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Notre Dame
de Maria
em 21 Abr 2019
A última vez que estive em Paris, finais de 2017 fui, obviamente à Notre Dame meditar, como o fiz, vezes sem conta durante anos, quando me deslocava a esta cidade. Era na Notre Dame que me recolhia para recarregar forças e energias absorvendo a sua irradiação espiritual. Imponente por dentro e por fora acolhia o visitante que podia encontrar inúmeras relíquias da arte sacra mais antiga e da contemporânea que ao longo dos séculos foi preenchendo esta Catedral, que marca grande parte a história da Europa.
Para a civilização ocidental é um dos ícones do Cristianismo, no qual assenta a fé e a devoção de muitos seres que marcaram a história universal, tais como Joana D´Àrc aqui beatificada, ou a morte pelo fogo de Jaques de Molay, Mestre Templário na praça frente à Catedral. Ambos deixaram exemplos de bravura e de fé, ficando o eco das suas vidas aqui impregnadas e, embora não reconhecidos à época pelos seus feitos fizeram perpetuar no tempo e no espaço as suas heranças espirituais. Ligada a esta Igreja ficam as suas histórias e de muitos outros; heróis e místicos ou governantes que aqui se proclamaram reis ou imperadores.
Podemos dizer que o fogo purifica, mas temos dificuldade em aceitar esta necessidade. Porém, isto demonstra a impermanência que a vida transporta e vemos assim, como o fogo não se compadece com o legado material. Todavia, não apaga a memória da riqueza espiritual e humana pelas quais a Notre Dame continuará a existir.
Notre Dame, Nossa Senhora, como o nome indica, dedicada à Virgem Maria, sofreu dramático incêndio neste período de Páscoa, época marcante para os cristãos, a qual representa a morte de Cristo, mas que também evoca a sua triunfante Ressurreição e, como tal, a Catedral ressurgirá um dia, reconstruída, continuando a evocar no tempo esta história que faz parte da humanidade.
Ficou na memória de todos, as devastadoras e gigantes labaredas flutuando em espiral por entre a negrura das nuvens de fumo, face à impotência dos que combatiam esta força ígnea, numa luta titânica que implacavelmente, não se condoía com o sofrimento humano. Num descambar natural arrastou consigo uma parte da história da Notre Dame, ícone da França.
Enfim, infelizmente fica o exemplo para que se possam melhorar as condições de protecção aos patrimónios nacionais, tal como em Portugal temos, nomeadamente, o Mosteiro dos Jerónimos, de assombrosa arquitectura e bela nas suas colunas ou nos arabescos rendilhados, único no seu estilo que, representa também parte da nossa história e que merece ser preservada.
Boas reflexões em período de Ressurreição.
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