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Mosteiro Budista
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Plena Atenção - 1º Parte

de Ajahn Sumedho

em 03 Jan 2011

  (...anterior) Os Quatro Encontros Nessas alturas ficamos esmagados por não observamos as coisas tal como elas são na realidade.

Na terminologia budista usamos a palavra Dhamma, ou Dharma, que significa, “como as coisas são”, “as leis naturais”. Quando observamos e praticamos o Dhamma abrimos a nossa mente para as coisas tal como são. Desta forma, já não estamos a reagir cegamente à experiência dos sentidos mas sim a compreendê-la e, através dessa compreensão, começamo-nos a desapegar. Começamo-nos a libertar de sermos naturalmente esmagados, cegos e iludidos pela aparência das coisas. Estar consciente e desperto não é uma questão de nos tornarmos nisso, mas de o sermos. Observemos as coisas tal como elas são neste preciso momento ao invés de fazer algo agora para nos tornarmos conscientes no futuro. Observamos o corpo como ele é, aqui sentado. Não pertence tudo à natureza? O corpo humano pertence à terra, precisa de ser sustentado por coisas provenientes da terra. Não podemos viver simplesmente do ar nem tentar importar comida de Marte ou de Vénus. Temos que comer daquilo que vive e cresce nesta Terra. Quando o corpo morre regressa à terra, apodrece, desfaz-se e torna-se novamente um com a terra. Segue as leis da natureza, da criação e da destruição, do nascimento e da morte. Tudo o que nasce não se mantém no mesmo estado: cresce, envelhece e morre. Tudo na natureza, até o próprio universo, tem os seus períodos de existência, nascimento e morte, começo e fim. Tudo quanto nos apercebemos e que concebemos é transitório, impermanente, e portanto nunca nos poderá satisfazer de forma permanente.

Na prática do Dhamma também podemos observar o carácter insatisfatório da experiência sensorial. Reparem simplesmente na vossa própria vida: quando esperam satisfazer-se através de objectos ou experiências sensoriais, apenas o conseguem fazer temporariamente, talvez gratificados e felizes nesse momento, mas imediatamente a seguir isso muda. Isto acontece por não existir nada na consciência sensitiva que tenha essência ou qualidade permanente, daí a experiência sensorial ser uma constante mudança. Devido à ignorância e à falta de compreensão dependemos imenso dessa experiência; habituamo-nos a exigir, desejar e a criar todo o tipo de coisas, apenas para de seguida nos sentirmos terrivelmente desapontados, desesperados, pesarosos e assustados. Essas mesmas expectativas e esperanças levam-nos ao desespero, à angústia, à lástima, à dor, ao lamento, à velhice, à doença e à morte.
Esta é a forma de examinar a consciência sensorial. A mente pode pensar de forma abstracta, pode criar todo o tipo de ideias e imagens, pode criar coisas muito apuradas ou grosseiras. Existe toda uma gama de possibilidades desde estados muito aperfeiçoados de graça, felicidade e êxtase até às mais densas e dolorosas misérias: do céu ao inferno, usando uma terminologia mais pitoresca. Mas não existe nenhum Inferno permanente nem nenhum Céu permanente. Na verdade não existe nenhum estado permanente que possa ser concebido ou criado. Ao meditarmos, assim que começamos a perceber as limitações, a qualidade insatisfatória e a natureza transitória de toda a experiência sensorial, também começamos a perceber que isto não é o eu ou o meu, é “anattā”, “não-eu”.

Quando tal é realizado começamos a libertar-nos da identificação com as condições sensoriais. Isto acontece não por as regeitarmos, mas por as compreendermos tal como elas são. Trata-se de uma verdade a ser realizada, não de uma crença. “Anattā” não é uma crença budista mas sim uma realização. Mas se não despendermos algum tempo da nossa vida a tentar investigar e compreender, iremos provavelmente viver sempre na convicção de que somos o nosso corpo. Podemos a dada altura pensar “Oh, eu não sou o meu corpo” por termos lido alguma poesia inspiradora ou uma nova abordagem filosófica, podemos até achar que é uma boa ideia não se ser o corpo, mas ainda não realizámos isso. Alguns intelectuais podem dizer “Nós não somos o corpo, o corpo não é o eu” – dizê-lo é fácil, mas sabê-lo realmente é outra coisa.
  (... continua) 
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