Certa vez, ouvi uma Mulher dizer “adorei aqueles quadros, eram magníficos porque conseguiam mesmo mostrar a beleza da alma humana”. E não será esse o objetivo de toda e qualquer obra de arte? Mostrar a beleza da alma humana, ligando-nos ao Criador, através da mudança de sentimento interior, que nos lembra e desperta para o Bem? O mais milagroso na obra de arte é quando impele o ser humano a ser melhor, pela aquisição de uma consciência mais universal, ética e espiritual. Sim, temos que existe a arte política, subversiva e conceptual (intelectualmente estimulante), mas se a arte não transforma a vida do observador, não incentiva a superação das suas próprias limitações e impele à descoberta de mundos interiores, falha na sua missão principal. O propósito da arte é tocar a alma humana.
A escrita perfeita advém da alegria interior e de uma metódica razão que, apesar de espontânea, advém do estudo prévio de obras e volumes vários. A perfeita sintonia entre o estado do escritor e o conteúdo da escrita revela ao leitor mais atento os meandros dos seus pensamentos e sentimentos, declarados ora através de versos ora passos da escrita. O mesmo se passa na música ou pintura, onde um compositor escolhendo determinada nota ou escala musical declara seus ‘interesses’ e revela ao público os pensamentos mais íntimos da sua vida interna. O pintor, escolhendo uma cor ou traço particular, revela a visão definidora do seu interior. Logo é perceptível que, sem atribuir ao ato artístico o rótulo de ‘música’, ‘pintura’ ou ‘escrita’ estamos perante a expressão criativa de estímulos energéticos. Se estes são elevados podemos denominá-la de inspiração (epifania), resultante numa dádiva à Humanidade ou vislumbre do Superior; pelo contrário, o seu oposto manifesta-se como ‘catarse’, que tem validade em planos ou etapas inferiores de existência (estados conscienciais) mas nunca em patamares mais elevados, que revogam a sua expressão.
Por que os Mestres vivem afastados dos aglomerados, nos distantes retiros Trans Himalaicos, isolados, onde não se percebe os avanços da civilização? É verdade, os Mestres vivem distantes do dinheiro e do prazer, porque prescindem das paixões humanas, e usam o seu poder em favor do mundo, não necessitam do bulício do barulhento mundo civilizado, artificial e desagregador dos valores superiores. Muito poucos Mestres, vivem nos grandes centros, a serviço da Hierarquia, sempre no anonimato, sustentando em seus ombros as rédeas do serviço mundial. Não obstante, o Mestre serve a humanidade e o seu poder atinge o mundo todo.
Para aqueles que estando em Florença decidam visitar o Museu de São Marcos, a primeira impressão que recebem vem do ambiente, lugar e espaços que circunscrevem o edifício, a que posteriormente se acrescenta a monumental obra de pintura que reveste o seu interior. Um elemento importante e determinante que contribui para o encanto e riqueza espiritual deste Museu, é a sua conservação intacta através dos séculos, apesar das vicissitudes e das estratificações históricas.Antigo Convento, é antes de mais hoje, um lugar de memórias, de memórias dominicanas, vinculado a homens ilustres da Ordem, desde Santo Antonino, a Frei Angélico, a Frei Savanarola e a Frei Bartolomeu, para mencionar apenas as personagens mais célebres que aqui viveram, às quais podemos acrescentar nomes de outras que se distinguiram nas mais diversas formas de expressão artística, cultural e mística da mesma época como Frei Paulino, Marco e Francesco della Robbia. Um elemento importante e determinante que contribui para o encanto e riqueza espiritual deste Museu, é a sua conservação intacta através dos séculos, apesar das vicissitudes e das estratificações históricas.
A contemplação do Cosmos origina uma das maiores viagens do espírito, provoca os sentimentos mais profundos do ser; reduz-nos à nossa insignificância; transporta-nos ao estremecimento, à grandeza, ao infinito, ao sublime, mas também à anulação do ego . Unifica o ser humano com o cosmos, o Uno. O mistério do universo começa com o silêncio, a plenitude, o sentimento de união com o Todo. Todavia, nem sempre se consegue escutar o silêncio, nem captar o mistério, nem mesmo percepcionar o detalhe de todas as «coisas». As coisas-em-si revelam-se por pormenores microscópicos e pela grande extensão do Universo, e o ser humano poderá contemplá-las e experimentá-las através da percepção e da experiência da união. Mas, simultaneamente, toma consciência do seu interior, o «eu», e do «inconsciente colectivo» junguiano [série de desenhos: Lamas, 2014]. A experiência de Unidade produz uma transformação no ser humano, a união com o Todo, tal como afirma Svâmi Prajnânpad: «c’est s’éprouver un avec tout» . O caminho da ascensão aos céus é um devaneio solitário, uma viagem sem regresso, ímpar, na medida em que nos transforma. Embarcamos numa viagem cósmica e tornamo-nos exploradores das multidimensões matemáticas . Este caminho segue numa linha curva e orgânica, tal como o Espaço: orgânico, fluido e em constante transmutação. Num movimento dinâmico, retorna ao mito dos céus antigos cujo significado continua oculto para o comum dos mortais.