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Ser rebelde, hoje
de Maria João Firme em 28 Jul 2014 ![]() Hoje em dia podemos estar prestes a alterar o significado da palavra rebelde no dicionário, pois as lutas apaixonadas já não defendem causas. O ruído já não é uma exceção mas a norma, nesta sociedade. Falar de ruído é o mesmo que dizer lixo mental, e a quantidade produzida é imensa, quer o contexto seja a educação, a saúde ou a justiça, pois quanto a política nem se fala. Nos restantes setores da sociedade, o panorama é semelhante. Um mundo de causas globais coexiste com os problemas específicos de cada cantinho da terra que, na sua maioria, já não podem ser desligados dos movimentos e forças transculturais que emergem no planeta. Os acontecimentos chegam de um local ao outro num abrir e fechar de olhos, e a sua divulgação, bem como a multiplicidade de reações subsequentes, surgem de uma forma virtual e imediata. A informação estilhaça-se por mil redes, muitas delas lançando propositadamente, ou não, a confusão. Os factos são de imediato truncados, deturpados e manipulados por uma ética duvidosa, pois a “sociedade da informação” está ao serviço de ideias curtas, como o lucro e a competição. Na sua maior parte, a informação que circula serve para atafulhar-nos, estafar-nos e confundir-nos, enquanto nós... quais marionetas sem ânimo, somos manipulados pelos fios de uma vontade, que já não é própria. Daí, que só uma revolução interior estará apta a quebrar os fios do desânimo, numa rebeldia contida, que não se perca na dispersão. Será provavelmente necessária uma rebelião diferente, uma teimosia silenciosa, para que não nos roubem a alma. Caso contrário, facilmente perderemos o ânimo, o espaço vital e a vontade própria, e caminharemos sonâmbulos, pelos labirínticos túneis das lixeiras modernas. Só tomando consciência das consequências destas novas formas de comunicação, enganadoramente mascaradas de liberdade de opinião, nos poderemos centrar no que é realmente importante para nós, individualmente e como espécie neste planeta. Ser rebelde neste contexto significa não perder o rumo e viver de acordo com a nossa verdade interior. Ser rebelde, hoje, é ser um equilibrista e discernir em cada inspiração o passo exato, e na expiração seguinte o pensamento correto. É tornar-se surdo no ruído, mudo na cacofonia e paralisar, nesta correria sem destino. É um exigente processo, para que possamos permanecer lúcidos, conectado com a nossa verdade interior e agir de acordo com ela. ![]() |
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