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Mosteiro Budista
Apresentação do projecto de criação do Mosteiro Budista Theravada da Tradição da Floresta da Tailândia em Portugal.

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Tudong Irlandês

de Bhikkhu Appamado

em 03 Mar 2012

  Tudong é uma das práticas que os monges budista da tradição Theravada Tailandesa da Floresta costumam e são encorajados a realizar. O 'verdadeiro Tudong' é aquele que é praticado 'em fé'. Quer isto dizer que, relativamente ao sustento, os monges ficam completamente à mercê da generosidade alheia, por parte das povoações por onde eventualmente passarem com a sua gamela. Visto os monges não poderem guardar (ou transportar) comida de um dia para o outro, não poderem cultivar e nem apanhar frutas das àrvores ou bagas silvestres, se não forem acompanhados por leigos que se tenham predisposto a ajudá-los na sua caminhada, ficarão à mercê de quem tenha a curiosidade ou o interesse de lhes perguntar o que fazem, e a generosidade de lhes oferecer algo para comer (visto, é claro, os monges também não possuirem dinheiro para 'ir à loja'!).

Assim, este Tudong na Irlanda não foi um verdadeiro tudong nesse sentido. Partiu antes da iniciativa de um jovem Irlandês, Alexander Hart, que na sua demanda espiritual e após ter tomado contacto com esta tradição num mosteiro na Tailândia, resolveu convidar dois monges para fazerem uma peregrinação pela Irlanda. Assim, com a preciosa ajuda de Nick Scott, perito nestas andanças, e de Podraig, outro jovem Irlandês na sua demanda espiritual que se juntou a Alex, partimos para a nossa aventura em terras Irlandesas.

Voando de Inglaterra, eu e o Samanera Thanavaro, que me acompanhou nesta ventura, aterramos na Irlanda onde de imediato reconhecemos um jovem de olhar sagaz que nos esperava (nunca o tinham os visto antes, apenas sabiamos que iamos encontrar alguém chamado Alex, mas pelo estilo aventureiro e o olhar ávido de quem almeja... - Tem de ser ele! - pensei). De imediato o abordei com as palavras 'Olá Alex'. É claro que com a minha indumentária ele não tinha dúvidas de que eu era o viajante esperado. Assim embarcamos numa viajem até à casa de Nick Scott e Mich, sua companheira, onde mais planos se traçaram para o desenrolar da viagem. Na madrugada seguinte, ainda de noite, partimos, percorrendo a pé a recortada costa Irlandesa, com seus gélidos ventos e a sempre presente pluviosidade. Numa casa muito típica um casal Irlandês ofereceu-nos pequeno almoço em sua casa, ao som de uma bela melodia Irlandesa. Depois de tão reconfortante encontro prosseguimos viagem até ao próximo ponto onde alguém nos iria encontrar e oferecer-nos a última refeição do dia - o almoço. Assim, chegados a Kinvarra, uma amável senhora trouxe maravilhosas iguarias belissimamente confeccionadas por ela própria. Depois de cantarmos o já familiar Anumodana (bênção de agradecimento) continuámos em direcção a umas ruinas cistercienses onde iriamos pernoitar. Foi um dia longo de muitos quilómetros percorridos debaixo de chuva e muito vento. Soube bem à noite sentar à volta da fogueira e beber um pouco de chá.

Manhã seguinte, peregrinação em movimento. Após visitarmos um antigo mosteiro cisterciense e de apanhar uma valente carga de água (já me ia acostumando) paramos em casa de um casal de biólogos amigos de Mich, que nos ofereceram comida (maravilhosa sopa de grão) e umas horas de repouso em local quente e abrigado da chuva e na companhia dos seus muito bem dispostos animais de estimação. De seguida, uma outra amiga aguardava-nos para fazer parte da caminhada connosco. Biber, e sua filha de 7 anos, acompanharam-nos nos próximos quilómetros até chegarmos ao local onde iriamos pernoitar acampando. Pelo caminho fomos abençoados com um magnifico duplo arco-íris sobre o mar, coisa de espantar.

Uma das outras bênçãos deste tipo de caminhada, é que se caminha a maior parte do tempo em silêncio e, quando se fala, são normalmente abordados temas de índole espiritual. As pessoas que nos acompanham muitas vezes falam da sua experência, da sua busca ou de dúvidas que têm em relação ao Caminho, o que se revela sempre muito frutífero, poisa natureza aberta onde estas caminhadas são realizadas, proporciona a que cada um saia de seu 'casulo', do seu ambito mental habitual, e se sinta mais liberto e inclinado a focar aspectos mais profundos e pertinentes da vida.

Assim, Biber partiu, deixando-nos alguns mantimentos para o dia seguinte. Nesse fim de dia resolvi tomar banho nas águas nada tépidas do Oceano Atlântico . Thanavaro resolveu fazê-lo também sendo que para ele, esta era a primeira vez que entrava no mar!

Após mais uma bela fogueira e noite dormida, seguimos iniciando uma subida rigorosa. Decidimos partir em jejum e acendemos o fogareiro apenas no alto da montanha. Prosseguimos viagem até casa da mãe (§) de Francis, uma outra amiga do grupo de meditação do qual Alex e Podraig fazem parte.
  (... continua) 
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