Fundação Maitreya
 
O Jejum

de Maria Ferreira da Silva

em 17 Nov 2014

  No jejum, estando o organismo liberto da digestão, o fígado na sua função natural, produz glicose e envia a todo o corpo, no qual o cérebro recebe uma boa percentagem. Esta reserva no fígado dura algumas horas (24h), período em que o organismo vive das suas próprias gorduras e proteínas, fornecendo energia às células. Entretanto, a composição do sangue, hormonas, neuro-transmissores e subprodutos sofrem transformações químicas, permitindo que o organismo se regenere. Desta forma, é permitido ao cérebro readquirir o seu ritmo normal, sobressaindo então, um estado de acalmia mental. Esta reacção biológica, que resulta da supressão dos alimentos, liberta o corpo das tensões emocionais e energéticas, libertando a mente, que liberta simultaneamente, o coração. Daí advir não só a serenidade e clareza mental, como o amor se pode fazer sentir espontaneamente no coração, revelando estados mentais e espirituais latentes, como resultado da purificação corporal e mental.

Assim, para além dos efeitos do jejum no corpo físico, eles são sentidos especialmente nos corpos mais subtis e espirituais. Ao diminuir a carga física que o alimento comporta, libertando todos os órgãos que elaboram a digestão, repercute-se nos corpos subtis, que libertos das tensões corporais e mentais, acolhem maior fluxo da Consciência, devolvendo ao Ser a sua própria identidade. A mente clarificada pela purificação alimentar, fica no seu estado puro e natural, podendo, de facto, receber com maior força o poder e o amor do seu próprio Espírito.

Na realidade, esta leveza do corpo, permite viver mais conscientemente nos corpos espirituais ou subtis, principalmente no corpo búdico (buddhi), o corpo da consciência perceptiva ou sensorial (a Consciência pura livre dos condicionamentos do eu) e, fazer maior integração na Consciência Suprema, sem entraves, podendo atingir estados naturais de felicidade interior, que nos seres mais avançados espiritualmente, pode vir a realizar-se um Samādhi. Buddhi pode entender-se como Consciência superior, nível ou estado donde procede o mundo ideal ou primordial. A mente é composta de elementos subtis, que não sendo matéria faz a ponte entre a matéria, o corpo físico e o corpo subtil ou buddhi, sendo este por sua vez, composto de elementos refinados e puros onde habita a Consciência. É o que está no mais íntimo do ser humano; é o centro da Consciência, é o verdadeiro Conhecedor.

Concluindo, deste repouso do organismo (pelo jejum) que se reflecte a todos os níveis, emerge a capacidade de maior concentração da mente, pela qual se entra mais facilmente em Meditação. Contudo, convém não esquecer e, como factor fundamental, que num dia de jejum, deve haver recolhimento para que não se dispersem as energias, principalmente através da fala e de acções desnecessárias, motivos que podem levar a mente a grande dispersão e o resultado do jejum fica subvalorizado.

Excerto do livro A Meditação e os Benefícios na Saúde

Sem uma purificação da mente não há verdadeiro entendimento. Sem uma decisão correcta, não pode haver uma acção correcta. Quem pode conservar uma boa saúde, se não há moderação e domínio de si mesmo?


   


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