveis, podemos não estar a estabelecer com eficácia os nossos limites. Ao deixarmos um determinado espaço indefinido, atraímos amigos ou conhecidos que, não querendo reciclar o seu próprio lixo (pois deitar fora é sempre uma perda e um vazio), transformam-nos a nós, respeitosamente, em ETAR alheia. Isto pode referir-se a sacos deixados esquecidos na nossa garagem, tratando-se de espaço físico, ou a queixas contínuas sobre uma situação, quando nada é feito para a mudar, tratando-se de um abuso do nosso tempo e energia vital. Sejam quais forem os motivos porque permitimos uma invasão do nosso espaço íntimo, poderemos sempre aceder-lhes, se fizermos uma análise interior cuidadosa. Ao serem observados com coragem, a mudança começa, abrindo um espaço onde nos iremos respeitar mais. Pondo os limite necessários e limpando ou reciclando carinhosamente os nossos próprios resíduos, um interior limpo e claro vai ligra-nos à essência do ser. Resgatando o nosso espaço sagrado, iluminamos o mais íntimo de nós mesmos. Assumindo um espaço de vitalidade, cintilará uma vida plena e forte, que crepitará delicada e suavemente. Num fogo de constância e acolhimento, as chamas do nosso ser render-se-ão, darão vida a outras e libertarão corajosamente a dor... para abraçar o amor. ![]() |
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