Tudo teria começado com um sonho do califa al-Ma’mûn, filho do lendário Hârûn al-Rashîd. Nesse sonho estava sentado em frente dele, num daqueles sofás orientais, um homem de cara simpática, tez clara e viva, testa larga, olhos azuis. Estupefacto, o Emir dos Crentes pergunta: “Quem és?”. O homem responde: “Aristóteles”, e convida o seu interlocutor, extasiado, a fazer-lhe outras perguntas. Al-Ma’mûn interroga-o, então, acerca da “questão maior”: “O que é bom?” – “O que é bom para o espírito” – responde Aristóteles – e depois o que é considerado bom segundo a Lei (sharî‛a). – “E mais?”, pergunta o califa. – “O que é bom para o povo”. Finalmente, o Estagirita convida o califa a considerar como “ouro” quem o informasse acerca do Ouro (da alquimia) e a aderir rigorosamente à doutrina do tawhîd: a unicidade/transcendência absoluta de Deus, pedra basilar da fé e da predicação islâmicas. Foi assim – explica Ibn al-Nadîm – que o califa decidiu procurar, por todos os meios, as obras dos filósofos gregos e mandar traduzi-las para o árabe. Independentemente da historicidade do relato, é um facto que a filosofia islâmica nasce e se desenvolve na senda da filosofia grega, tomando-lhe o próprio nome falsafa.
Permitam-me começar com uma questão: o que significa religião da ciência? E como é que esta religião da ciência, existindo desde um período recuado (300-200 anos A.C.) até hoje, tem progredido de uma tal forma que actualmente parece estar parcialmente em consonância com a religião? É sobre isso que eu passo a desenvolver. Um aspecto interessante deste conceito é que a ciência tem progredido com o contributo de algumas pessoas excepcionais, com as suas vidas e com as perspectivas da sua missão. Tudo isto tornou a ciência no que ela hoje é. O objectivo primordial da ciência é buscar a verdade e alcançá-la. Quer a filosofia, quer a religião, ambas pretendem alcançar a verdade. Se me perguntarem qual a diferença entre as verdades investigadas pela ciência, por um lado, e da religião e filosofia por outro, devo dizer que a ciência não é incompatível com aquelas no que respeita aos seus aspectos superiores. Refiro-me à ciência basicamente enquanto busca da verdade fundamentada em evidências ou provas
A Terra está actualmente na Era de Ferro, Idade das Trevas ou Kali Yuga, que é, na generalidade, o período de maior densidade dentro de todos os Ciclos das Eras Cósmicas, em que todas as Eras têm a sua finalidade e propósito. Sendo a Era que estamos a atravessar a do Kali Yuga, o período mais denso de todos os ciclos, e o que causa maior sofrimento à humanidade, indica-nos que estamos a atingir uma situação de limite, e que nos aproximamos felizmente do ponto de saída (ainda que no nosso tempo-Terra esteja longe de acabar), onde se torna necessário voltar à fonte da vida. Segundo o Bhagavata Purana, esta é uma Era de degradação humana, cultural, social, ambiental e espiritual, por isso é referida como Idade das Trevas, por a maioria da humanidade se encontrar longe da espiritualidade e de Deus. A essência do Kali Yuga é a causa do afastamento entre o homem e a natureza e de toda a devastação do mundo moderno, levando à perda de contacto com a ordem cósmica, onde a mente da humanidade se fixa nos elementos mais densos e materiais da realidade. É uma Era onde dominam as guerras, os vícios, a ignorância, e que se encontra destituída de todas as virtudes. Os líderes que governam as nações são violentos, corruptos, exploradores dos seus povos, tornando-se deste modo num mundo pervertido, onde impera o caos, a fome, as doenças, a destruição, o egoísmo desmedido, o materialismo, a maldade e a falta de respeito do Homem pelo seu semelhante.
A Génesis, da Bíblia, relata-nos os primórdios da história, de uma maneira simbólica, simplista, e caricata, que aceitamos como sendo a única verdade, por não conhecermos outra mais convincente. Conta-nos sobre a Criação do Mundo, e que Deus criou os Céus e a Terra, em sete dias, e que ela era informe e vazia, etc.. Deus disse que se fizesse luz e separou-a das trevas, disse que a luz era o dia e as trevas a noite. Depois reuniu as águas num só lugar, e separou-as, a que chamou mar, e rios, debaixo dos céus, para que aparecesse a terra seca. Deus disse que a terra produzisse verdura, ervas com sementes, árvores frutíferas, para darem frutos sobre a terra, conforme as suas espécies, e que dessem sementes, para servir de alimento, etc… Deus disse que a terra produzisse seres vivos, segundo as suas espécies, animais domésticos, aves, répteis, animais ferozes, etc… Depois de ter criado tudo isso repousou no sétimo dia de trabalho realizado.
O Siddhāntapañjara aqui editado pela primeira vez, está baseado em dois manuscritos incompletos e em dois manuscritos completos. São ressaltadas e claramente evidenciadas comparações e os contrastes entre eles. O capítulo oito é na verdade uma síntese de todos os sistemas. Até mesmo no sistema Cārvāka, Ātman é aceite como não sendo nada mais que corpo físico. Uma vez que Ātman inclui tudo, este conceito não deve ser deixado fora das anteriores considerações. Assim podemos ver o que o Sarvamatasamanvaya já propunha, antes mesmo de Sri Rāmakrishna o ter provado pela sua experiência pessoal, no nosso século. O trabalho está dividido em oito capítulos e está sob a forma de perguntas e respostas entre o mestre e o discípulo. É uma exposição bastante lúcida do Advaita Vedānta. Os quatro primeiros Capítulos dizem respeito aos conceitos de samsāra e samsārin. O quinto é uma discussão sobre māyā. O sétimo está sob a forma de sarvamatasamgraha, e dá os vários princípios dos sistemas de Filosofia. Divide as filosofias (darśanas) em Advaidika e Vaidika. Os sistemas de Cārvāka, de Buddha e Jaina são avaidikas, enquanto os de Sāmkya, Yoga, Mīmāmsā, Nyāya, Vaiśesika e Vedānta são Vaidika. Segue-se um relato sucinto de tudo isto, acentuando mais e mais uma vez a suprema importância do Vedānta. São ressaltadas e claramente evidenciadas comparações e os contrastes entre eles. O capítulo oito é na verdade uma síntese de todos os sistemas. Até mesmo no sistema Cārvāka, Ātman é aceite como não sendo nada mais que corpo físico. Uma vez que Ātman inclui tudo, este conceito não deve ser deixado fora das anteriores considerações.