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  Astronomia  06 Abr 2010

Sonda Hatabusa chegará em breve à Terra.

Já passaram vários anos - 29 de Novembro de 2005, para ser exacto - desde que uma sonda japonesa chamada Hayabusa aterrou num pequeno asteróide com esperanças de recolher amostras da sua poeirenta superfície e enviá-las para a Terra. Se a missão tivesse corrido como planeado, as preciosas amostras do asteróide 25143 Itokawa teriam chegado aos cientistas em Junho de 2007.

Mas o voo da Hayabusa, a palavra japonesa para "falcão", foi tudo menos normal. De facto, tem sido mais um desastre.

A sonda quase se perdeu durante o encontro devido a uma série de avarias que a poderiam ter condenado. Mas aguentou-se, apesar de uma grande perda de combustível, da avaria de uma bateria e da perda de comunicações durante dois meses. E depois falhou o seu sistema de controlo de orientação. A perda de três dos seus quatro motores alimentados a xénon significou o atraso da sua chegada à Terra por três anos, seguida cuidadosamente a cada passo pela sua dedicada equipa de engenheiros.

Bem, a Hayabusa está quase aí. As últimas notícias do gestor do projecto, Junichiro Kawaguchi, contam que foi enviado o comando para a sonda desligar o restante motor a 27 de Março, após ter gentilmente acelerado a sonda até 400 m/s no último ano e a ter aproximado duma trajectória que a coloca a vários milhares de quilómetros da Terra. "O que resta é uma série de correcções da trajectória," explica Kawaguchi, "e a equipa do projecto está a finalizar as preparações."

Em meados de Junho, uma pequena cápsula de descida com 18 kg irá separar-se da sonda e entrará na atmosfera por cima da região centro-Sul da Austrália. A sonda maior, entretanto, irá afastar-se para evitar a Terra. Viajando pela escuridão a 12,2 km/s, a cápsula abrirá o seu pára-quedas e aterrará numa zona alvo, medindo 100 por 15 km, na remota região de testes de Woomera.

Após o transporte para uma sala descontaminada na agência espacial japonesa (JAXA), os cientistas irão abrir cuidadosamente a cápsula de 40 cm para descobrir, finalmente, se contém ou não amostras do asteróide. Não se sabe com certeza - embora tivesse aterrado na superfície do Itokawa durante meia-hora, a Hayabusa não conseguiu disparar os dois pequenos chumbos desenhados para levantar material superficial para a sua recolha.

O regresso bem sucedido da Hayabusa é muito importante para o Japão, e até já estão planeadas festas. Kawaguchi tem cuidado em não divulgar publicamente a data exacta, e espera ainda o avalo das autoridades australianas. "Não é no começo de Junho, nem no fim de Junho," afirma.

Dado que as sondas raramente entram pela atmosfera com esta velocidade - os satélites em órbita da Terra caem três vezes mais devagar - há muito interesse científico na própria reentrada. A cápsula deverá criar uma bola de fogo artificial começando a cerca de 200 km de altitude e alcançará um brilho máximo de magnitude -6,7 (várias vezes mais brilhante que Vénus) antes de abrir o seu pára-quedas.

Durante o último ano, o especialista em meteoros Peter Jenniskens do Instituto SETI na Califórnia, tem organizado uma equipa internacional para observar a chegada da cápsula a bordo de um jacto DC-8 repleto de instrumentos, voando perto da zona de recolha. Jenniskens organizou um evento semelhante para a chegada da cápsula de amostras da Stardust em Janeiro de 2006.

Irá a Hayabusa, não obstante os seus problemas, chegar à Terra? Será que a cápsula contém as amostras do asteróide Itokawa? Em breve desenrolar-se-á o último capítulo desta espectacular missão!
Notícia do Núcleo de Astronomia a Ciência Viva do Algarve.

ASTROBOLETIM N.º 635
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